23 nov de 2016
Brasil – Agricultura – Preço do milho pode voltar à sua média histórica em 2017

Para analista, somente o câmbio poderia segurar um pouco mais os preços, mas tendência é de baixa em função do cenário para o cereal

Marina Salles

Na reta final da safra de verão 2015/2016, o preço do milho bateu recordes e chegou à casa dos R$ 50,01 a saca em Campinas, SP, de acordo com o Indicador Esalq/BM&FBovespa. A alta foi impulsionada pelas perdas na lavoura, que diminuíram a oferta do cereal no mercado interno, ao mesmo tempo em que a subida do dólar incentivou o aumento das exportações. Em 2017, no entanto, a situação promete ser outra.

“Nós estamos caminhando para esse preço vir para a média histórica dele, que está em torno de R$ 30 no sul do Brasil. Ou ficar até abaixo disso, dependendo do que vai acontecer com o câmbio”, afirma o analista de mercado Carlos Cogo. Nesta segunda-feira, 22, a saca de milho estava cotada a R$ 37,93 em Campinas, de acordo com o Cepea.

Sobre o câmbio, Cogo não se arrisca a fazer previsões. De acordo com ele, a dúvida é se haverá pressão de baixa, como no mês de outubro, ou se o dólar continuará subindo após a posse de Donald Trump, prevista para 20 de janeiro. “Independentemente disso, não há nenhuma dúvida de que o preço médio do milho no ano que vem será bem menor do que em 2016”, diz. No caso de uma eventual alta do dólar, “a contrapartida para a cotação seria uma sustentação dos preços até certo ponto”, completa.

Conjuntura para 2017 – Diferente do que aconteceu no ano passado, o clima deve ser favorável para o desenvolvimento das lavouras na safra 2016/2017. “E com clima normal devemos ter safra cheia”. No Paraná, a perspectiva do Deral é de haver incremento de 18% na área plantada com o cereal de primeira safra, sendo que no início de novembro também foi observado um adiantamento do plantio da soja para posterior cultivo da variedade safrinha. Para Cogo, estando mantido o cenário para o clima, é possível projetar um aumento de 25% a 30% na produção brasileira na safrinha.

Além da oferta interna, que promete ser maior, a redução das exportações no segundo semestre empurra a disponibilidade do cereal para cima e pressiona os preços. “Nesse sentido, há espaço para quedas porque a cotação no interior do país não está viabilizando a exportação. E exportando menos teremos um estoque maior para virar 2017”, explica o analista.

Nos Estados Unidos , a produção do cereal, que estava estimada em 15 bilhões de bushels (382,4 milhões de t) em outubro, subiu para 15,2 milhões em novembro (386,74 milhões de t), segundo o USDA. Acompanhando essa tendência, Cogo afirma que a safra mundial também aumentou, assim como os estoques mundiais do produto. “Esse ano a Argentina volta a ter uma safra grande, e deverá fazer concorrência direta com o Brasil”.

Para resolver a crise de abastecimento que afetou a cadeia de proteína animal, o Brasil também isentou de tarifa embarques estrangeiros de até 1 milhão de toneladas de milho, aumentando a disponibilidade do cereal. Segundo informou o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), de janeiro a outubro foram desembarcadas 1,913 milhão de toneladas no país. O valor é 606% maior do que o apurado nos dez primeiros meses de 2015. “Então, com a importação, que foi recorde, desde 1986, a oferta interna também aumentou”, argumenta Cogo. Juntos, os fatores explicam a queda atual e tendência futura.

Soja – Por outro lado, a soja vive um momento de valorização e está com o preço firme no mercado internacional: “A cotação está em US$ 10 por bushel e a demanda sustenta isso”, mesmo com a produção recorde norte-americana. “O mercado já absorveu a safra dos Estados Unidos, já precificou, e isso não incomoda mais”, diz.

De acordo com Cogo, no mercado nacional, a alta do dólar fez com que os produtores vendessem um pouco mais de soja antecipada para o ano que vem. “Então, sendo uma safra normal, que não tenha quebra, a rentabilidade deve ser boa em todo o Brasil, sendo possível recuperar as margens de lucro”.

Fonte: Portal DBO
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