12 jan de 2018
Brasil – Agricultura – Rally da Safra vai a campo de olho no clima

Segundo Agroconsult, reta final da safra de soja pode ter excesso de chuvas; situação climática será determinante para o resultado do ciclo

Thuany Coelho

O clima nos próximos meses deve ser fator determinante para o resultado final da safra 2017/2018 de soja. “A previsão dos mapas climáticos traz preocupação para a reta final da safra, porque indica muitas chuvas”, diz André Pessoa, sócio diretor da Agroconsult e coordenador do Rally da Safra, expedição que vai a campo a partir da próxima segunda-feira, 15, para avaliar o ciclo 2017/2018 da soja no país.

 

Um nivel alto de chuvas nessa época traz algumas preocupações, como a diminuição da luminosidade num período em que as plantas precisam de luz, o que pode afetar o peso dos grãos. Outro problema é em relação às pragas e doenças. Segundo Pessoa, o excesso das chuvas, somado ao fato de as lavouras terem sido implantadas muito concentradas, dificulta a entrada para manejo de pragas e doenças, podendo acarretar em perda de produtividade. A umidade dos grãos também pode ser um desafio, já que nem todas as propriedades têm secador e armazenagem no próprio local, gerando perda de renda no final. “Além disso, soja úmida pronta no campo começa a perder peso se não é colhida”, afirma Pessoa.

 

Até o momento, porém, o desenvolvimento das lavouras é bom em grande parte das regiões. Alguns Estados podem superar a produtividade da safra passada, com leve queda em outros. “Até agora, temos uma safra muito boa. O que vai acontecer até março é que definirá o nível de produção”.

 

A Agroconsult estima que a safra 2017/2018 de soja alcance 114,1 milhões de toneladas, 0,4% abaixo da anterior, que foi de 114,6 milhões de toneladas. A área plantada com a oleaginosa deve crescer 3,2%, para 35 milhões de hectares, enquanto a produtividade deve ficar em 54 sacas/hectare, abaixo das 56 sc/ha da temporada passada, mas acima da linha de tendência – que seria de 52 a 53 sc/ha. “Se tivermos boas condições climáticas daqui para a frente, a tendência é de termos a segunda melhor produtividade da história, atrás apenas do ciclo passado”, diz o coordenador do Rally. Apesar de o plantio ter começado mais tarde do que em 2016/2017 – mas ainda no período normal para o grão – por causa do clima, os produtores esperaram as melhores condições para plantar, não plantaram no pó, então as lavouras se desenvolveram de forma satisfatória, segundo a consultoria, por isso as boas estimativas para a safra.

 

Demanda e comercialização – A demanda global por soja continuará crescendo em 2018, puxada, principalmente, pelos países asiáticos. Com isso, o segundo semestre do ano deve ter preços melhores do que os praticados agora, inclusive acima de US$ 10/bushel. A comercialização antecipada da safra está fraca por enquanto, bem atrás de temporadas anteriores, segundo a consultoria, com produtores esperando um momento melhor para vender sua produção. Para Pessoa, a rentabilidade pode cair neste ciclo, com o câmbio tendo papel importante nesse aspecto. “Em relação à safra 2016/2017, os custos de produção foram menores, mas a produtividade e os preços internacionais também devem ser. Isso coloca o câmbio como fator decisivo na rentabilidade”. A consultoria espera uma volatilidade do câmbio, o que representa “risco e oportunidade”, de acordo com o coordenador do Rally da Safra.

 

Milho – O Rally da Safra também vai acompanhar as lavouras de milho segunda safra a partir de maio. As projeções atuais indicam um aumento de área na safrinha, de 12 para 12,3 milhões de hectares e uma redução no plantio de verão – de 5,5 para 4,7 milhões de hectares, reflexo da diminuição da rentabilidade do produtor. Com a queda da produtividade para 89 sacas por hectare (caso siga a linha de tendência), a produção do cereal deve recuar 7% na safra, passando de 98,7 milhões de toneladas em 2016/2017 para 91,6 milhões de toneladas em 2017/2018.

 

Essa redução de área no plantio de verão do milho deve ser convertida em espaço de soja, segundo a consultoria, diferente da temporada passada, em que o ganho de área da oleaginosa foi resultado da conversão de pastagens e avanço para novos territórios. “Essa mudança pode impactar na produtividade da soja, porque esses solos que eram cultivadas com milho podem produzir mais soja do que as antigas pastagens ou áreas ‘virgens’”, explica Pessoa.

No geral, a Agroconsult estima uma safra de grãos de 231 milhões de toneladas ante os 241 milhões de toneladas do ciclo anterior com um aumento de área de 0,6 milhões de hectares – de 61 para 61,6 milhões de hectares. A redução das produtividades e a conversão de áreas de milho para soja ajudam a explicar em parte essa queda, já que um hectare com milho resulta em mais toneladas do que um hectare com soja.

 

Rally da Safra 2018 – Este ano, o Rally da Safra passará pelos 12 principais Estados produtores de grãos do país – Mato Grosso, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia, Maranhão, Piauí e Tocantins -, além do Distrito Federal. As 12 equipes devem percorrer cerca de 95 mil quilômetros entre janeiro e junho, com saída no dia 15 de janeiro em Sinop, MT. Até março, nove equipes avaliarão as lavouras de soja. Depois, entre maio e junho, três times verificarão a situação do milho safrinha.

 

Além disso, a expedição realizará dez encontros regionais para debater as condições da safra de grãos brasileira e cafés da manhã com grupos de até dez produtores. As avaliações das cerca de 1.500 lavouras envolverão análises de população de plantas, peso médio do grão, pragas, doenças, uso de transgênicos, cobertura do solo, entre outros fatores.

Fonte: Portal DBO
Oferecimento:
77 9 9926-6484 / 77 9 9979-1856