24 jan de 2018
Brasil – Agricultura – Rentabilidade da soja preocupa em Mato Grosso

Segundo presidente da Aprosoja, produtores enfrentarão dificuldades caso valores do bushel e do dólar não reajam; colheita está atrasada

 

A rentabilidade do produtor de soja na safra 2017/2018 em Mato Grosso preocupa, afirma o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Antônio Galvan. “A tendência é de termos uma boa safra, se o clima ajudar, mas se os valores do bushel e do dólar continuarem nos atuais patamares, o produtor vai ter queda na rentabilidade”, afirma. Além dos preços da oleaginosa e do câmbio, as altas dos combustíveis também acende o sinal de alerta, já que afeta os custos com maquinário e valores do frete.

 

E, segundo ele, apesar da safra 2016/2017 ter sido recorde, os preços mais baixos da soja achataram a diferença entre receita e custos, então o produtor já vem de um ano não tão favorável. “Se não melhorar os valores, vamos ter redução de área e muitos arrendatários não terão como se manter mais na atividade”. De acordo com o último boletim do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o bushel está cotado a US$ 9,72 no contrato de março/18 na Bolsa de Chicago – no mesmo período de 2017, o valor era de US$ 10,66. Já o Indicador Imea para o Estado fechou a semana em R$ 56,57, abaixo dos R$ 62,12 do ano passado. Até o momento, conforme o Imea, 42,4% da safra 2017/2018 de soja foi comercializada.

 

Colheita – Segundo o Imea, a colheita da safra 2017/2018 atingiu 3,3% do total da área prevista em Mato Grosso, atraso de 8,2 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2017. A diferença ocorre graças ao alto volume de chuvas em boa parte do Estado este mês. Porém, de acordo com o boletim do instituto, o avanço da colheita deve ser favorecido nas próximas semanas pela redução das precipitações.

 

Para fevereiro, quando os trabalhos se intensificam, a previsão climática é animadora, aponta o Imea. “Os índices pluviométricos indicam uma significativa redução nas regiões centro-sul, médio-norte, noroeste, norte e, principalmente, na região oeste quando comparado ao ano anterior. Do outro lado, espera-se que a região sudeste possa apresentar um leve aumento pluviométrico frente ao volume acumulado em janeiro”, informa o boletim.

 

Em relação ao tamanho da produção, Galvan não acredita que seja possível repetir o ano passado. “Em 2017, em termos de clima, tudo de bom aconteceu”. Além disso, de acordo com ele, com o atraso no plantio por causa da falta de chuvas no final de 2017, vários produtores desistiram de plantar soja ou tiveram lavouras que não ficaram tão boas e decidiram eliminá-las e foram direto para o plantio de algodão em meados de dezembro, reduzindo a área esperada para a oleaginosa no Estado. Até o momento, o Imea estima a produção de soja em 30,6 milhões de toneladas, queda de 2,14% ante a safra 2016/2017, em uma área de 9,42 milhões de hectares, 0,17% acima da temporada anterior.

 

Armazenagem e estradas – Desde o começo do mês, algumas estradas estaduais, como a MT-388 e a MT-322, e municipais do Estado que ainda não são pavimentadas têm preocupado produtores. “Isso coloca em risco o escoamento da safra”, diz Galvan. Como não há capacidade suficiente de armazenagem nas próprias fazendas, o produtor precisa enviar o grão para os armazéns – que depois serão destinados à exportação ou mercado interno – usando justamente essas estradas “menores”. “Já temos déficit de armazenagem no Estado, então a forma de fazer isso funcionar é pela retirada rápida. Nesses locais de estradas muito ruins, de terra, podemos ter gargalos para remover a produção”.

 

Já sobre a BR-163, Galvan acredita que o problema do início de 2017 não deve se repetir. “O Dnit [Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes] tem colocado equipes por lá e o trecho já está com a base do asfalto pronta. Dificilmente vai ter atoleiros como no ano passado”. Apesar disso, ainda há a preocupação de que, por medida preventiva, o trânsito pare em caso de chuvas fortes até que haja condições de prosseguir e isso atrase a programação. “Se ficar 3,4 dias parado, já começa a acumular muito caminhão”. Até o dia 26, o trecho da rodovia que passa por Santa Elvira estará interditado para reparo de desentupimento de dreno.

 

Em relação aos armazéns, o presidente da Aprosoja-MT não acredita em grandes problemas por falta de capacidade, apesar de ainda existir milho em estoque e o crescimento da armazenagem não acompanhar o da produção de grãos. “A questão de ter o armazém próprio é vontade da maioria dos produtores, mas esbarra muito na questão de financiamento, por conta de garantias reais, burocracia, e também na parte ambiental”, diz Galvan sobre os entraves na expansão da armazenagem nas propriedades.

 

Fonte: Portal DBO
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