01 out de 2019
Brasil – Agricultura – SC estima safra com área menor e mais produtividade

Na semana que passou o Centro de Sócio Economia Agrícola da Epagri – CEPA reuniu e imprensa e as entidades do setor agropecuário para apresentar os números da previsão de safra 2019/2020, em levantamento realizado pelo órgão no mês de agosto, período habitualmente utilizado para dar uma ideia de como será a produção agrícola na colheita do ano seguinte.

 

Embora em período um tanto cedo, em função do atraso do plantio deste ano devido à estiagem, as informações servem para dar um norte do comportamento da produção, muito mais baseado na área plantada, do que no resultado da produção e produtividade, pois durante o período de desenvolvimento das plantas pode haver reveses, especialmente devido ao comportamento climático.

 

O que foi mostrado é que com exceção da soja, que continua sendo o produto de maior interesse dos produtores de grãos, pois a sua liquidez no mercado é dinheiro vivo; as demais culturas sofreram redução em área plantada. Quase todas tiveram diminuição de área, mas ampliaram a produtividade.

 

A soja é o produto que em volume é o mais representativo em SC, com estimativa de colheita de aproximadamente 2,4 milhões de toneladas. O milho, embora sendo o principal grão de interesse do setor de produção de proteína em SC, continua sendo a preocupação do agronegócio. A cada ano se tem uma história para justificar a queda de produção de milho em nosso Estado. Quando não é devido ao preço no mercado na safra anterior, que desestimula o produtor que compara com outras culturas, ou é o tempo que atrapalha nos resultados e em produtividade. E nós continuamos dependentes cada vez mais de importação do grão para suprir as necessidades de ração para os suínos, aves e gado leiteiro e de corte.

 

Nesse levantamento da Epagri, ficou claro que o milho mais uma vez perdeu áreas para a soja e até para o feijão. Os números apresentados mostram uma redução de área 1.12%, com predominância do plantio na primeira safra com 326 mil hectares do total de 343.422 hectares da área destinada para grãos. O curioso é que o milho caiu em área e em produtividade, ao contrário das demais culturas, apesar dos permanentes programas do Governo do Estado de ampliar a tecnologia para melhorar a produtividade, em função da escassez de área cultiváveis no Estado, ainda assim está havendo redução de área e produtividade justo no produto que mais precisamos em SC.

 

Os técnicos do CEPA dizem que essa queda se deve ao comportamento climático. Em análises de anos anteriores, se atribuiu a redução de área de milho grãos, pelo avanço da área de milho silagem, devido à ampliação da bacia leiteira no Estado. Nessa análise desse ano já não é possível utilizar essa justificativa, pois segundo a Epagri, após vários anos de aumento de área, a atual safra apresenta indicativo de estabilização para silagem, inclusive com uma pequena redução de 0,16% em relação à safra anterior, ficando em 217.699 hectares. Não dá pra dizer que isso é negativo para o setor, já que milho silagem também agrega valor no leite, a exemplo do que ocorre com milho grão que agrega valor nas carnes.

 

O preocupante que precisa ser encontrada saída é a redução da produtividade. Inevitavelmente terá que ser procurado alternativas para suprir essa deficiência que repercute na oferta do produto em SC. A adição de grãos de inverno para fabricação de ração, continua sendo uma preocupação do Governo do Estado, e está se tentando estimular a ampliação das culturas de trigo, triticale e cevada para produção de ração, mas parece existir pouco interesse dos produtores para essa proposta.

 

Cabe as entidades do setor e aos consumidores desses produtos participarem mais ativamente nessa intenção, embora se tenha consciência que sem garantia de preços ninguém se estimula a plantar. Mas em água mole em pedra dura, tanto bate até que fura. Toda a cadeia de consumo de ração precisa se envolver para estimular essa alternativa para não onerar cada vez mais a produção final das carnes tendo que importar ou trazer milho de outras regiões com custos extraordinários de logísticas, e ficando em desvantagens com outros produtores e consumidores que conseguem a disponibilidade maior do insumo com menos frete. Pense nisso.

 

Por Ivan Ramos – Fecoagro

 

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