09 jan de 2017
Brasil – Agricultura – Seleção de linhagens trangênicas intacta-BtRR2 para registro e indicação para o Sul de Minas Gerais

Objetivou-se selecionar linhagens de soja transgênica Intacta – BtRR2, recém desenvolvidas pelo Programa de Melhoramento Genético de Soja para Minas Gerais, para recomendação aos produtores do Sul de Minas Gerais.

Autores: GRIS, C.F.1; RODRIGUES, G.F.1; FREIRIA, J.V.P.1; ARANTES, N.E.2; FREIRIA, W.C.1.

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Trabalho publicado nos Anais do evento e divulgado com a autorização dos autores.

Introdução

 

 

 

 

 

Os programas de melhoramento genético de soja desenvolvem a cada ano novas cultivares, buscando obter ganhos quantitativos e qualitativos para antecipar o seu uso pelos produtores. Uma etapa anterior à indicação de uma cultivar para os agricultores é a avaliação dos genótipos em vários ambientes representativos do local de recomendação do material selecionado (MAIA et al., 2014).. Na etapa final do programa de melhoramento, as empresas obtentoras de cultivares conduzem ensaios em pelo menos um local por região edafoclimática, durante geralmente dois anos, para fins de determinação do Valor de Cultivo e Uso (VCU), onde devem ser incluídas cultivares comerciais já registradas e protegidas e, as linhagens que o obtentor considera que possuem potencialidades para comercialização futura.

 

Esses ensaios fazem parte da avaliação final que antecede a indicação de uma cultivar e, devido a isso, devem ser instalados em um grande número de ambientes, com diversas condições ambientais. Nessas condições, é esperada acentuada interação GxA, especialmente quanto ao caráter produtividade de grãos conforme Ramalho et al. (2012). No entanto, a região Sul de Minas Gerais (Macrorregião Sojícola 3 – Sudeste, Região Edafoclimática 303), na ausência de ensaios direcionados para a mesma, se baseia em resultados obtidos na região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, o que não favorece a manifestação do potencial produtivo de cada linhagem. Assim, objetivou-se selecionar linhagens de soja transgênica Intacta – BtRR2, recém desenvolvidas pelo Programa de Melhoramento Genético de Soja para Minas Gerais, para recomendação aos produtores do Sul de Minas Gerais.

 

Material e Métodos

 

O ensaio foi conduzido no campo experimental do IFSULDEMINAS Campus Muzambinho, município de Muzambinho, MG, safra agrícola 2014/15. Muzambinho está situado a 21º20`de latitude Sul, 46º32`de longitude Oeste e altitude de 1033 m, na região Sul de Minas Gerais, de acordo com a classificação de Koppen, clima tipo Cwa (OMETO, 1981). Avaliou-se 29 genótipos transgênicos, dentre estes, linhagens transgênicas Intacta BtRR2-IPRO e algumas cultivares padrão, todos selecionados pelo Programa de Melhoramento Genético de Soja para o estado de Minas Gerais. A semeadura foi realizada em 15/11/2015, utilizando DBC com 4 repetições e parcelas de 4 linhas de 5,0 m, espaçadas de 0,50 m. A área útil (4,0 m2) composta pelas 2 linhas centrais, descartando-se 0,50 m de cada extremidade.

 

A adubação de semeadura foi realizada de acordo com análise de solo. Por ocasião do plantio, as sementes foram inoculadas com produto comercial líquido (mínimo de 1.200.000 células por semente). Os tratos culturais foram realizados de acordo com as necessidades da cultura. Avaliou-se altura de plantas na floração e maturação, altura de inserção de primeiro legume, número de legumes por planta e grãos por legume, número de internódios na maturação, peso de 100 sementes, índice de acamamento e produtividade de grãos. A análise estatística foi realizada com o software estatístico Sisvar® (FERREIRA, 2011), sendo as médias das cultivares comparadas pelo teste Scott-Knott, a 5% de probabilidade.

 

Resultados e Discussão

 

Nota-se diferenças significativas entre os genótipos para todas as características avaliadas, com exceção de altura do 1° legume. Observa-se maior distinção entre os genótipos para produtividade e peso de 100 sementes, tendo os demais parâmetros se diferenciado em apenas 2 grandes grupos. Estes resultados evidenciam que apesar destes genótipos já serem considerados promissores, há variabilidade genética suficiente para seleção de genótipos superiores, mais adaptados à região Sul de Minas Gerais. Com relação à produtividade de grãos, os genótipos mostraram-se altamente produtivos, com médias superiores à média nacional (3.011 kg ha-1) e da região sudeste (2.7757 kg ha-1), safra 2014/15 (CONAB, 2015), sendo a cultivar NS7209-IPRO (5.750 kg ha-1) e a linhagem BRi12-25929 (5.575 kg ha-1) as mais produtivas, as quais também apresentaram maior peso de 100 sementes (22,93 e 22,26 g, respectivamente).

Tabela 1. Resultados médios de caracteres agronômicos de linhagens e cultivares de soja transgênicas. Muzambinho, MG, safra 2014/15.1

Estes resultados demonstram correlação positiva entre o componente peso de grãos e produtividade. Por outro lado, as menores produtividades foram obtidas pelas cultivares M7639RR (3.675 kg ha-1), ANTA 82RR (3.925 kg ha-1) e AS7307RR (4.025 kg ha-1), com respectivos menores pesos de 100 sementes (14,76; 15,70 e 16,16 g). Para o componente de produção n° de legumes por planta, as cultivares AS7307RR (51,16), NA7337RR (59,75), M7639RR (62,67) e as linhagens BRB11-02013 (58,58) e BRi12-20551 (73,25) se mostraram superiores e estatisticamente diferentes das demais. Segundo Egli (2013), dentre os componentes de rendimento de uma cultivar, o n° de legumes assume papel de destaque pela alta correlação com a produtividade de grãos. Para altura de plantas observa-se valores de 37,50 (BMX Potência RR) a 71,75 cm (BRi12-20548) no florescimento, e 67,75 (M6972iPRO) e 113,50 cm (M7639 RR) na fase de maturação. Esta característica é determinante para escolha de cultivares por região, uma vez que se relaciona com o rendimento de grãos, controle de plantas daninhas e perdas durante a colheita mecanizada (NEVES et al., 2013). Guimarães et al. (2008) apontam altura de plantas desejável na maturação de 60 a 120 cm, no entanto, ressalta-se que plantas altas e produtivas são mais propensas ao acamamento. Para essa característica, as linhagens BRBMG12-0007 (3,25), BRB11-01754SP (3,50) e BRi12-20548 (4,75) atingiram índices elevados de acamamento, comprometendo a colheita mecanizada. Para altura do 1° legume observa-se valores de 11,05 cm (Anta 82 RR) a 19,00 cm (BRi12-25929), sem diferenças estatísticas, todos acima de 10 cm, compatíveis com colheita mecanizada (CARVALHO et al., 2010).

 

Conclusão

 

A maioria dos genótipos avaliados se mostraram promissores para utilização na região Sul de Minas Gerais, com destaque para 7209-IPRO e BRi12-25929, com desempenho médio 47% superior à produtividade média nacional. As linhagens BRBMG12-0007, BRB11-01754SP e BRi12-20548 atingiram índices elevados de acamamento, o que compromete a colheita mecanizada.

 

Referências

 

BRASIL. Instrução Normativa nº 25, de 23 de m aio de 2006. Anexo I. Requisitos mínimos para determinação do valor de cultivo e uso de feijão (Phaseolus vulgaris) para a inscrição no registro nacional de cultivares – RNC. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília. Disponível em: <http://extranet.agricultura.gov.br/sislegisconsulta/servlet/VisualizarAnexo?id=1 1376>. Acesso em: 24 ago. 2015.

 

CARGNELUTTI FILHO, A.; STORCK, L. Estatísticas de avaliação da precisão experimental em ensaios de cultivares de milho. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.42, p.17-24, 2007.

 

CARVALHO, E.R. et al. Performance of soybean [Glycine max (L.) Merrill] cultivars in the summer cropping in the south of Minas Gerais. Ciência e Agrotecnologia, v.34, n.4, p.892–899, 2010.

 

CONAB. 11° Levantamento da safra 2014/15 – Agosto de 2015. Disponível em: <http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/15_08_18_10_30_18_boletim_graos_agosto_2015.pdf>. Acesso em: 26 ago. 2015.

 

EGLI, D.B. The Relationship between the Number of Nodes and Pods in Soybean Communities. Crop Science, v.53, n.4, p.1668, 2013.

 

GUIMARÃES, F. de S. et al. Cultivares de soja [Glycine max (L.) Merrill] para cultivo de verão na região de Lavras-MG. Ciência e Agrot., v.32, n.4, p.1099-1106, 2008.

 

MENEZES, N.L. de et al. Caracterização de vagens e sementes de soja. Ciência Rural, Santa Maria, v.3, n.27, p.27-28, ago. 1997.

 

NEVES, J. et al. Agronomic performance of soybean genotypes in low latitude in Teresina-PI, Brazil. Journal ofAgricultural Science, v.5, n.3, p.p243, 2013.

 

OMETO, J.C. Bioclimatologia vegetal. São Paulo: Agronômica Ceres, 1981. 525p.

 

RAMALHO, M.A.P. et al. Aplicações da genética quantitativa no melhoramento de plantas autógamas. Lavras: UFLA, 2012. 522 p.

RESENDE, M.D.V.; DUARTE, J.B. Pre

cisão e controle de qualidade em experimentos de avaliação de cultivares. Pesquisa Agropecuária Tropical, Goiânia, v.37, n.3, p.182-194, 2007.

 

Informações dos autores:

1IFSULDEMINAS, Rod. de Muzambinho, Km 35, Morro Preto, CEP 37890-000, Muzambinho – MG;

2 Fundação Triângulo, Uberaba, MG.

Disponível em: Resumos Expandidos da XXXV Reunião de Pesquisa de Soja. Londrina, 05 e 06 de julho de

2016.

 

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