Assim que terminou a palestra, os irmãos Ademar e Gelson Bedin foram até o pesquisador do Iapar Ademir Calegari a fim de saber mais sobre assunto que ele acabara de apresentar: coberturas e bioativação de solos e plantas em Sistema Plantio Direto. Donos de uma área de 1.300 hectares em Cristalina, GO, onde cultivam soja, milho, feijão, sorgo, entre outros, os Bedin tinham um perfil bastante comum entre boa parte dos produtores da região de Cerrados, com áreas em Plantio Direto com produtividades dentro da média brasileira nas principais culturas de grãos.
“Após um bom diagnostico, foi observado que havia vários desafios: problemas de doenças radiculares, como Fusarium sp., rhizoctonia, macrophomina, mofo branco (Sclerotinia sclerotiorum), etc. Eles tinham problemas com varias espécies de nematoides: Meloidogyne incognita, M. javanica e Pratylenchus brachiurus. Havia ainda alguns talhões com compactação e alumínio em profundidade”, lista o próprio Calegari.
Isso foi em 2012. De lá para cá, muita coisa mudou. Sob a orientação do próprio pesquisador, que esteve na propriedade, foi desenvolvida um planejamento de sistemas de rotação de culturas. O ponto de partida foi uma boa correção de solo com calcário e uso de gesso agrícola, visando melhorar o perfil e facilitando o crescimento de raízes em profundidade. A estratégia de rotação começou com foco na correção da compactação. E, em 50 hectares, foram semeadas plantas de cobertura (individuais), e também com a bioativação de solos e plantas.
Já no ano seguinte, a orientação foi o uso de mais biodiversidade e recomendação de mistura/coquetel de plantas de cobertura. Assim, em torno de 1/3 ou 1/4 da área são usados com essas plantas que vão rotacionando as áreas da fazenda. O mix escolhido foi: trigo mourisco, crotalaria spectabilis, crotalaria ochroleuca, crambe, girassol, aveia e nabo forrageiro.
De acordo com Calegari, os resultados com o uso de coberturas, rotação, produtos biológicos e a bioativação de solos e plantas, além de melhorar o solo, proteger e manter mais umidade e aumento dos organismos do solo, como minhocas, fungos benéficos, tais como micorrizas, e outros, têm servido para aumentar a produtividade das culturas de soja, milho e feijão nas áreas de sequeiro e nos dois pivôs que os irmãos também possuem.
“De forma extraordinária, estão diminuindo os custos de produção e aumentando a rentabilidade liquida de uma forma sustentável; ou seja, produzindo mais com menos insumos. Assim, dando condições para que a Mãe Natureza possa contribuir mais e mais”, celebra o pesquisador.
Ainda segundo ele, o principal aprendizado deste exemplo de sucesso é que fica perceptível que, após um diagnostico de qualidade dos atributos físicos, químicos e biológicos do solo, e ações que harmonizem os diferentes componentes (ferramentas) no manejo dinâmico e equilibrado do solo, é plenamente possível aumentar os níveis de produtividade de uma forma inteligente e, em harmonia com a Mãe Natureza.
Fonte: FEBRAPDP, Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação