10 ago de 2017
Brasil – Agricultura – Soja: Planos de controle para a Ferrugem asiática

O objetivo deste trabalho foi avaliar o controle da ferrugem asiática da soja e a produtividade da cultura após a aplicações de diferentes tratamentos fungicidas.

Autores: ALVARENGA, W.B.1; BISNETA, M.V.2; RAIMONDI, R.R.2; MENDES, R.R.2

Trabalho publicado nos Anais do evento e divulgado com a autorização dos autores.

Introdução

Diante da grande expressão consolidada da sojicultura brasileira, hoje o País é o maior produtor de soja do mundo. A área plantada da oleaginosa aproximou-se dos 33,711 milhões de hectares, com produção de 110,161 milhões de toneladas (CONAB, 2017).

 

Neste contexto, existem fatores que podem  prejudicar o alcance de maiores produtividades, um deles é a ferrugem asiática da soja (Phakopsora pachyrhizi)A doença pode provocar perdas de até 70% da produtividade. Os primeiros sintomas são pontos minúsculos, mais escuros que o tecido foliar, de cor castanha a marrom escura, próxima à nervura das folhas (YORINORI et al., 2004). Consequentemente, após a colonização do patógeno nas folhas, pode ocorrer intensa desfolha e, posteriormente, redução na produção de vargens e grãos (HIRANO et al., 2010).

 

Outro importante contexto é a perda de eficácia no controle devido à resistência da ferrugem a algumas moléculas fungicidas comercializadas no mercado. Visto que o controle químico é o método amplamente empregado nos sistemas de produção, misturas de diferentes mecanismos de ação e utilização de fungicidas protetores vêm sendo importantes ferramentas para o manejo desta doença.

Contudo, o objetivo deste trabalho foi avaliar o controle da ferrugem asiática da soja e a produtividade da cultura após a aplicações de diferentes tratamentos fungicidas.

 

Material e Métodos

 

O experimento foi conduzido na safra de 2015/2016, na Fazenda Capão da Onça (UEPG), localizada na cidade de Ponta Grossa (PR). O solo da área é de textura média com 65,4 % de Areia Total e 34 % de Argila e 0,6 % de Silte. A semeadura da soja foi realizada no dia 07/12/2015, com espaçamento de 0,45 cm entrelinhas, utilizando a variedade NS 6209, sendo colocado 11,5 sementes por metro linear, totalizando uma população de 255.555 mil sementes por hectare, após a emergência da cultura.

 

O delineamento experimental utilizado foi de blocos inteiramente casualizados, com quatro repetições. Cada parcela foi composta por sete linhas de semeadura de seis metros, totalizando 18 m2. Os tratamentos foram compostos por quatro aplicações de fungicidas, sendo que a primeira aplicação foi realizada quando a soja atingiu o estádio V5, a segunda aplicação no estádio R1, terceira aplicação após 21 dias da segunda aplicação e a quarta aplicação após 35 dias da segunda aplicação. A descrição dos fungicidas e doses utilizadas estão dispostas na Tabela 1.

 

Tabela 1. Tratamentos e doses utilizadas no experimento para o controle de ferrugem asiática da soja. Ponta Grossa (PR), 2016.

Para a aplicação dos tratamentos foi utilizado um pulverizador costal de pressão constante à base de CO2, equipado com barra com seis pontas tipo jato plano duplo TTJ60 110.02 espaçadas entre si de 0,50 m (faixa de aplicação de 3,0 m), sob pressão de 24 lb pol-2.

Estas condições de aplicação proporcionaram o equivalente a 150L ha-1 de calda. No momento das aplicações a umidade relativa do ar se encontrava acima de 60%, temperatura abaixo de 28 ºC e com a ausência de rajadas de ventos.

 

Foram avaliadas a severidade da doença (0-100%) aos 7 e 14 dias após a terceira aplicação (DA3a) e aos 7 dias após a quarta aplicação (DA4a). O índice de desfolha, de 0-100%, de acordo com HIRANO et al., (2010), também foi mensurada aos 7 DA4a, bem como a produtividade da cultura ao final do experimento.

 

Para a avaliação das variáveis, foram consideradas apenas três linhas centrais e desconsidera 0,5 m de cada extremidade das parcelas, totalizando 6,75 m2 de área útil. Para os dados de produtividade, o volume foi pesado e determinou-se a umidade do mesmo, sendo ajustado a 13% para cálculo de rendimento de grão em sc ha-1.

 

Os dados foram submetidos à análise de variância e posterior comparação entre médias pelo teste T-Student, a 5% de probabilidade. O pacote estatístico utilizado foi o SISVAR.

 

Resultados e Discussão

 

Todas as avaliações foram significativas para o teste F (alfa=0,05). Nos dados de severidade da doença, os melhores tratamentos foram o 4 e 6. Resultando em baixa severidade aos 7 DA3a, 31,2% e 35,0%, respectivamente, enquanto a testemunha sem fungicida apresentava  severidade na ordem de 83,7%. Aos 7 DA4a, os resultados permaneceram parecidos, em que existia menor severidade da doença para os tratamentos 4 e 6, enquanto a testemunha sem fungicida já estava totalmente colonizada pela doença (Figura 1).

Figura 1. Severidade da doença aos 7 DA3a (superior à esquerda) e aos 7 DA4a (superior à direita), índice de desfolha no momento da colheita (inferior à esquerda) e produtividade (inferior à direita) da cultura da soja após a aplicação dos tratamentos para o controle da ferrugem asiática da soja. Ponta Grossa (PR), 2016

Diferenças entre todos os tratamentos foram encontradas para a variável de índice de desfolha na pré-colheita (Figura 1). A ordem da menor para a maior desfolha foi com os tratamentos: 6<4<2<5<1, 3 ou 7. Para esta variável, portanto, considera-se a menor desfolha como fator positivo, visto que a retenção foliar pode resultar em período mais extenso para o enchimento de grãos e por fim, no aumento de produtividade.

 

A descrição anterior se confirma nos dados de produtividade da cultura. A ordem de maior para a menor produtividade é dos tratamentos: 6>4>5>3>2>7>1. Contudo, com base na produtividade da cultura, o tratamento com a aplicação de Rivax, seguida de duas aplicações de S-2399T e uma última aplicação de Rivax+Monaris representa a melhor estratégia de manejo da ferrugem asiática da soja, nas condições em que este experimento foi conduzido, obtendo produtividade na ordem de 45,7 sc ha-1 contra apenas 13,2 sc ha-1 da testemunha sem fungicidas.

 

Para o manejo de ferrugem, é de suma importância a utilização de pelo menos mais dois modos de ação distintos para que haja eficácia de controle (GODOY et al., 2016). Os tratamentos 6 e 2 são os únicos que combinam pelo menos cinco grupos químicos de fungicidas. O tratamento 6 contém tebuconazol+carbendazin ( R i v a x ) , c a r b o x a m i d a + t e b u c o n a z o l (S-2399T) e azoxistrobina+ciproconazol (Monaris), enquanto o tratamento 2 combina propiconazol+difenoconazol (Scor Flexi), azoxistrobin+benzovindiflupir (Elatus) e ciproconazol+azoxistrobina (Priori Xtra).

 

Conclusão

 

Com base na produtividade da cultura da soja, o sistema de manejo químico mais eficiente para o controle da ferrugem asiática é com a aplicação de Rivax (1,0 L ha-1) em V5, S-2399T (0,5 L ha-1) em R1, seguida novamente de uma aplicação de S-2399T (0,5 L ha-1) aos 21 dias após a segunda aplicação e, por último, com a aplicação de Monaris (0,3 L ha-1) 35 dias após a segunda aplicação.

Referências

 

CONAB. Acompanhamento da safra brasileira: grãos, safra 2016/2017, sétimo levantamento, abril 2017. 157p. Disponível em: <http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/ arquivos/17_04_17_17_20_55_boletim_graos_ abr_2017.pdf> Acesso em: 24 abr. 2017.

GODOY, C. V.; UTIAMADA, C. M.; MEYER, C.; CAMPOS, H. D.; FORCELINI, C. A.; PIMENTA, C. B.; BORGES, E. P.; ANDRADE JUNIOR, E. R. de; SIQUERI, F. V.; JULIATTI, C.; FAVERO, F.; FEKSA, H. R.; GRIGOLLI, F. J.; NUNES JUNIOR, J.; CARNEIRO, L. C.; SILVA, L. H. C. P. da; SATO, L. N.; CANTERI, G.; VOLF, M. R.; DEBORTOLI, M. P.; GOUSSAIN, M.; MARTINS, M. C.; BALARDIN, S.; FURLAN, S. H.; MADALOSSO, T.; CARLIN, V. J.; VENANCIO, W. S. Eficiência de fungicidas para o controle da ferrugem- -asiática da soja, Phakopsora pachyrhizi, na safra 2015/16: resultados sumarizados dos ensaios cooperativos. Londrina: Embrapa Soja, 2016. 6 p. (Embrapa Soja. Circular Técnica, 119).

HIRANO, M.; HIKISHIMA, M.; SILVA, A.J. da; XAVIER, S.A.; CANTERI, M.G. Validação de escala diagramática para estimativa de desfolha provocada pela ferrugem asiática em soja. Summa Phytopathologica, v. 36, n. 3, p. 248- 250, 2010.

YORINORI, J. T.; NUNES JUNIOR, J.; LAZZAROTTO, J. J. Ferrugem “asiática” da soja no Brasil: evolução, importância econômica e controle. Londrina: Embrapa Soja, 36 p. (Embrapa Soja. Documentos, 247).

Informações dos autores:

1Nufarm Indústria Química e Farmacêutica S/A;

2Universidade Estadual de Maringá.

Disponível em: Anais da XXXVI Reunião de Pesquisa de Soja. LONDRINA – SC, Brasil.

 

 

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