01 set de 2018
Brasil – Agronegócio é o setor mais sensível ao frete
Leite, aves, suínos e alguns hortifrutícolas foram os mais prejudicados até agora

Desde o período da paralisação dos caminhoneiros, no final de maio deste ano, o agronegócio vem sofrendo diversos impactos. Pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP apontam que esse setor é considerado o mais vulnerável quando se trata do tabelamento de fretes na economia brasileira. Isso ocorre porque 42,3% de todos os serviços de transporte no país, com base em 2010, foram utilizados pelos produtos do agronegócio. Os mais perecíveis, ou que necessitavam de insumos a curto-prazo, como o leite, aves, suínos e alguns hortifrutícolas, de acordo com o estudo, foram os mais prejudicados devido às perdas da produção que não puderam ser escoada ou estocada.

 

Efeitos na economia

Além de atrasos nas entregas de produtos, o pesquisador do Cepea, Leandro Gilio, explica que a Política de Preços Mínimos de Transporte Rodoviário de Carga, instituída pelo governo como resposta à pressão da crise, trouxe reflexos nos preços e negociações de insumos para a safra agrícola 2018/19. “Essa medida deve também impactar na economia como um todo, devido à grande dependência do Brasil do transporte rodoviário, culminando fatalmente em diminuição de margens de produção e elevação de preços ao consumidor final. A redução de margens dos produtores rurais pode também desestimular investimentos e impactar na produção e produtividade de futuras safras”, explica Gilio.

 

Impacto na população 

O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor), que avalia o custo de vida de famílias que possuem renda entre 1 e 40 salários mínimos, com base em nove regiões metropolitanas do país, registrou em junho de 2018 a maior variação mensal registrada desde 2012, de 1,35% para o índice geral e de 2,43% para o índice dos alimentos. “Essa variação mostra que os prováveis aumentos dos preços dos produtos do agronegócio vão refletir no bem-estar da população, sobretudo a parcela mais pobre e vulnerável. O consumidor brasileiro e o produtor arcarão com a elevação do custo de transporte”, alerta a pesquisadora do Cepea, Nicole Rennó de Castro.

 

Além do agronegócio, também são vulneráveis ao Tabelamento dos Fretes: a indústria extrativa, a produção de aço e a indústria de automóveis. Para Gilio as elevações podem impactar praticamente todos os setores produtivos da economia.

Assim, o mercado se divide entre ajustes à nova realidade e em espera de melhores definições e efetivação das tabelas para, depois disso, adotar as medidas necessárias. “Já se comenta entre produtores a avaliação de uso de transporte próprio, por exemplo, o que é uma solução ineficiente em termos de esforço de investimento. Mas, dentro do setor, não há muito o que fazer. Os agentes envolvidos nos diversos mercados e elos das cadeias deverão negociar sobre como, ou quem, irá arcar com o ônus. As particularidades de cada mercado definirão como esse custo adicional irá se acomodar”, expõe Nicole.

Fonte: G1

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