04 dez de 2017
Brasil – Agronegócio – Mais um golpe para o agronegócio

Por Ivan Ramos – diretor executivo da Fecoagro/SC

 

Os especialistas sempre dizem que os mercados são sensíveis a qualquer movimento. Verdadeiros ou de boatos. Basta alguém dizer algo relacionado com o assunto, ou plantar alguma informação duvidosa, para os mercados se movimentarem bruscamente. Não apenas o mercado financeiro, mas o agrícola ou pecuário também. É certo que existem casos que são visíveis os motivos das alterações de preços, mas também existem fatos que são criados motivos para baixar o preço ou atender a outros interesses. Isso passou a ser usual. Não deveria ser normal, mas o é.

 

Na última semana o setor de carnes foi atingido por uma notícia que para muitos foi surpresa, e para outros, a afirmação que já ocorreu noutras oportunidades e que periodicamente isso acontece. A Rússia anunciou que vai cancelar as importações de carnes do Brasil a partir deste mês de dezembro. O motivo alegado é problema sanitário.

 

As agroindústrias que exportam para a Rússia garantem que o uso de hormônio de crescimento utilizado nas rações que pode ser prejudicial à saúde, não ocorre nas exportações para a Rússia. Embora o produto não seja proibido no Brasil, nos EUA e outros países, as agroindústrias têm tido o cuidado de separar a produção de carnes para a Rússia, para atender as exigências daquele País, que o principal importador de carnes catarinenses.

 

Mas então qual o motivo da proibição? Embora não oficial, nem pelo governo russo nem o brasileiro, há duas possibilidades. Uma para forçar a queda dos preços das carnes, fato que já ocorreu em outras ocasiões. A outra pela falta de reciprocidade comercial com a Rússia.

 

Há afirmações de bastidores que o governo brasileiro se comprometeu em facilitar a entrada de produtos russos Brasil e não honrou a promessa. Dizem que a Rússia recebeu a promessa de importamos trigo, peixe a carnes de gado daquele País, e na prática não vem acontecendo.

 

Segundo algumas fontes da área técnica, esse tipo de promessa não poderia ter sido feita, pois o trigo russo tem uma doença que poderia afetar toda a nossa produção se não passar por uma quarentena nos portos que pode demorar até 60 dias. Nenhum importador tem condições econômicas para aguardar tanto tempo. Na Rússia, por ser frio, a doença não se desenvolve, dizem os técnicos, mas no Brasil sim, e está aí o porquê da proibição.

 

Se verdadeira essa informação, as autoridades políticas brasileiras que assumiram compromisso dessa natureza precisam rever suas atitudes de assumir compromissos que não é possível atender tecnicamente. Prometer algo que compromete a nossa segurança sanitária é demonstrar falta de responsabilidade.

 

A promessa de importação de peixe e carnes bovinas, que segundo consta seria inexpressiva em termos de volumes, deve seguir a mesma linha. Problemas sanitários e redução de oferta certamente mexem nos mercados.

 

A verdade é que seja qual for o motivo da suspensão das exportações para a Rússia, vai atingir o criador catarinense. Já há sinais no mercado que por esse motivo, somado a retração das vendas internas das carnes, deverão diminuir os preços dos suínos vivo.

 

Se prevalecer a expectativa de que o mercado de grãos é de aumento do preço do milho no início do ano, aí o suinocultor vai novamente entrar em crise, pois terá o custo de produção mais elevado, e preços do suíno reduzidos. Por enquanto estamos apenas em suposições, mas precisamos ficar atentos, porque como sempre, a corda arrebenta no lado mais frágil. Pense nisso.

 

Fonte: Fecoagro

 

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