A temporada de cheia promete ser rigorosa para os pecuaristas do Pantanal sul-mato-grossense. Apesar de a expectativa para o alagamento da região de Ladário ser classificada como normal, o grande volume de chuvas em áreas de planície já causou inundações antecipadas em algumas regiões do bioma.
Entres as áreas mais afetadas estão os municípios de Aquidauana e Miranda, onde os rios passaram de 10,40 metros e 7 m de profundidade, respectivamente. “Essas regiões tiveram volume recorde de chuvas e os rios transbordaram, afetando fortemente as cidades próximas”, destacou o pesquisador da Embrapa Pantanal, Carlos Padovani.
As águas estão descendo pelos afluentes e devem encontrar o Rio Paraguai entre o fim de maio e início de junho, causando alagamentos em Ladário, maior região do Pantanal. A expectativa desse ano é que o rio alcance 5,50 metros de profundidade nesse período. “A calha do rio é de aproximadamente 4 metros e qualquer volume além disso já causa inundações. Caso o pico desse ano se confirme, a área terá alagamentos de até 1,5 metro”, explicou Padovani.
Embora acarrete diversas complicações, a cheia esperada para esse ano é considerada média pelo acompanhamento histórico da região. A inundação só é classificada como alta se o rio passar de 6 metros de profundidade.
Os alagamentos são uma das principais características do Pantanal e os pecuaristas que possuem fazendas na região são alertados para iniciar a retirada dos rebanhos das áreas baixas desde o início do ano. Os animais retirados geralmente são comercializados para mitigar os prejuízos ou seguem para outras fazendas em regiões mais altas.
A Embrapa Pantanal estima que o rebanho local seja de 2,3 milhões de cabeças, sendo que 42% desse total deve ser retirado da região este ano. “Desde janeiro alguns pecuaristas já se movimentaram para tirar o gado da região. Os que fizeram isso se beneficiaram por conseguir encontrar estradas mais vazias, frete menor e tiveram maior poder de barganha na negociação, já que o aumento da oferta nesta época do ano deve fazer a arroba oscilar”, conclui Carlos Padovani.
Devido à movimentação para retirada dos animais, o presidente do Sindicato Rural de Corumbá, Luciano Leite, encaminhou ao governo de MS o laudo técnico da Embrapa Pantanal para que o calendário de vacinação da região seja prolongado. O secretário estadual do Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, alega que o governo está acompanhando a situação e que caso seja necessário, o pedido dos pecuaristas será atendido. A princípio a vacinação no Pantanal teve início no dia 1º de maio e segue até o dia 15 de junho.