01 set de 2017
Brasil – Agropecuária – Resistência de carrapatos causa preocupação no RS

A resistência de carrapatos a produtos que os controlam tem causado preocupação entre pesquisadores no Rio Grande do Sul. Dados do Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor (IPVDF) mostram que menos de 10% dos parasitas coletados são sensíveis a todas as sete classes de carrapaticidas disponíveis no mercado (sendo seis moléculas diferentes e uma que é a conjunção de outras duas). “E o que nos assusta mais é que em torno de 27% das amostras são resistentes a mais de quatro categorias, ou seja, essas propriedades não têm como fazer três tratamentos diferentes durante o ano, que é o que recomendamos”, conta Rovaina Doyle, pesquisadora do Instituto.

 

Para saber que produtos usar, o pecuarista deve coletar amostras dos parasitas em sua propriedade e mandar fazer um biocarrapaticidograma. “Ele apresenta qual será a eficácia dos produtos, que é específica para cada propriedade. Não adianta nada seguir recomendações de vizinhos, porque você pode ter perfis de resistência diferentes na mesma fazenda”, explica Doyle. A chegada de novos animais na propriedade, por exemplo, pode trazer carrapatos com um novo perfil.

 

“Com o teste, o pecuarista tem condições de tomar uma decisão mais acertada e não precisa depender apenas do que a loja ou a internet indicam”, diz Ivo Kohek, veterinário e coordenador do serviço de doenças parasitárias da Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul. Ele ainda alerta para o perigo da venda de carrapaticidas pela internet. “Estamos comprando produtos que talvez nem sejam registrados no Brasil”.

 

Acesso ao teste – O teste de biocarrapaticidograma será oferecido de forma gratuita pelo IPVDF e pela Embrapa Pecuária Sul, segundo Kohek, que diz ainda não ter informações sobre a gratuidade em outros laboratórios.

Aplicação – Além da escolha de um produto eficiente, é preciso usá-lo corretamente, tomando cuidado com a diluição e a dose correta, além de pensar em qual tipo de banheiro o carrapaticida será aplicado. “São medidas que parecem simples, mas juntas se tornam importantes”.

 

Alguns ajustes no manejo, como rotação de pastagens e deixar carrapatear os terneiros até os seis meses, também são necessários, afirma a pesquisadora do IPVDF. Ela explica que, no caso dos terneiros, até os seis meses de idade eles têm imunidade passiva, que receberam via colostro da mãe, mas que pode ser insuficiente dependendo do estado da vaca. “Se nós pensarmos que ela tem imunidade e transferiu para o seu terneiro, em até seis meses ele deveria ter contato com carrapato para formar sua proteção ativa”. Segundo ela, se o contato não ocorrer até os seis meses, esse animal provavelmente sofrerá bastante com a tristeza parasitária bovina (TPB) se for infectado, podendo chegar a óbito.

O impacto dos carrapatos na mortalidade dos bovinos no Estado ainda não é totalmente conhecido. Oficialmente, entre 2009 e 2017, a secretaria de agricultura recebeu cerca de 10 mil notificações de morte por TPB – complexo de doenças transmitidas por carrapatos -, mas Kohek estima que esse número seja muito maior. “A Farsul (Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul) fez uma pesquisa que chegou a 180 mil mortes anuais. Um dado da secretaria diz que foram 400 mil mortes entre 2015 e 2016 não diagnosticadas. A grosso modo, pelo menos 100 mil mortes por ano seriam causadas pela TPB”.

 

Fonte: Portal DBO
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