20 abr de 2015
Brasil – CURSO DISCUTE AVANÇOS NO CONTROLE DA AIDS

O Brasil foi um dos países pioneiros na adoção de políticas públicas e inclusivas no combate à aids. Com o advento de medicamentos anti-retrovirais foi possível, de certa maneira, transformá-la numa doença crônica. Segundo o Ministério da Saúde, o país tem, atualmente, uma taxa de detecção estabilizada, com cerca de 20 casos a cada 100 mil habitantes, nos últimos 5 anos. O índice de mortalidade caiu 14% no nos últimos 10 anos, passando de 6,4 a cada 100 mil habitantes, em 2003, para 5,5 em 2012.

Entretanto, ainda há muito o que fazer para controlar e erradicar a proliferação do vírus. Segundo o infectologista Esper Kallas, que esteve à frente do X Curso Avançado de Patogênese do HIV (evento que reúne os principais especialistas do mundo sobre o tema), este ano iniciado no dia 08/04 e encerrado dia 15, na FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), a criação de uma vacina que previna a ação do vírus ainda representa um grande desafio e a comunidade científica não possui todas as ferramentas para conseguir chegar a esse objetivo. “Mas é importante ressaltar que temos atualmente estratégias de prevenção muito eficazes, denominadas profilaxia pré-exposição. Estudos recentes mostram que ela pode se aproximar de quase 100% de prevenção das pessoas que utilizam a pílula regularmente”, afirma Kallas.

A PrEP já está em uso nos Estados Unidos desde 2012 e foi endossada pela OMS (Organização Mundial de Saúde) em 2014. No Brasil, está em avaliação por meio de uma pesquisa conduzida em conjunto pela Fundação Oswaldo Cruz, USP e o Centro de Referência e Treinamento em Aids do Estado de São Paulo (CRT). “A discussão, na verdade, é sobre como incorporar essas novas estratégias nas medidas de combate de epidemia do HIV no serviço de saúde pública do Brasil”, disse Esper.

Outro tema que teve bastante destaque durante o curso foram as novas descobertas de como o vírus se esconde no organismo. São os chamados ”santuários ou reservatórios dos vírus”. “Quando o vírus do HIV infecta uma pessoa, há rapidamente uma destruição de todo o sistema de defesa. Então nós entramos com o coquetel, uma mistura dos anti-retrovirais que controlam a multiplicação desses agentes de forma que a pessoa consiga preservar o sistema de defesa. Após isso, o vírus fica indetectável, escondido.  Mas se você tira o remédio, não importa há quanto tempo ela está se tratando. Cerca de 15 dias depois, o vírus retorna. Então, na verdade ele ficou durante anos ou décadas no organismo da pessoa, no que a gente chama de santuário ou reservatório do vírus”, explica o especialista.

Como o vírus fica tanto tempo escondido, que mecanismo ele usa para se proteger dos remédios, são questões que a ciência está chegando cada vez mais perto de desvendar. Ainda segundo Esper, essa poderá ser a verdadeira chave para eliminar o problema, já que será possível identificar onde o vírus fica escondido no momento em que o paciente está em tratamento e, quem sabe, eliminá-lo.

 

Com informações do Drauzio Varella

 

 

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