08 abr de 2022
Brasil – Dólar – Dólar tem sessão instável após IPCA de março alimentar apostas em mais altas de juros

O dólar ensaiava queda contra o real na manhã desta sexta-feira, embora mostrasse instabilidade conforme investidores digeriam uma leitura mais forte do que o esperado do IPCA de março, que alimentava apostas numa postura de política monetária mais agressiva do que a recentemente sinalizada pelo Banco Central.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 1,62% no mês passado, informou o IBGE nesta sexta-feira, maior taxa para março desde o início do Plano Real. Em 12 meses, o índice teve alta de 11,30%. Pesquisa da Reuters apontou que a expectativa de analistas era de alta de 1,30% em março e de 10,98% em 12 meses.

Em relatório, estrategistas do Citi disseram que “resumidamente, esta leitura do IPCA mostra claramente uma deterioração das perspectivas de inflação, o que evidentemente está surpreendendo o BC” para cima.

“Hoje a tendência é o real se valorizar pelo IPCA ter vindo bem mais forte do que o esperado”, disse à Reuters Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos. “O mercado está vendo que o IPCA não está cedendo, o que pode fazer o Banco Central elevar as taxas de juros um pouco mais”, o que é visto como amplamente favorável à moeda brasileira.

Reflexo das expectativas de maior agressividade da autoridade monetária no aperto dos juros, as taxas dos principais DIs subiam acentuadamente nesta manhã, apontou Cruz. Na curva até janeiro de 2027, os rendimentos subiam de 10 a 20 pontos-base.

Custos de empréstimos mais altos por aqui tornam o real mais atraente para estratégias que buscam lucrar com diferenciais de juros entre economias avançadas e em desenvolvimento. A Selic está atualmente em 11,75% ao ano, e o Banco Central tem indicado que promoverá ajuste de 1 ponto percentual em sua reunião de maio, o que pode marcar o fim do ciclo de aperto monetário iniciado há mais de um ano, que tirou a taxa de uma mínima histórica de 2%.

Alguns participantes do mercado, no entanto, têm dito desde antes da publicação do IPCA de março que a autarquia pode ser forçada a estender o endurecimento da política monetária para além do encontro do mês que vem, com algumas instituições financeiras prevendo juros na casa de 14% até o fim de 2022.

Às 10:10 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,06%, a 4,7380 reais na venda. Ao longo das primeiras negociações, a moeda oscilou entre 4,7584 reais na máxima (+0,37%) e 4,7150 reais na mínima (-0,54%), alternando entre território negativo e positivo várias vezes.

Na B3, às 10:10 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,42%, a 4,7640 reais.

Cruz disse que, embora o real deva se beneficiar da Selic, que está entre as maiores taxas nominais de juros do mundo, a aceleração da alta dos preços é uma preocupação para a economia brasileira. “Eu diria que existe, sim, risco de a inflação permanecer elevada e afastar investimentos do Brasil ao longo deste ano”, embora “boa parte do mercado entenda que a inflação está chegando em seu pico e, no segundo semestre deste ano, vai desacelerar”.

No fim das contas, ele reconheceu que “o Brasil segue pagando um dos melhores prêmios para o investidor que quer pegar emprestado lá fora e aplicar em país de juro alto”, com o real devendo ser resiliente mesmo ao endurecimento da política monetária do Federal Reserve.

O banco central norte-americano sinalizou na ata de sua reunião do mês passado que pode intensificar a dose de seu aperto monetário em seus próximos encontros, passando a adotar aumentos de 0,5 ponto percentual nos juros. Em março, o Fed elevou os custos dos empréstimos pela primeira vez desde 2018, em 0,25 ponto.

Isso é visto como fator de impulso para o dólar, cujo índice superou a marca de 100 pela primeira vez em dois anos nesta sexta-feira.

A moeda norte-americana à vista subiu 0,55% na véspera, a 4,7407 reais na venda.

Fonte: Reuters

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