Lucas Rodrigues
Do UOL, em São Paulo 09/01/201613h37
Apesar da dificuldade para acessar as notas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2015, Mathias Dunker, de 19 anos, soube pela imprensa que tinha feito história. Com 45 acertos na prova de matemática, ele foi um dos candidatos que tirou 1.008,3 na disciplina. “Foi uma surpresa. Nem sabia que dava para tirar mais de mil”, diz.
Ex-aluno do Colégio Bandeirantes, uma das melhores instituições de São Paulo no Enem por Escola 2014, Mathias dedicou o ano de 2015 às aulas. Ele dá reforço para outros estudantes por meio de um projeto da avó, o “Feras da Anna”. Ela é formada em física na USP (Universidade de São Paulo), justamente o mesmo curso que Mathias pretende seguir.
“Ela é uma inspiração para mim. Passou em segundo lugar na Fuvest e me ajudou muito acadêmica e emocionalmente”, conta.
O gosto por lecionar é de família. O pai do estudante é professor da USP e a mãe é diretora de uma escola. “Brigo com a minha avó por diferenças de metodologias, mas a gente é muito parceiro nos negócios e nas exatas.”
Além da parceria com Anna, Mathias faz parte do projeto “26 Letras”, do colégio Carandá Vivavida, destinado a jovens e adultos que interromperam o processo de escolarização. Lá, ele dá aulas duas vezes por semana. “Quando comecei, imaginava que iria me envolver só com exatas, mas o que eles precisam mais é conhecimento de humanas, aprender a ler e a escrever, e um pouco de gramática”, conta.
Na visão de Mathias, ser professor faz com que ele assimile melhor os conteúdos. Por isso, a dica que ele dá para outros estudantes é “estude com alguém”.
“O melhor jeito de entender a matéria é explicar para alguém. Tenho certeza que foi isso que me ajudou a subir as notas neste ano”, avalia. “O ideal é que a sua dupla de estudos tenha o mesmo nível de conteúdo que você, para que possam avançar juntos, dividir experiências e explicar os conceitos.”
Ao todo, o candidato do Enem passa 10 horas por dia ensinando, incluindo os finais de semana. Nesta semana, às véspera da segunda fase da Fuvest, Mathias deu aulas todos os dias. E irá lecionar neste sábado até as 19h. Ele é um dos estudantes aprovados para esta etapa do vestibular, no qual concorre a uma vaga em física.
Para ele, o Enem de 2015 foi “excepcional” e tem a vantagem de ser mais conectado com a realidade do que outros vestibulares. “A prova de matemática foi mais desafiadora. Teve uma questão sobre função logarítmica, que era conteudista. Você precisava conhecer a matéria”, avalia.
Outro conselho de Mathias é fazer o que dá prazer. “Isso faz com que você estude melhor depois. Estudar triste ou com fome não rende nada”, diz ele, que é fã de mangá e do escritor Luis Fernando Verissimo.