O pau mulato (Calycophyllum spruceanum (Benth.) K. Schum.), uma árvore da Amazônia que rende madeira ótima para telhados e móveis, é uma das espécies da floresta de várzea mais comercializadas no estado do Amapá. Estudos da Embrapa apontam que, dos R$ 16 milhões estimados com a venda da madeira nos principais pontos de desembarque em Macapá e Santana (AP), 20% dessa receita vem do pau mulato. A pesquisa com o pau mulato começou em 2010 com a finalidade de desenvolver um sistema de manejo florestal sustentável da regeneração natural do pau mulato. Os estudos já demonstram o grande potencial dessa regeneração em áreas de roça abandonada, que pode chegar a cerca de 50 mil mudas por hectare. “A ideia é valorizar a abundância do pau mulato em áreas de roças abandonadas e o fato do rápido crescimento dessa árvore não comprometer a qualidade da madeira, como acontece com outras espécies da floresta”, explicou o pesquisador Marcelino Carneiro Guedes, líder do Projeto Florestam.       

Pesquisas conduzidas em áreas de Sistema Agroflorestais (SAF), no município de Mazagão (AP) mostraram que nesse ambiente o pau mulato com idade de 5 a 11 anos, apresenta crescimento do diâmetro variando de 0,9 a 2,4 centímetros ao ano. Um dos resultados dos estudos é a recomendação de que o primeiro desbaste da regeneração inicial do pau mulato deva acontecer 6 meses após o fim do ciclo da roça no espaço escolhido para instalação do SAF. Desbaste é o corte e remoção parcial da árvore, com a finalidade de acelerar o crescimento do diâmetro.

Na primeira fase de desbaste, as mudas do pau mulato geralmente estão com altura média de 30 centímetros e diâmetro na base do solo de 0,51 centímetros. O segundo desbaste pode ser feito quando as árvores do pau-mulato estiverem com 4 a 7 anos de idade. Nessa faixa, o diâmetro médio pode chegar a 17 cm e a altura a 15 m, com árvores de troncos retos e forma bem definida, e nessa fase a madeira roliça é adequada para produzir caibros, postes, cercas, e ser usada como lenha e carvão.

O manejo da regeneração natural do pau mulato rende, no segundo desbaste, uma madeira roliça indicada para produzir energia, postes e construções rústicas. No ciclo final pode ser usada para serraria, reduzindo as despesas para o produtor que não precisa produzir e plantar as mudas. Um dos efeitos destes estudos nas políticas públicas para o desenvolvimento sustentável da floresta é o Decreto do Governo do Estado do Amapá que autoriza a redução do diâmetro mínimo de exploração do pau mulato, para viabilizar a utilização da madeira do segundo desbaste.

 

Como descobrir a idade do pau-mulato?

Você sabe quanto anos vive uma árvore de pau-mulato e como podemos fazer para saber a idade das árvores? Uma das formas é usar a dendrocronologia, o ramo do conhecimento que estuda o tempo de formação da madeira. A árvore vai engrossando de dentro pra fora e, assim, o meio do tronco é de fato a árvore quando ela era bem novinha. Quanto mais grossa, mais velha é a árvore. Para saber a idade, é simples: basta contar os anéis marcados no tronco da árvore, a partir do meio até a beira. Cada anel representa um ano de crescimento da árvore. A análise da dendrocronologia do pau mulato permitiu a definição do ciclo de corte desta árvore em aproximadamente 10 anos.

O pau-mulato é uma árvore nativa do Brasil. É bastante encontrada na floresta de várzea da Amazônia e sua madeira é muito usada pelos ribeirinhos para construir suas casas. Ribeirinhos são pessoas que vivem na beira dos rios e possuem um modo de vida baseado na constante relação com a água, desde o transporte aos alimentos. O pau mulato não passa despercebido, pois seu tronco pode chegar até 30 metros de altura. A casca do tronco é fina, quando jovem a cor é esverdeada e com o passar dos anos fica marrom e até castanho-escuro.

Uma curiosidade sobre o pau mulato é quando ele troca de casca, fica exposta a camada interna avermelhada. Isso acontece todos os anos. De aspecto aveludado, o tronco liso dá a impressão de ter sido envernizado. O pau mulato tem uma copa pequena e rala e isso facilita seu uso em Sistemas Agroflorestais (SAFs), que é uma forma de manejar a terra combinando árvores frutíferas ou madeireiras com agricultura e, se quiser, também a criação de animais. Essa facilidade acontece porque o pau mulato é um tipo de árvore que permite passagem da luz, causando pouca sombra.