07 jul de 2025
Brasil – Embrapa – Ao celebrar 50 anos de história, Embrapa Cerrados homenageia equipes de pesquisa e parceiros

Breno Lobato - Pesquisadores homenageados com o troféu engrenagens se reuniram no palco durante a solenidade

Pesquisadores homenageados com o troféu engrenagens se reuniram no palco durante a solenidade

O cinquentenário da história de protagonismo da Embrapa Cerrados no cenário agropecuário do Bioma Cerrado foi comemorado com emoção e homenagens em solenidade realizada no dia 3 de julho no centro de pesquisa, em Planaltina (DF). Mais de 200 pessoas, entre empregados, colaboradores e convidados, lotaram o auditório da Unidade para acompanhar as homenagens ao trabalho de equipes de pesquisa e parceiros que têm contribuído para a ciência e a inovação, transformando o Cerrado no grande celeiro do Brasil.

Criada em 1º de julho de 1975, a Embrapa Cerrados atua no desenvolvimento de sistemas de produção animal e vegetal sustentáveis em equilíbrio com a oferta ambiental do bioma, uma das maiores fronteiras agrícolas do mundo e, atualmente, referência em produtividade. A Unidade também promove ações de pesquisa, desenvolvimento, inovação e transferência de tecnologia que buscam ampliar o conhecimento, a preservação e o uso racional dos recursos naturais do Cerrado.

Em 50 anos, a Unidade disponibilizou centenas de soluções tecnológicas para o Cerrado, como cultivares  e sistemas de produção (de soja, mandioca, milho, cana-de-açúcar, café, trigo, cevada, seringueira, frutíferas e forrageiras) adaptados ao bioma; genética e sistemas de produção de bovinos de corte e leite, particularmente em sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, e tecnologias de nutrição e manejo; recomendações técnicas para o manejo, conservação e uso dos solos e para a conservação e uso de recursos hídricos e manejo de água em sistemas irrigados; tecnologias de correção da acidez e fertilidade dos solos; Zoneamento Agrícola de Risco Climático para o cultivo de diversas culturas; uso do estresse hídrico controlado para uniformização da florada do cafeeiro irrigado; manejo sustentável dos recursos naturais em áreas de preservação e recuperação de páreas degradadas; adubos verdades, plantas de cobertura e outras tecnologias para o Sistema Plantio Direto; e tecnologias para análises químicas, físicas e biológicas do solo, como a Bioanálise de Solo.

O chefe-geral Sebastião Pedro ressaltou que as conquistas científicas e tecnológicas da Unidade que revolucionaram a agropecuária do Cerrado nos últimos 50 anos foram alcançadas com o esforço dos empregados e colaboradores, as diversas parcerias com instituições públicas e privadas nacionais e internacionais, o pioneirismo dos produtores rurais e a visão de gestores públicos como os ex-ministros da Agricultura Alysson Paolinelli e Luís Fernando Cirne Lima, e o ex-presidente da Embrapa, Eliseu Alves.

“Ao completarmos 50 anos, reafirmamos nosso compromisso de continuar avançando na pesquisa, na inovação e na sustentabilidade, consolidando o papel do Cerrado como uma grande fonte de alimentos, renda e preservação ambiental. Parabéns a todos que fizeram e fazem parte desta história de sucesso. Que os próximos anos sejam ainda de mais realizações e de impactos positivos e sustentáveis para o Brasil e para o mundo”, declarou, agradecendo à diretoria da Embrapa, representada no evento pelo diretor-executivo de Governança e Informação, Alderi de Araújo, pelo apoio à Unidade.

Antes de iniciar a fala, Araújo pediu um minuto de silêncio em homenagem aos colegas já falecidos que ajudaram a construir o significado da Embrapa Cerrados para o País e o mundo. Também agradeceu ao pesquisador Nilton Junqueira, presente à solenidade, a quem sucedeu nos trabalhos com doenças em seringueira e dendezeiro na Embrapa Amazônia Ocidental (AM) quando foi admitido na Embrapa. “Ele me deu a base para (continuar) o trabalho que vinha desenvolvendo e veio para cá para se somar a um grande número de colegas que transformaram o Cerrado e desafiaram o Prêmio Nobel da Paz, Norman Borlaug. A ciência é isto: é acreditarmos no impossível. E quem está aqui hoje acreditou no impossível”, afirmou.

O diretor destacou o papel a ser desempenhado pela Embrapa, defendendo que a Empresa precisa de pessoas determinadas a desafiar verdades absolutas e contribuir para transformar a sociedade. “Saímos de um país que vivia a fome e o desespero dos saques a supermercados e hoje estamos num país grande produtor e exportador de alimentos. Esse processo tem a digital de cada um de vocês. Foi um esforço coletivo dos cientistas da Embrapa e de todos os colaboradores e parceiros que estavam ao lado e acreditaram que a ciência poderia transformar o mundo. E nós o transformamos”, lembrou.

Com a conversão do Cerrado em celeiro mundial, o desafio agora, segundo Araújo, é tornar a produção brasileira de alimentos cada vez mais sustentável. “Que a gente continue alimentando o nosso povo e mais de 1 bilhão de pessoas no planeta. Vocês são os grandes heróis da sociedade, aqueles que vivem, muitas vezes, escondidos nos laboratórios ou em campos experimentais remotos, mas que estão lá para produzir o conhecimento e as tecnologias necessárias para que o mundo se torne mais justo, mais fraterno e bem alimentado”, finalizou.

Líderes históricos na gestão e na pesquisa

As primeiras homenagens foram concedidas a três profissionais que vislumbraram, ainda nos anos 1970, o enorme potencial produtivo do Bioma Cerrado. Com esforços de gestão e pesquisa científica, esses pesquisadores, atualmente aposentados, ajudaram a construir a agropecuária produtiva sustentável atualmente praticada na região.

Wenceslau J. Goedert, ex-chefe-geral e ex-chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Unidade, líder histórico do centro de pesquisa, foi o primeiro a receber o troféu Embrapa Cerrados 50 Anos. “Quero compartilhar esta homenagem com todos aqueles que estavam aqui há 50 anos. Jovens, com muita energia, mas principalmente com a convicção do potencial dos cerrados”, disse.

Líder por mais de 30 anos de pesquisas em melhoramento genético de soja para o Cerrado, que levaram ao desenvolvimento de variedades adaptadas, resistentes a pragas e doenças e com altas produtividades, Plínio Itamar de Mello de Souza contribuiu para a consolidação da região em potência mundial na produção de grãos. “Queria agradecer por essa homenagem magnífica por algo que fiz com muito amor. Agradeço a todos os colegas que participaram, esse mérito não é exclusivamente meu, é de toda a equipe. E agradeço, principalmente, à minha família, que me apoiou nesse trabalho”.

Alberto Carlos de Queiroz Pinto, que atuou como pesquisador líder da unidade de apoio da fruticultura, foi o terceiro homenageado. Ele lembrou o início do trabalho na Unidade, quando foi trazido por Wenceslau Goedert, e citou os colegas que trabalharam com ele nas pesquisas, compartilhando com eles a homenagem. “Hoje é dia de gratidão. Agradeço, de coração, por esta homenagem, que ficará comigo, em minha mesa”, afirmou.
Reconhecimento a parceiros históricos

Ao longo de 50 anos, a Embrapa Cerrados estabeleceu parcerias com instituições públicas e privadas do Brasil e do exterior, fundamentais para o avanço das pesquisas e o desenvolvimento das tecnologias que impactaram a produção agropecuária no Cerrado.

A Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica) é uma das parceiras internacionais que contribuíram com a Unidade desde os primeiros anos de existência, formando profissionais, conectando instituições, promovendo intercâmbios e disseminando valores como cooperação, respeito e compromisso. Em vídeo gravado, Yutaka Hongo, que trabalhou pela Jica em projetos conjuntos com a Embrapa Cerrados na década de 1980 e atualmente é consultor sênior da agência, parabenizou a Unidade pelo cinquentenário de fundação. “Tenho me dedicado ao fortalecimento da amizade entre o Brasil e o Japão sob a cooperação nipo-brasileira. Enquanto estiver vivo, gostaria de continuar, mais ainda”, disse.

Presente à solenidade, o representante sênior da Jica Brasil, Issei Aoki, recebeu o troféu de homenagem e lembrou que Naruhito, atual imperador do Japão, visitou a Embrapa Cerrados duas vezes – em 1982 e em 2018. “Isso significa que a relação entre Embrapa e Jica e entre o Brasil e o Japão é muito importante. Hoje, a Jica e o governo japonês estão preparando uma nova iniciativa para estreitar mais essa relação, em assuntos de mudanças climáticas, conservação do ambiente e recuperação de pastagens degradadas. Gostaríamos de colaborar ainda mais, junto com a Embrapa Cerrados”, informou, agradecendo pela homenagem.

A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) é parceira histórica na pesquisa em melhoramento genético animal e no fortalecimento da pecuária no Cerrado. A Embrapa Cerrados mantém parcerias locais com filiadas da ABCZ – a Associação Goiana dos Criadores de Zebu (AGCZ), que atua no Centro de Desempenho Animal da Unidade, e a Associação de Criadores de Zebu do Planalto (ACZP), que realiza ações no Centro de Tecnologia para Raças Zebuínas Leiteiras (CTZL).

Adriano Varela Galvão, membro do Conselho Deliberativo Técnico da ABCZ, representou o presidente da entidade, Gabriel Garcia Cid, na entrega da homenagem. Por trás de todo o desenvolvimento do Brasil e do agro brasileiro há o DNA da Embrapa. Temos que comemorar muito, porque o campo brasileiro é o que é hoje por causa da Embrapa”, declarou.

A parceria de 23 anos entre a Embrapa e a Associação para o Fomento à Pesquisa de Melhoramento de Forrageiras (Unipasto), entidade que reúne 31 empresas e produtores de sementes de forrageiras, viabilizou o licenciamento e a disseminação de cultivares forrageiras desenvolvidas na Embrapa Cerrados e em outras unidades da Embrapa, garantindo que os resultados das pesquisas alcancem milhares de hectares de pastagens no Cerrado e em toda a pecuária topical do País.

“Em nosso convênio, lançamos praticamente 10 cultivares de forrageiras leguminosas e gramíneas que, de certa forma, atuaram diretamente nesse processo”, disse Marcos Roveri, diretor técnico da Unipasto, que representou o presidente Ademilson Marcos Facholi.

Fundação Cerrados, entidade que reúne produtores de sementes de soja do DF, da Bahia, de Minas Gerais e de Goiás, mantém com a Embrapa Cerrados uma parceria de longa data (convênios entre 1996 e 2001 e desde 2008) em pesquisas no desenvolvimento de cultivares de soja adaptadas às condições do Cerrado, além de eventos e ações de divulgação das tecnologias aos sojicultores.

O presidente da entidade, Luiz Fiorese, recebeu a homenagem e lembrou que 50 variedades já foram lançadas no âmbito da parceria, e que 10 materiais novos convencionais com alta produtividade devem ser disponibilizados no mercado nos próximos anos. “Com grande honra, recebo este troféu em nome de todos os cotistas da Fundação Cerrados. A Embrapa não é só ciência. Com a ciência, transformou o Índice de Desenvolvimento Humano deste país. Somos o que somos por conta de pesquisa e da Embrapa. O que dá dignidade ao ser humano é o trabalho, e a Embrapa tem entregado à sociedade pesquisa e trabalho. Viva o Brasil!”, comemorou.

Entre as empresas brasileiras que ajudaram a disseminar as tecnologias geradas pelas pesquisas da Embrapa Cerrados, fortalecendo a agropecuária no Cerrado, está a Companhia de Promoção Agrícola (Campo). Fundada em 1978 com o objetivo inicial desenvolver o potencial agrícola da região, a Campo vem conduzindo projetos de desenvolvimento social e econômico no segmento da agricultura tropical sustentável no Brasil e no exterior.

“Nossa parceria com a Embrapa, especialmente com a Embrapa Cerrados, começou com o treinamento dos técnicos da que atuaram nos projetos do Prodecer (Programa de Cooperação Nipo-Brasileiro para o Desenvolvimento dos Cerrados). Em nome de toda a Campo, quero agradecer a esta homenagem”, disse o presidente da companhia, Marcelo Teixeira de Melo.

Importante parceira regional, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF) também foi homenageada. Além de estar presente no dia a dia dos produtores do DF e Entorno, a empresa de assistência técnica e extensão rural conta com um escritório regional nas dependências da Embrapa Cerrados, apoiando as pesquisas e as ações de transferência de tecnologia da Unidade.

Fabiano Carvalho, coordenador de operações da Emater-DF, representou o presidente Cleison Duval. Ao parabenizar a Embrapa Cerrados pelos 50 anos de atividades que transformaram o Cerrado brasileiro em uma região extremamente produtiva e sustentável, ele enfatizou a importância da pesquisa agropecuária, que traz as inovações tecnológicas que estão ocorrendo no campo, principalmente no Cerrado.

“Ao longo dos 47 anos de Emater-DF, temos a parceria com vocês. Há mais de 15 anos temos o escritório sediado aqui, onde temos a oportunidade de fazer a articulação entre pesquisa e extensão rural, o que tem permitido trabalhos bastante relevantes, que transformaram o setor agropecuário do DF”, afirmou, citando ações conjuntas como a validação de novas cultivares de maracujá; a pesquisa participativa na mandiocultura; as Expedições Safra nas culturas de grãos e de maracujá; a participação no Programa Produtor de Água na Bacia do Pipiripau e na Rota da Fruticultura RIDE/DF; o incentivo ao uso de forrageiras de alta produtividade; políticas de fomento a agricultores familiares; a construção do projeto de desenvolvimento da cadeia da piscicultura do Rio Preto, além de diversas capacitações de extensionistas e produtores.

As cooperativas agrícolas, outras importantes aliadas da Embrapa Cerrados na multiplicação das inovações da pesquisa para os produtores rurais, foram representadas na homenagem pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). Para Márcio de Freitas, presidente do sistema OCB e membro do Comitê Assessor Externo da Unidade, quem faz a Embrapa são pessoas que se dedicam e acreditam. “Talvez esse seja o grande segredo. Cirne Lima foi o ministro que acreditou na ideia e implantou a Empresa. Mas o (Alysson) Paolinelli, o Irineu (Cabral, primeiro presidente), o Eliseu (Alves) e outros acreditaram, acima de tudo, em gente, e colocaram essas pessoas para pesquisar e desenvolver a agricultura tropical. O que vocês fizeram nos últimos 50 anos foi uma revolução digna de todas as qualificações”, parabenizou.

“Tenho orgulho de ver como a Embrapa Cerrados está se organizando como empresa pública que sabe fazer parcerias e alianças. Isso é pensar nas mudanças para continuar entregando, nos próximos 50 anos, o que vocês têm entregado nos últimos 50”, completou o dirigente.

Família de produtores pioneiros no Cerrado é homenageada

Vindos de uma colônia agrícola em Putinga (RS), os Cenci chegaram ao Plano de Assentamento Dirigido do Distrito Federal (PAD-DF) em 1977, dispostos a enfrentar o desafio de produzir no Cerrado. Neto do pioneiro Izidoro Cenci, Alexandre Cenci, acompanhado de familiares, recebeu a homenagem da Embrapa Cerrados em nome dos produtores rurais pioneiros na região.

“Esta é uma instituição pela qual os produtores têm muito carinho. Se tem produção na fazenda é porque tem um trabalho de ciência e tecnologia que vocês fazem muito bem. Vamos juntos nessa parceria de sucesso nos próximos 50 anos”, agradeceu o produtor, que sócio-diretor da Hartos Agropecuária Cenci.

Grupos de pesquisa são agraciados com o troféu engrenagens

Pesquisadores representando sete equipes de pesquisa da Unidade receberam o troféu das engrenagens, homenagem que simboliza as tecnologias que giram a roda da inovação na agropecuária do Cerrado.
Arminda de Carvalho recebeu o troféu pela tecnologia “plantas de cobertura e mitigação de gases de efeito estufa”. Pesquisadora da Unidade há 35 anos, ela manifestou sua gratidão: “Atribuo à Embrapa muito do que sou hoje, e a Embrapa são vocês. Ser representante dos meus colegas da Embrapa Cerrados é uma honra e um orgulho enormes. Só tenho a agradecer por esta homenagem e a vocês, que são meus companheiros de jornada e amigos, à minha família e ao (pesquisador) João Pereira, que foi o grande precursor dessa tecnologia, que hoje está bastante consolidada entre os produtores”, afirmou.

Claudio Karia representou a equipe homenageada pela tecnologia “desenvolvimento de forrageiras para o Cerrado”. Ele apresentou a relação de 59 pesquisadores e consultores do Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT), sediado na Colômbia, e do Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation (CSIRO), da Austrália, que já participaram das pesquisas em forragicultura da Unidade desde 1975.

“Fiquei extremamente lisonjeado por representar essas pessoas. A equipe começou junto com a Embrapa Cerrados e, nesse período, lançamos 25 cultivares de forrageiras. Gostaria que todos os analistas, técnicos e assistentes que contribuíram também se sintam homenageados. E graças à parceria com a Unipasto, pudemos fomentar a pesquisa e fornecer aos produtores todas essas tecnologias”, disse Karia, citando o Andropogon gayanus cv. Planaltina, primeira cultivar de forrageira tropical lançado pela Embrapa para o Cerrado, as cultivares de estilosantes Pioneiro e Bandeirante e a braquiária brizantha cv. Marandu, que é plantada em mais de 20 milhões ha no País, gerando retorno econômico anual de mais de R$ 6 bilhões.

O troféu engrenagens pela tecnologia “culturas alternativas para cultivo no Cerrado” foi recebido por Carlos Eduardo Lazarini. “Quando vim para cá, o Cerrado basicamente era soja e milho, e o grande desafio que me colocaram, na época, era: o que mais podemos plantar na região? Conseguimos montar uma boa equipe, incluindo empregados de campo, técnicos agrícolas e de laboratório e pesquisadores. Gostaria de agradecer ao Wenceslau (Goedert), pois a ideia de culturas alternativas começou na chefia dele. Somos felizes porque muitas das inúmeras espécies que testamos hoje são realidade em diversas regiões do Cerrado”, afirmou, também agradecendo aos ex-chefes Carlos Magno da Rocha e José Roberto Peres e à atual chefia da Unidade pelo apoio.

José de Ribamar dos Anjos recebeu o troféu pela tecnologia “fitopatologia no Cerrado”. O pesquisador, que ingressou na Embrapa Cerrados em 1984, lembrou que as pesquisas em fitopatologia da Unidade foram iniciadas na década de 1970 com a pesquisadora Maria José Charchar. “Temos desenvolvido tecnologias no sentido de combater as principais doenças que limitam, sobretudo, as culturas de grãos como milho, soja, arroz, feijão, feijão-caupi, frutíferas como manga e maracujá e espécies nativas como a mangaba e o pequi, contribuindo para a produção de alimentos no Cerrado em particular e para o Brasil como um todo. Outras culturas estão se inserindo no sistema do Cerrado e temos que continuar trabalhando também”, apontou.

O troféu engrenagens pela tecnologia “validação tecnológica e desenvolvimento da agricultura familiar” foi entregue a José Humberto Xavier. “Represento um grupo de pessoas do qual orgulhosamente faço parte, que trabalham com a temática da adaptação e construção de conhecimentos voltados ao desenvolvimento rural com foco na agricultura familiar. Pelo reconhecimento desse trabalho, fomos chamados, na década de 1990, para ajudar a construir a primeira política pública voltada à agricultura familiar, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Isso é motivo de muito orgulho para todos nós e para a Embrapa Cerrados”, recordou, agradecendo a honraria.

Thomaz Rein, que recebeu o troféu pela tecnologia “fertilidade e manejo de solo no cultivo de cana-de-açúcar no Cerrado”, manifestou a honra de estar na presença dos pioneiros da Embrapa Cerrados, especialmente daqueles que iniciaram as pesquisas, Plínio de Souza, que o contratou como bolsista, e Wenceslau Goedert, que o admitiu como pesquisador em 1984. Ele lembrou que chegou à Unidade no momento em que surgiam as questões de fertilidade de solo no Brasil e o centro gerava o conhecimento, com estudos sobre o efeito residual de fertilizantes, formas de manejo da adubação fosfatada, micronutrientes, problemas de acidez do solo em profundidade e com a condução de experimentos de longa duração até então inéditos no País.

“Tive o privilégio de me formar como pesquisador com essas pessoas. E quis o destino que aqui se reunisse, na área de fertilidade do solo, uma equipe extremamente especial, com muito entusiasmo e talentos que se complementavam”, comentou. “E quando iniciamos o trabalho em cana-de-açúcar, há 16 anos, conseguimos seguir essa tradição e contribuir também. Muito já foi feito, com trabalhos em usinas, e obtivemos muitas contribuições daqui”, disse citando o estudo da viabilidade do plantio direto em cana-de-açúcar; o cultivo de culturas intercalares à cana; trabalhos com manejo da adubação fosfatada na cultura; o uso de gesso agrícola, com ganhos de produtividade e sequestro de carbono em profundidade; o estudo do manejo do palhiço e o aproveitamento para energia; a decomposição do palhiço; avaliação das emissões de óxido nitroso no cultivo da cana; efeitos da vinhaça no solo. “E em meu nome, dedico também esse troféu a toda a minha família”, finalizou.

O troféu engrenagens foi entregue, ainda, a Edson Sano, pela tecnologia “sensoriamento remoto”. Ele agradeceu à homenagem em nome dos colegas da área.

Após a entrega dos troféus das engrenagens, os sete pesquisadores se juntaram, no palco, aos demais colegas que já haviam recebido a homenagem em nomes de suas equipes técnicas nos anos anteriores (confira a lista completa aqui) para uma foto de recordação.

Homenagem especial a John Landers

No encerramento da solenidade, o chefe-geral Sebastião Pedro fez um agradecimento aos produtores rurais, fundamentais para a atuação da Embrapa Cerrados. “A Unidade foi criada para resolver problemas, criando condições para incorporar a produção agrícola no solo e no clima do Cerrado. Isso aconteceu porque o produtor necessitava disso para produzir o alimento de que a sociedade precisava. Sem o produtor rural, não saberíamos quais problemas teríamos que resolver. Essa parceria é vital tanto para a agricultura brasileira”, ressaltou, parabenizando os produtores presentes.

Sebastião Pedro lembrou que, apesar dos resultados obtidos pela pesquisa em 50 anos, novos problemas surgem a cada dia na agricultura por não haver como controlar a grande quantidade de fatores e variáveis que governam a produção. “Graças a Deus, no Brasil, temos a Embrapa, uma estrutura montada estrategicamente para captar os problemas, resolvê-los com ciência e tecnologia e devolver (soluções) à sociedade por meio de parcerias”, afirmou, citando os recordes de produtividade da soja brasileira e a posição do País como principal exportador de carne.

Por outro lado, na visão do chefe-geral, a quantidade de problemas é atualmente maior que no início da Embrapa Cerrados, e tais problemas são mais complexos. “O trabalho não pode parar, a atividade de pesquisa será cada vez mais complexa e precisamos estar sempre de mãos dadas com o produtor e com a cadeia produtiva”, apontou, citando pesquisas em andamento que visam à redução do custo de produção e de emissões de gases de efeito estufa, à melhoria da qualidade do solo, maior economia de água. “São coisas de que vamos precisar no futuro e talvez sejam mais complexas de serem equalizadas. Mas temos pessoas no setor rural com vocação para produzir”, completou.

O chefe-geral apontou desafios para a pesquisa nos próximos anos, como a aceleração da diversificação das culturas, das espécies frutíferas e da economia circular, bem como o uso de insumos regionais para baratear a produção, desdolarizar a economia e reduzir a dependência de importações.

“Ao refletir sobre tudo isso, me lembrei de uma pessoa que é do setor produtivo, foi da pesquisa e da extensão rural, que é o nosso amigo John Nicholas Landers. Nosso agradecimento por tudo o que ele fez por nós, inclusive pela Embrapa Cerrados, no início e até antes dela”, disse Sebastião Pedro. O agrônomo britânico, considerado o “pai” do Sistema Plantio Direto no Cerrado e um dos principais disseminadores da prática de manejo do solo, não esteve presente na solenidade, e o troféu de homenagem foi recebido por Ronaldo Trecenti, membro do Conselho Deliberativo da Federação Brasileira do Sistema Plantio Direto (Febrapdp), da qual Landers é um dos diretores honorários.

Confira a entrevista com John Landers aqui.

E para saber mais sobre a trajetória de sucesso da Embrapa Cerrados, leia este artigo de Sebastião Pedro.

Fonte: Embrapa

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