“Tive de vencer preconceitos dentro de casa”
Com apenas 26 anos e já com importantes experiências relacionadas ao café, inclusive internacionais, a produtora rural Isabel Vilela, de Campo Belo (MG), conta como ainda é forte o preconceito em relação à atuação das mulheres no campo, em particular na cafeicultura. Ela é filha de produtor rural, mas nunca era inserida nas questões da propriedade. “Soube da importância da cafeicultura quando fui fazer intercâmbio durante o ensino médio na Finlândia, país que mais consome a bebida per capta. Não conhecia sequer um pé de café”, relembra sorrindo.
O pai preparou o irmão de Isabel para a sucessão na administração da fazenda que também produz grãos e leite. Ela conta que tudo mudou para ela quando soube que, ao lado da universidade em que fazia graduação em Relações Internacionais, iria acontecer a Semana Internacional do Café. “Me inscrevi para trabalhar como intérprete no evento e soube que estava acontecendo um encontro da Aliança Internacional das Mulheres do Café – IWCA Brasil. Fui de curiosa e fiquei assustada quando vi um auditório lotado de mulheres debatendo sobre o assunto. Eu pensei: Nossa!! Tem lugar para mulher no café.”
A partir daí ela se apaixonou pelo café, passou a fazer vários cursos na área, atuou como voluntária e depois como gestora executiva da IWCA Brasil. Mas apesar de algumas pessoas a incentivarem, Vilela conta que teve que vencer barreiras, inclusive em relação ao seu pai, que lhe disse: ”Isabel, café não é para mulher”. “Na IWCA conheci histórias de cortar o coração, de mulheres que passam situações muito difíceis por conta de sucessão. Tem famílias que chegam a vender a propriedade porque só tiveram filhas”, conta. Atualmente Isabel é responsável pela área financeira da fazenda e pela qualidade na produção de café.
Foto: Eduardo Vilela
|