06 out de 2016
Brasil -Leite: Supermercados sobem os preços do UHT e derivados. Já o preço pago ao produtor despenca!

relatório mensal do preço do leite pago ao produtor, mostra que houve baixas generalizadas em todo o Brasil. Já nossas pesquisas junto aos supermercados mostram um comportamento totalmente ao contrário com relação a precificação do leite UHT e derivados (mussarela, queijo prato e queijo branco). Os preços destes itens registraram altas de até 60% no mesmo período.

Acompanhe neste nosso novo POST, e entenda a situação em que os produtores de leite se encontram.

PESQUISA CEPEA/ESALQ

O CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da ESALQ/USP divulgou sua pesquisa mensal sobre os preços do leite pago ao produtor durante o mês de setembro. A “média Brasil” (sem frete e impostos) foi de R$ 1,53/litro, redução de 10,0% em relação a agosto, quando a média Brasil havia registrado R$1,69/litro. Mesmo com a queda, a cotação ainda acumula alta de 58,9% no ano. Importante reforçar que a pesquisa CEPEA/ESALQ pondera as médias pelo volume captado nos estados de GO, MG, PR, RS, SC, SP e BA.

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NA CONTRAMÃO SUPERMERCADOS SOBEM OS PREÇOS DO LEITE UHT, QUEIJOS E DERIVADOS.

1-) PASTOS E CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO

Muito se falou durante todo o mês de agosto e setembro, que com o retorno das chuvas, estava havendo a recuperação das pastagens e consequentemente aumento da produção. Evidentemente que quando o produtor de leite produz mais, a indústria é porque a indústria está captando mais leite. Ninguém produz para leite para jogar fora.

De julho para agosto, o Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L/Cepea) aumentou significativos 6,2%, com destaque para Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com significativas altas de 11,76% e 11,37%, respectivamente.

Mas o Brasil é um país muito grande e com particularidades bem distintas entre o Norte e o Sul, Leste e Oeste. Vejamos nos mapas abaixo o que aconteceu em termos de chuvas e umidade de solo nos últimos 90 dias:

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Pelos quadros acima do INMET é possível ver que choveu sim, de forma considerável no Sul do país nos últimos 30 dias e não tanto, no Sudeste, Centro Oeste e Norte do Brasil.

Já para o acumulado dos últimos 90 dias, as chuvas ainda foram insuficientes para recuperar a umidade do solo e consequentemente promoverem a “brota” das pastagens.Importante ressaltar também que os mapas apresentados acima têm como data de corte o dia 1º de outubro. Os serviços de meteorologia analisados por nós mostram que nesta primeira semana de outubro tem chovido de forma generalizada em todo o Brasil, melhorando ainda mais as condições de umidade de solo para a recuperação das pastagens.

Entretanto não é só de umidade no solo que se faz a recuperação das pastagens. É preciso que as temperaturas se elevem e que haja luminosidade suficiente para que os pastos brotem. Veja no quadro abaixo sobre as temperaturas médias de setembro, que este tem sido o “gargalo”:

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Reparem que exatamente na região sul, onde houve chuvas em excesso, as temperaturas estiveram abaixo da média para o período. Já na região Sudeste, Centro Oeste e Norte do Brasil, onde as chuvas estiveram abaixo da média para o período, as temperaturas estiveram acima da média.

Ou seja, a combinação, chuva e temperatura, estão descasadas em termos de regionalidade de bacia leiteira. Isso faz com que os custos de produção estejam ainda muito dependentes de arraçoamento, suplementação de volumoso (silagem, feno, pré secado), para que o produtor de leite ainda continue produzindo a mesma quantidade de leite ou até mesmo um pouco menos.

2-) MERCADO DE LEITE

Apostando na alta da captação do leite que pode ter ocorrido no Sul do país pelas condições climáticas apresentadas anteriormente, a indústria começou a ofertar preços bem menores para os produtores de todo o Brasil. Quase que de uma forma generalizada e sem maiores explicações, os preços foram sendo reduzidos. Tanto é que a tabela de preços ESALQ apresentada mostra que as 7 praças analisadas sofreram quedas.

Outro fator apresentado pelo mercado como motivo para as quedas dos preços pagos aos produtores de leite, foi o alto índice de desemprego e perda do poder aquisitivo da massa assalariada que tem perdido “o fôlego” para comprar leite e derivados no supermercado.

Os preços médios do leite UHT e do queijo mussarela negociados no atacado de São Paulo em setembro foram de R$ 2,49/litro e R$ 19,20/kg, respectivamente, quedas de 23,1% e 8,41% em relação às médias de agosto. Com o cenário de quedas intensas nos últimos dois meses, a variação acumulada do leite UHT desde o início do ano passou para 6,3%. A pesquisa de derivados do CEPEA é realizada diariamente com laticínios e atacadistas e tem o apoio financeiro da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).

3-) SUPERMERCADOS NA CONTRAMÃO DE TUDO LUCRAM SOZINHOS!

Preocupados com a situação dos nossos amigos produtores de leite, o BLOG do DANIEL DIAS saiu às ruas. Fomos “pessoalmente” aos principais supermercados de importantes regiões das bacias leiteiras mais expressivas. Pesquisamos os preços diretamente nas gôndolas dos supermercados, vejam os resultados:

 SÃO PAULO – SP:

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 BELO HORIZONTE – MG:

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 CUIABÁ – MT:

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 GOIANIA – GO:

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 Não somente no que tange ao leite UHT longa vida, mas principalmente nos derivados, o comportamento dos preços nas gôndolas foram os mesmos:

QUEIJOS:

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REQUEIJÃO:

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CONCLUSÃO:

1-) CLIMA: As chuvas voltaram sim. Com mais intensidade e de forma generalizada apenas neste outubro. Mas as temperaturas ainda não permitiram a recuperação das pastagens. Com isso os produtores ainda estão dependentes de ração, silagem, feno, pré-secado e etc.

2-) CUSTO DE PRODUÇÃO: Os custos de produção estão nos mesmos patamares de elevação que estavam no primeiro semestre. Até mesmo com relação à ração, que embora tenha registrado leves baixas ainda acumulam altas de aproximadamente 17%.

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 Combustível, energia elétrica e mão de obra estão com seus custos estagnados, levando em consideração que em janeiro de 2017 teremos alta do salário mínimo, o que trará uma pressão ainda maior no custo de produção.

3-) PRODUTOR DE LEITE ESTÁ DESAMPARADO: O BLOG do DANIEL DIAS, tomou a “cadeia do leite” como uma das suas principais causas desde que iniciamos com esta ferramenta. E sempre enfatizamos que o Agronegócio Leite está totalmente desamparado. Os produtores de leite não contam com a complacência das indústrias e o setor supermercadista visa somente a sua lucratividade.

É preciso urgentemente que sejam implementadas medidas públicas que regulamentem a forma de remuneração do produtor rural. Atualmente o produtor produz diariamente e entrega seu leite aos laticínios que somente depois de 45 dias informam qual será o preço pago. As indústrias têm o livre arbítrio de reduzirem os preços como acharem mais pertinentes para garantirem suas margens. Com isso os produtores rurais, indiretamente estão pagando “as contas” de toda a cadeia.

Atualmente temos 1,3 milhões de produtores de leite que empregam cerca de 4 milhão de trabalhadores. Em contrapartida temos cadastrados no Ministério da Agricultura apenas 2.000 laticínios com SIF.

Não é possível que o Governo Federal vá demorar a agir de forma eficiente e eficaz contra uma verdadeira “máfia” de escravidão e exploração que pode colocar em colapso um setor que movimenta R$60 bilhões de reias e que somente dentro da porteira, tenha um VALOR BRUTO DE PRODUÇÃO de R$29 bilhões de reais.

Produzir sem remuneração perante o descaso do Governo Federal para com os produtores de leite é inaceitável! A indústria por sua vez deve aprender que sem produtor de leite dedicado a atividade elas morrem junto!

Sou fã do produtor rural! Produtor de leite, vocês merecem todo o nosso respeito… Sem leite não se cria uma criança! Ainda vamos debater muito este assunto de interferência do Governo nas regras de comercialização do leite este mês… Fique “atento”!

Vamos que Vamos Agro!

 

Blog Canal Rural

 

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