Brasil – Mapa – Estudos sobre emissão e remoção de gases de efeito estufa e adaptação agropecuária à mudança do clima são apresentados na COP26
Material em inglês reúne trabalhos científicos de mais de 660 pesquisadores da área e pode subsidiar países na elaboração de estratégias de enfrentamento à mudança do clima e na construção de ações para mitigação de GEE pela agropecuária
OMinistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) está lançando, durante a COP26, as versões em inglês de três livros que reúnem pesquisas sobre os fatores de emissão e remoção de gases de efeito estufa na pecuária e na agricultura, além das estratégias de adaptação à mudança do clima na agropecuária. As publicações trazem informações sobre a emissão e remoção de GEE para culturas como cana-de-açúcar, grãos, sistemas integrados de produção e florestas plantadas e também abordam estratégias remoção de metano na pecuária.
Liderado pela equipe da Coordenação-Geral de Mudanças Climáticas e Agropecuária Conservacionista, do Departamento de Produção Sustentável e Irrigação do Mapa, o trabalho mobilizou mais de 660 pesquisadores de diferentes cadeias agropecuárias e biomas, para a compilação de informações e foi realizado em parceria com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações, o Ministério das Relações Exteriores e o Senar/CNA.
Dois volumes representam um retrato amplo e objetivo sobre fatores de emissão e remoção, específicos para as principais culturas e sistemas de produção do país e sobre alternativas de manejo desenvolvidas para maior controle de emissões dos gases de efeito estufa. Ambas consideram somente dados obtidos a partir de metodologias científicas aceitas internacionalmente.
O terceiro volume reúne estratégias de adaptação da agropecuária às mudanças do clima, trazendo maiores compreensão de como a agropecuária pode se tornar mais resiliente aos desafios climáticos.
Confira aqui as publicações apresentadas na COP26:
As publicações já haviam sido publicadas no Brasil em abril, em português e, com o apoio da FAO, foram traduzidas para o inglês para serem lançadas na COP26. Por se tratar de um robusto conteúdo técnico-científico, as coletâneas podem subsidiar diversos países na elaboração de estratégias de enfrentamento a mudança do clima e na construção de ações para mitigação de GEE pela agropecuária. Assim, o lançamento das 3 publicações na COP26 representa significativa contribuição brasileira em apoio global a agenda climática entregando subsídios de base científica para que os países avancem nos seus compromissos nacionais.
Os trabalhos apresentam dados sobre indicadores adequados para a agropecuária desenvolvida em clima tropical, podendo ser utilizados por outros países com condições agropecuária e climática semelhantes.
Sistemas de Produção
Os dados confirmam, por exemplo, que os sistemas de produção em integração, para os quais o Brasil é referência mundial, permitem mitigar ou até neutralizar as emissões de gases de efeito estufa quando se tem a presença de árvores, tornando o processo de produção ainda mais sustentável.
De acordo com as publicações, os estudos realizados em sistemas em integração do tipo lavoura-pecuária- floresta (ILPF), demonstram a importância de se considerar o ambiente em que o animal é criado, e não somente a emissão de gases decorrentes do processo de ruminação. Este avanço não só melhora o balanço das emissões e remoções, tornando-o mais eficiente, como identifica onde o Brasil ainda precisa melhorar em tecnologias para redução das emissões.
Os níveis de emissões de GEE de cada país estão intrinsicamente ligados a sua própria história, economia e trajetória de desenvolvimento. Fatores específicos, que reflitam a realidade das condições ambientais e tecnológicas dos sistemas produtivos brasileiros, são fundamentais para quantificar mais precisamente as emissões nacionais, permitindo disponibilizar informações adequadas à sociedade, e, sobretudo, direcionar adequadamente o desenho da política setorial nacional de enfrentamento à mudança do clima.
O Brasil, por meio de seus institutos de ciência e tecnologia, gerou fatores de emissão específicos para os sistemas agrícolas nacionais. No entanto, tais informações não são de conhecimento amplo, nem de acesso rápido e sistematizado, dificultando seu uso, entre outros, nos cálculos de emissões nacionais, em contraponto aos usualmente utilizados, estabelecidos pelo IPCC e oriundos de sistemas muito diferentes dos utilizados no Brasil. Tal fato prejudica o entendimento do real potencial de emissão, controle e remoção de GEE pelas atividades agropecuárias nacionais. Desta forma, as coletâneas agrupam o que há de mais recente em dados nacionais que podem servir de base para as contabilizações brasileiras e apresenta à sociedade os resultados deste enorme esforço da ciência brasileira.
A agricultura desenvolveu uma forte capacidade de adaptação, devido ao histórico deslocamento da humanidade para novas áreas e novas características climáticas, além da variabilidade climática à qual se expõe. Portanto, numerosos dados vêm sendo coletados por várias instituições e pessoas em temas relativos aos setores agrícolas sobre a adaptação à variabilidade climática no Brasil.
Mais especificamente quanto à mudança do clima, o que se observa é que pesquisas, instrumentos, programas, iniciativas têm uma grande diversidade de abordagens e estratégias. O estudo publicado pela Mapa é um passo fundamental na tarefa de compreender essa ampla gama de abordagens em fase de desenvolvimento no Brasil e de orientar as bases e o imprescindível detalhamento de estratégias de adaptação dos sistemas agropecuários brasileiros às mudanças do clima.
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