11 jul de 2016
Brasil – Novos tratamentos da Hepatite C incorporados ao SUS não alcançam meta de tratamento prevista, afirma especialista

De acordo com o médico hepatologista Dr. Raymundo Paraná, a restrição do protocolo terapêutico, lotação dos ambulatórios e problemas logísticos são alguns dos fatores que contribuíram para que a meta não fosse alcançada  

Quase um ano após a incorporação dos novos tratamentos da Hepatite C ao Sistema Único de Saúde, ocorrida em agosto do ano passado, a meta de tratar aproximadamente 40 mil pacientes até 2016 parece longe de ser alcançada. Alguns dos fatores são os sérios problemas logísticos no encaminhamento de pacientes e a lotação nos ambulatórios dos Centros de Referência, como explica o médico hepatologista Dr. Raymundo Paraná. “Como nosso protocolo terapêutico optou por tratar apenas pacientes com doenças mais avançadas, eles dependem de centros de maior complexidade, que já se encontravam superlotados anteriormente. Sendo assim, infelizmente todo o esforço para o tratamento da Hepatite C não tem sido suficiente para contemplar o grande número de pacientes que aguardam na lista”, elucida.

Na Bahia, cerca de 400 pacientes já foram tratados, porém ainda há o mesmo número de pessoas aguardando o tratamento. “Desde fevereiro não conseguimos iniciar pacientes novos, uma vez que ainda não estamos atendendo os pacientes do ano passado”, complementa Paraná.

Em São Paulo, a situação não é diferente. Em todo o estado, foram liberados 8.100 tratamentos, porém há mais 5.600 aguardando na lista de espera segundo dados do Programa Estadual de Hepatites Virais. De acordo com o coordenador de um Ambulatório de Hepatites Virais do Hospital São Paulo, na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), das 120 solicitações recebidas apenas cinco foram atendidas. No Centro de Referência e Treinamento de São Paulo, das 1.500 solicitações públicas e privadas, somente 600 foram atendidas. “Esses dados corroboram com a nossa ideia de que não alcançamos a meta dos pacientes tratados em todo o país”, afirma Dr. Raymundo Paraná.

Ainda segundo o especialista, esses dados preocupam, visto que a Hepatite C é responsável sozinha por metade das indicações de transplante de fígado no país (cerca de 900 procedimentos por ano) e por 50% a 70% dos casos de câncer de fígado, que é o sexto tumor mais frequente. “O transplante e o tratamento para o câncer são procedimentos dispendiosos, que penalizam o SUS com altos recursos que poderiam hoje ser economizados para o tratamento de pacientes com doença hepática reversível, complementa. Dr. Paraná explica também que as Sociedades de Hepatologia e Infectologia preocupam-se com a vulnerabilidade em não se ampliar a oferta de tratamento para os pacientes com doenças menos complexas, bem como a não permissão para a descentralização dos serviços que poderiam atender grande parte dos pacientes que não podem mais esperar pelo tratamento.

Doença silenciosa

Por se tratar de uma doença que não apresenta sintomas por longo tempo, o diagnóstico se torna um fator fundamental para aumentar as chances de cura. No Brasil, estima-se que a detecção de casos de Hepatite C não alcance 10% no universo de pacientes infectados. “Para que consigamos ampliar esse diagnóstico precoce, é primordial que se faça um programa de educação médica continuada com todas as especialidades, para que todos os médicos rastreiem a Hepatite C nos seus pacientes, além de campanhas educativas nas escolas, centros de saúde e na imprensa para que essas pessoas solicitem os testes”, afirma Dr. Raymundo Paraná.

Hepatologia do Milênio

Para discutir estes e outros assuntos relacionados às doenças do fígado, será realizado entre os dias 13 e 15 de julho, no Bahia Othon Palace Hotel, o 19º Simpósio Hepatologia do Milênio, programa de educação médica continuada que reúne todos os anos especialistas brasileiros e de vários países.

Com um modelo pedagógico interativo, o evento promove a multidisciplinaridade e a proximidade entre os médicos que trabalham nos serviços de saúde com foco nas doenças do fígado, além de utilizar um modelo de imersão baseado na vida real da prática médica.

As inscrições poderão ser feitas no local do congresso a partir das 7h do dia 13 de julhono local do evento ou através do site www.hepatologiadomilenio.com.br

Serviço

Hepatologia do Milênio 2015

Quando: de 13 a 15 de julho

Onde: Bahia Othon Palace Hotel, Salvador – Bahia

Horário: das 7h às 19h

Mais informações e a programação completa do evento estão no site:

http://www.hepatologiadomilenio.com.br/

Inscrições: no local, a partir das 7h do dia 13 de julho

 

Texto & Cia – Assessoria de Comunicação

 

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