21 fev de 2016
Brasil – O Agronegócio, a esquerda radical, os “ecochatos” e a Igreja

Por Antônio Oliveira

Recebi, de uma amiga conhecedora da minha atuação jornalística no agronegócio e na agricultura familiar, um fac-símile da “Carta Aberta da Cáritas Diocesana ao povo de Deus, por ocasião do jubileu de 50 anos da Diocese de Miracema do Tocantins”, documento assinado pelo Bispo da Diocese de Miracema, Dom Philip Dickmans, após reunião de religiosos católicos nas cidades de Goiatins, Barra do Ouro e Campos Lindos, três das cidades tocantinenses com o menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), do Tocantins.

Dom Philip, ao lado do Núncio Apostólico, o Revdo. Dom Lorenzo Baldisseri. (Foto: Diocese de Miracema0
Dom Philip, ao lado do Núncio Apostólico, o Revdo. Dom Lorenzo Baldisseri. (Foto: Diocese de Miracema)

A Carta é um protesto procedente por um lado e improcedente por outro. No seu todo, não deixa de indignar os atores, os observadores e os estudantes do agronegócio.

Procedente quando reporta “as mazelas e a ausência do Estado”, conforme trecho que transcrevo a seguir:

“Ao fazermos memória de meio século de vida desta Diocese, o Bispado, a Cáritas, as Pastorais Sociais, as Ceb’s e todo o povo de Deus, engajado na luta camponesa, a favor dos que sofrem as consequências das mazelas e da ausência do Estado que, frequentemente foge de seu objetivo primário, como é a promoção da equidade e da defesa dos menos favorecidos. Estado por que e para que? O Estado. De fato e de direito, deve existir para proteger quem mais precisa dele. Precisamos de um Poder Executivo que realmente cumpra o seu papel e promover políticas públicas; de um Legislativo que fiscalize e legisle em favor dos pobres e menos favorecidos; de um Judiciário que cumpra de verdade com a missão de justo juiz. E, por fim, que todos nós, homens e mulheres, que vivemos a fé cristã, nos engajamos nas lutas sociais e nos comprometemos com a transformação da dura realidade em que vive o povo dessa nossa Diocese e de todo o Brasil”

Fazendas existem que são verdadeiras cidades com toda estrutura para seus colaboradores,, como esta no sul do Piaui. (Foto: Divulgação)
Fazendas existem que são verdadeiras cidades com toda estrutura para seus colaboradores,, como esta no sul do Piaui. (Foto: Divulgação)

O texto continua, ainda a nosso ver, no direito e no dever do que a Igreja sempre se propôs (muitas vezes misturando religião com Política e valores materiais):

“Posicionamo-nos, incondicionalmente, em defesa da vida das comunidades tradicionais – camponesas, indígenas e quilombolas – que, ao longo dos anos vêm sofrendo ameaças, assassinatos e expulsão de seus territórios, nesta Diocese e no estado do Tocantins, além do Maranhão, do Piauí e da Bahia. O Reino de Deus é para todos que se propõe a construir a unidade, edificada na Justiça,  na igualdade e na solidariedade. Nele não há lugar para a ambição humana que causa a destruição social, ambiental, econômico e principalmente das relações culturais, e nem para o predomínio do individualismo, do consumismo e do economissismo (sic) desenfreado para uma minoria”.

Neste parágrafo, a Igreja defende tudo o que uma sociedade consciente, equilibrada e com sede de justiça social defende, inclusive os atores e corporações do agronegócio, instituição atacada pela Igreja, pelos “ecochatos” e pela esquerda radical. E temos mesmo que unir forças para varrer do nosso País as desigualdades sociais, às agressões ao meio ambiente, a concentração de terras nas mãos de poucos que as mantém improdutivas, especulativas.

Salvemos, pois, esta posição da Diocese de Miracema exposta nesta Carta.

Nesta média propriedade, no centro-norte do Tocantins, uma sede de bem estar para colaboradores. (Foto: Antônio Oliveira)
Nesta média propriedade, no centro-norte do Tocantins, uma sede de bem estar para colaboradores. (Foto: Antônio Oliveira)

A seguir, o que eu chamo de improcedente, ou de ataque equivocado ao agronegócio e à Agência MATOPIBA, esta ainda não compreendida por muitos dessas três categorias que dão título a este meu artigo:

“Somos sabedores dos impactados sociais e ambientais, com a chegada da última fronteira agrícola, denominada de MATOPIBA, que abrange, territorialmente, os Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Com a vigência deste projeto, já se evidencia uma verdadeira catástrofe, com a completa degradação do nosso Cerrado, a destruição das fontes de águas, da fauna e das populações campesinas, nos moldes da agricultura familiar. Este modelo de desenvolvimento já foi testado em Campos Lindos, cidade esta que abriga o maior projeto de grãos do Estado do Tocantins, onde mais de 80% da população vive na pobreza e mais de 60% dos moradores estão em extrema indigência. O modo de vida adotado por este modelo de desenvolvimento que não leva em conta o ser humano, nem a biodiversidade, pois, tem como objetivo implícito massacrar e destruir os camponeses, os ribeirinhos, os índios e todos que se opõe ao lucro de poucos, em razão da miséria e morte de muitos”.

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Aproveitamento correto da água, é outra prática no agronegócio moderno. (Fazenda Brejinho, TO). (Foto: Antônio Oliveira)

O texto tem seu final ainda carregado de equívocos e incentivando, de uma forma direta ou indireta, o confronto dos incautos contra os setores produtivos rurais no Brasil.

Eis:

“Denunciamos, por fim, o plano estratégico do Governo que quer vender a ideia de “progresso e de desenvolvimento”, sem levar em conta as gerações atuais e futuras. Na verdade, o que realmente defende é o avanço acelerado do agronegócio, que causa a expulsão de centenas de camponeses, em nome do lucro, a qualquer custo. Ao mesmo tempo, anunciamos ser possível a vida, em harmonia com a natureza. Neste sentido, nos posicionamos em defesa das comunidades tradicionais e dos agricultores familiares que são os responsáveis por parcela significativa dos alimentos que pomos em nossas mesas. Estes têm papel preponderante na defesa de um desenvolvimento sustentável”.

Os equívocos

Analisemos a seguir os equívocos e as injustiças cometidos insistentemente por esse trio que ataca por atacar, sem a preocupação de conhecer, mais profundamente, a dinâmica do agronegócio; que confunde produtores rurais com especuladores, madeireiros, grileiros e aventureiros.

Comecemos pela definição de MATOPIBA. Trata-se de quatro regiões agrícolas consolidadas que se interagem em função de suas ligações geográficas e semelhança de condições edafoclimáticas no Norte e Nordeste do Brasil: todo o Tocantins, oeste da Bahia e regiões sul do Maranhão e do Piauí – áreas de Cerrado. É verdade que, principalmente, no oeste da Bahia, sofreram com a intervenção de grileiros, especuladores imobiliários e aventureiros,  na sua fase inicial de exploração agrícola. Mas isso não significa que o produtor rural, caracterizado nesse território por pessoas que deixaram o Sul e o Sudeste do Brasil, onde venderam pequenas propriedades formadas para investirem na outrora região improdutiva. (E assim procederam, muitas vezes, para abrir oportunidades para os filhos, fazendo a chamada sucessão familiar).

Diversificação de culturas, aliado a preservação do meio ambiente. (Faz. Brejinho -TO). (Foto: Antônio Oliveira)
Diversificação de culturas, aliado a preservação do meio ambiente. (Faz. Brejinho -TO). (Foto: Antônio Oliveira)

Trouxeram família, investiram pesado no trabalho braçal, em máquinas e equipamentos caríssimos e, hoje, ao contrário do que diziam os nativos, não “retornaram à suas origens depois de se enriquecerem, deixando a terra devastada”, continuam nos cerrados do Norte e Nordeste, com suas propriedades já tocadas por suas segunda e/ou terceira gerações. Estas, fazendo projetos que serão tocados por seus filhos, netos, bisnetos. Enfim, fazem uma agricultura de ponta e com sustentabilidade ambiental e social, pois os principais capital e matéria-prima que têm é a terra.

Não se deve confundir produtor rural com grileiros, especuladores e aventureiros. Estes, pouco espaço conseguem neste contexto.

Ao contrário do que dizem os que preferem tomar bênção ao diabo a admitir o Agronegócio, cada vez mais, graças às pesquisas, as tecnologias e a consciência do produtor rural, cada vez mais o Cerrado é preservado e se produz mais – na agricultura e na pecuária – em menor espaço, graças às tecnologias que permitem cada vez mais produtividade.

Graças, ainda, á tecnologias como o Plantio Direto, a rotação de cultura, os consórcios lavoura-pecuária, pecuária-silvicultura, etc, o solo é cada vez mais preservado.

Não só a consciência do moderno produtor rural, mas também as legislações ambientais e trabalhistas do Brasil – estas muito mais rígidas para a empresa rural -, fazem com que cada vez mais se produza com sustentabilidade, termo que, no agronegócio, significa produzir respeitando o meio ambiente; uso correto do solo e os recursos hídricos; respeito às leis trabalhistas, etc.

Política e programas internacionais até motivam esta sustentabilidade ao não comprar a produção de quem não observa os itens de sustentabilidade, pratica o trabalho análogo à escravidão e a exploração da mão-de-obra infantil.

Aí vem alguém e diz: “Há mais o Ministério está sempre flagrando trabalho análogo a escravidão nas propriedades rurais!”. Sim, flagra. Poucas vezes, verdade – praticada por aventureiros que ainda existem no agronegócio – e tantas vezes, exagero de alguns fiscais do trabalho que agem mais movidos por ideologias políticas equivocadas e  ojeriza ao Agronegócio e, com isto, sai por ai generalizando, cometendo injustiça contra o empregador rural, quando, muitas vezes a culpa é do empregado que  deixa de lado todos os cuidados que a propriedade tem com sua segurança e bem estar.

Restaurantes e sanitários que se deslocam até o campo. (Fazenda Brejinho-TO). (Foto: Antônio Oliveira)
Restaurantes e sanitários que se deslocam até o campo. (Fazenda Brejinho-TO). (Foto: Antônio Oliveira)

Tendo como base a região oeste da Bahia, cito aqui um pequeno exemplo de cuidados ambientais dos produtores da região para com o meio ambiente:

O Cerrado baiano, principalmente em sua parte alta, é cortado por grande número de rios de águas cristalinas. Em sua maioria, eles nascem na Serra Geral, cortam inúmeras fazendas de grãos e algodão, inclusive cedendo suas águas para a irrigação, e seguem em direção a cidade de Barreiras, onde se encontram com o Rio Grande que também nasce aos pés da Serra. Todos eles têm chácaras de recreio em suas margens, são balneários.

Não é na zona rural que esses mananciais se poluem, mas sim quando adentram cidades como Barreiras. Nestas, se misturam com o esgoto. Não são mais balneáveis.

Graças a esse grau de consciência, as condições de trabalho nas fazendas, chegam a ser melhores que na cidade. Fazendas existem onde o trabalhador tem bons restaurantes, dormitórios e áreas de lazer, itens que muitas empresas urbanas não têm.

Enfim, é o agronegócio o responsável pela melhoria das condições de vida nas cidades; ele mesmo construiu cidades. É o que garante, todos os anos, o equilíbrio da balança comercial do País e é o responsável por mais de 30% dos empregos gerados no Brasil. Algum mal nisto?

Sobre a Agência MATOPIBA

Quanto a Agência MATOPIBA é outro equívoco, repetido nesta Carta.

No que consiste esta Agência? Ela faz parte da política do atual governo – quiçá se transforme em política de Estado – que tem ideias de desenvolvimento social e econômico equilibrado, incluindo no processo as cidades de regiões agrícolas e os pequenos produtores rurais.

Criada após anos de minucioso estudo por parte de uma estatal seríssima, a Embrapa, em  síntese, ela tem a seguinte proposta:

Promover o desenvolvimento visando à elevação da qualidade de vida da população fundamentada na agricultura. Foram definidos três eixos estratégicos para serem trabalhados no MATOPIBA: infraestrutura; inovação e tecnologia; e ampliação da classe média rural.

No estudo, os pesquisadores da Embrapa realizaram  cinco caracterizações: do quadro natural; do quadro agrário; do quadro agrícola; do quadro de infraestrutura; e uma análise socioeconômica.

E concluíram que cerca de 22% do MATOPIBA são áreas em que não podem haver atividades agropecuárias, por serem assentamentos de reforma agrária, terras quilombolas, terras indígenas ou unidades de conservação. Todas as 31 microrregiões do MATOPIBA possuem áreas como essas, ou seja, é uma realidade bastante presente e à qual a gestão territorial precisa estar atenta.

A Embrapa mostrou ainda  dados a respeito de renda per capita anual. No Brasil, gira em torno de R$ 20.000,00. Já na região Norte é de quase R$ 13.000,00 e, no Nordeste, é de cerca de R$ 9.000,00. No MATOPIBA, por sua vez, a renda per capita é de cerca de R$ 7.000,00.

– A região está se desenvolvendo, a agricultura, e talvez não esteja desenvolvendo os agricultores. Nós estamos com uma região que talvez sejam ilhas de prosperidade num mar de miséria, num mar de pobreza – observa a Embrapa.

Na região, continua a Embrapa, há uma concentração muito grande da riqueza: cerca de 80% das propriedades rurais são consideradas muito pobres e outras 14% são consideradas pobres. Ou seja, aproximadamente 94% das propriedades da região estão em condições que podem ser consideradas ruins. E, da riqueza agrícola do MATOPIBA, 28% vêm da soja; também destacam-se bovinos e as culturas do algodão e do milho.

O presidente da Embrapa, Maurício Lopes, entende que “é importante ressaltar que nós temos instituições de pesquisa, universidades no MATOPIBA, mas não podemos esquecer que nós temos muitas instituições fora do MATOPIBA que precisam ser mobilizadas pra cá pra nos ajudar nesse plano”.

Como visto neste resumo, em nenhum momento a proposta da Agência, criada por funcionários públicos altamente éticos e responsáveis, aponta para a devastação do meio ambiente e massacre e destruição de camponeses, de ribeirinhos, de índios e todos que se opõe ao lucro de poucos, em razão da miséria e morte de muitos, como consta nesta Carta em tela e é o pensamento geral dos “ecochatos” e esquerdistas radicais.

Ao contrário, a proposta é fortalecer a prática de sustentabilidade social e ambiental e incluir os que hoje, vivem à margem do processo agropecuário na região.

A Agência é uma das maiores politicas públicas já vistas no Brasil e queira Deus que ela saia da condição de politica de Governo para a condição de politica de Estado. Será que no serviço público não temos homens e mulheres sérios? Temos e devemos acreditar neles.

Sobre o Projeto Campos Lindos

Campos Lindos não é um paraíso, mas esta bem melhor que antes do Projeto, quando maioria das casas eram cobertas de palha. (Foto: Divulgaçao)
Campos Lindos não é um paraíso, mas esta bem melhor que antes do Projeto, quando maioria das casas eram cobertas de palha. (Foto: Divulgaçao)

Quanto ao “ modelo de desenvolvimento já testado em Campos Lindos, cidade esta que abriga o maior projeto de grãos do Estado do Tocantins, onde mais de 80% da população vive na pobreza e mais de 60% dos moradores estão em extrema indigência”,segundo Dom Philip em sua Carta, na verdade o agronegócio faz mais bem às cidades que mal, pois que gera milhares de empregos diretos e indiretos e, com isto, o bem estar social. Uma viagem pelos cerrados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, oeste da Bahia, Tocantins, sul do Piauí e sul do Maranhão revela muito bem o efeito do Agronegócio na vida dessas populações. São cidades que têm, hoje, a qualidade de vida que não tinham antes do advento do desbravamento dos cerrados.

Quanto ao caso de Campos Lindos, no nordeste do Tocantins, o que ocorre lá não é consequência do Agronegócio mais sim, como diz o próprio Dom Philip em sua Missiva (“…[das] consequências das mazelas e da ausência do Estado que, frequentemente foge de seu objetivo primário, como é a promoção da equidade e da defesa dos menos favorecidos. Estado por que e para que? O Estado. De fato e de direito, deve existir para proteger quem mais precisa dele. Precisamos de um Poder Executivo que realmente cumpra o seu papel e promover políticas públicas; de um Legislativo que fiscalize e legisle em favor dos pobres e menos favorecidos; de um Judiciário que cumpra de verdade com a missão de justo juiz”)

O Projeto Campos Lindos foi criado de forma arbitrária pelo ex-governador do Tocantins, Siqueira Campos, que tomou terras de pequenos produtores rurais e os entregou, de uma forma incorreta,  à iniciativa privada para produzir. Muitos estão lá produzindo, outros especulando, inclusive a atual ministra da Agricultura, Kátia Abreu, que obteve terras a preços de banana, adquiriu mais hectares de forma esdrúxula, vendendo-as mais tarde a preços altamente superiores ao preço que pagou ao Estado.

Aliás, o trio do título de meu artigo veem muito a líder política Kátia Abreu como a rainha, a bam-bam no Agronegócio. Balela, Kátia sempre fez uso do Agronegócio por meio do Sindicato Rural de Gurupi, da Federação de Agricultura do Tocantins e da CNA, entidades que presidiu para se promover politicamente. Tanto é que, pelo poder, preferiu ficar a favor, do que ela e o Agronegócio era contra: a CPMF. Já não representa mais os produtores rurais, conforme muitos lideres rurais Brasil afora. Mal sabe diferenciar um grão de uma semente de soja.

Se houveram esses desvios de conduta pública e ética; se houveram espertalhões, o Agronegócio em si não pode pagar por isto.

Campos Lindos produz e de certa forma gera empregos e rendas para a região, para o Estado. Se lá “mais de 80% da população vive na pobreza e mais de 60% dos moradores estão em extrema indigência”, como escreveu o Bispo da Diocese de Miracema, o problema não e causado pelo Agronegócio, pelos produtores de grãos que lá estão trabalhando, mas sim, como também ele escreveu “as consequências das mazelas e da ausência do Estado que, frequentemente foge de seu objetivo primário, como é a promoção da equidade e da defesa dos menos favorecidos. Estado por que e para que? O Estado. De fato e de direito, deve existir para proteger quem mais precisa dele. Precisamos de um Poder Executivo que realmente cumpra o seu papel e promover políticas públicas; de um Legislativo que fiscalize e legisle em favor dos pobres e menos favorecidos; de um Judiciário que cumpra de verdade com a missão de justo juiz”.

Sempre faltou em Campos Lindos a mão dos governos.

Agronegócio, Agricultura Familiar e Assentados da Reforma Agrária

O que alguns segmentos da Igreja, os “ecochatos” e a esquerda radical não veem é que a Agricultura Familiar, modalidade em que a família compra ou herda uma pequena área e nela produz, está se desenvolvendo de forma “tecnificada”, se inserindo cada vez mais no chamado Agronegócio (pois que produz para comercializar – agro, produção rural; negócio, venda do que produz), cumprindo, realmente, com o seu papel de principal fornecedor de alimentos para as mesas da cidade.

Não veem que, enquanto esta modalidade evolui, por estar distante desses conceitos que fomentam o ódio ao Agronegócio, ao contrário os Assentados da Reforma Agrária, ressalvando pequenas exceções, cada vez mais vivem na miséria, tendo a terra para plantar. Por que isto acontece? Por que não é de interesse da esquerda e dos tecnocratas do Incra que eles cresçam. Não crescendo, continuam como massa de manobra, curral eleitoral.

Líderes do Agronegócio, os grandes culpados por esses ataques

Na verdade, a população urbana sempre fez mal juízo do agronegócio. Sempre acreditou que o médio e grande produtor rural toma empréstimo nos bancos oficiais não para produzir, mas para comprar camionetes de luxo; acredita, atualmente, que ele é depredador, planta numa região até esgotar o potencial de suas terras, correndo para fazer o mesmo em outra região e assim sucessivamente; que ele é o terror dos mananciais d´água; senhor de escravos. Enfim, poucos nas cidades conhecem a importância do Agronegócio no equilíbrio social e econômico do Brasil.

Mas o Agronegócio, por meio de seus líderes – os grandes produtores rurais, os presidentes de associações regionais e nacionais  da categoria, sindicatos rurais, cooperativas, etc – têm muita culpa por esta visão distorcida da cidade para o campo.

Numa só palavra, eu classifico o Agronegócio como arrogante e sem estratégia de comunicação e marketing. Seus líderes se isolam, não sabem ou não querem fazer um link entre sua atividade e a cidade.

Seus representantes em nível estadual e nacional, por exemplo, não sabem usar o poder de todo tipo de mídia disponível em seu redor.

Não sabem ou não incluem nas despesas de suas representantes – associações, federações e sindicatos – um orçamento mínimo para publicidade. Nem mesmo em suas promoções de dia-de-campo, quando se gasta com bebidas, comidas, material visual, estandes, barracas, etc. E nada para a mídia divulgar o evento. Afinal, quase sempre um dia-de-campo ou dia técnico é comercial, demonstrações de produtos da iniciativa privada, que envolve muito dinheiro, quando a mídia não tem a obrigação de cobrir e reportar. Todo mundo leva uma “fatia do bolo” menos a mídia, inclusive a especializada.

Quando as grandes empresas do agro, da agroindústria e as representantes nacionais reservam um capital para campanha publicitária, priorizam os veículos de circulação nacional, mais lidos pela elite das grandes cidades e menos pela população dos polos agrícolas, onde atuam os veículos regionais.

A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) já tentou, por duas megas campanhas publicitárias, mostrar às populações urbanas a verdadeira face do agronegócio – a face do trabalho, da geração de empregos e rendas, da sustentabilidade -, mas repetindo os erros: priorizando os grandes veículos e subestimando os regionais que são os que convivem in loco com o homem do campo.

Vai continuar levando “pau” por muito tempo.

 

Editora Cerrado

 

 

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