Na fase em que ainda tocava trombone sob o telhado de vidro, Lula se compartava como um homem que lambe o dedo depois de enfiá-lo num favo de mel. Visitou o triplex ciceroneado por Léo Pinheiro, o dono da OAS. E foge das abelhas desde que o imóvel foi pendurado nas manchetes com elevador privativo, cozinha de luxo e aparência de escândalo.
Lula costumava cavalgar sua autoconfiança com desenvoltura desconcertante. Abalroado por investigações em série, seu desembaraço deu lugar a um silêncio que diz muito sobre sua dificuldade de colocar em pé defesas consistentes. O velho chavão —“eu não sabia”— perdeu a serventia. E o silêncio não é o melhor substituto. Quanto mais Lula demora a se expicar, mais cabonizada fica sua imagem.
Blog do Josias de Souza