23 ago de 2021
Brasil – Pragas – Agricultura digital: como aprimorar o monitoramento de pragas

O monitoramento de pragas é essencial para assegurar a produtividade das culturas e a rentabilidade do sistema produtivo. Sabendo que a tomada de decisão para o controle de pragas é o momento crucial quando se trata de eficiência de manejo, o monitoramento serve de base fundamental para esse fator. Desse modo, meios que facilitam essa etapa e que possibilitam melhor assertividade de manejo são bem-vindos.

Desde o estabelecimento das culturas até a colheita, a exigência do monitoramento populacional de pragas é alta. Logo, é importante realizar vistorias nas lavouras a partir da emergência das plantas ou até mesmo antes, no caso de pragas do solo, visando assim proteger os componentes de produtividade, tais como estande de plantas, número de grãos e peso de grãos.

Além disso, é essencial monitorar tanto os adultos quanto os estágios iniciais das pragas, como no caso das ninfas de percevejos, que ocasionam danos na soja desde o terceiro estágio ninfal. Os percevejos colonizam as plantas de soja no final do período vegetativo da cultura (V6 – V8), quando saem da diapausa e iniciam a reprodução até atingir o pico populacional, durante o período de enchimento de grãos. Além disso, a escolha do momento de controle é de grande importância para obter a quebra do ciclo da praga e ganhar tempo no programa de manejo (RIBEIRO, 2017) (Figura 1).

Figura 1. Período de ocorrência de percevejos na cultura da soja.

Fonte: Nogueira, K. Imagem original disponível em http://aprender.posse.ueg.br:8081/jspui/bitstream/123456789/213/1/MANEJO%20DO%20PERCEVEJO%20MARROM%20%28Euschistus%20heros%29%20NA%20CULTURA%20DA%20SOJA.pdf

Nesse contexto, tomar a decisão no momento certo exige agilidade, conhecimento e compreensão dos cenários tanto em nível de produtor quanto regional. O passo inicial passa pela identificação das pragas, visando saber quais espécies estão atacando a área, seguido pela quantificação da população infestante e, a partir disso, realização do diagnóstico para efetuar o manejo mais adequado.

Para isso, é possível aprimorar o monitoramento utilizando ferramentas que auxiliam em cada uma dessas etapas. Catálogo de imagens, planilhas eletrônicas, determinação de posicionamento global (GPS) e transmissão de dados em tempo real são alguns dos instrumentos capazes de proporcionar uma integração do campo com o meio digital (Figura 2).

Figura 2. Integração do monitoramento no campo com o meio digital.

Fonte: Embrapa. Imagem original disponível em http://www.cnpso.embrapa.br/caravana/pdfs/modulo2.pdf

Aliado a isso, a tomada de decisão com base em dados se aproxima diretamente do manejo integrado de pragas (MIP), ou seja, evita erros de amostragem que influenciam diretamente nos custos de produção. Com o maior engajamento de ferramentas digitais no monitoramento de pragas dentro das propriedades rurais, torna-se possível o compartilhamento de dados em tempo real visando um acompanhamento da pressão de pragas nas regiões agrícolas, verificando a eficiência de controle nas diferentes áreas.

Já existem aplicativos disponíveis com essas funcionalidades, havendo um investimento forte de certas empresas na área. O maior benefício desse incremento digital é o aumento na precisão e confiabilidade do monitoramento. Além disso, é possível integrar outras classes de dados que tenham relação com o manejo de insetos-praga, como monitoramento de plantas daninhas hospedeiras de insetos e análises de solo.

Em experimento da Embrapa juntamente com a Cooperativa Cocamar na safra de soja 2019/2020, baseado no conceito de zonas de manejo (ou seja, conhecer o comportamento de cada talhão dentro da propriedade e adotar estratégias específicas), verificou-se que tecnologias digitais associadas ao MIP reduziram a aplicação de inseticidas. Além disso, foi possível verificar que o uso de ferramentas de georreferenciamento, com geração de mapas de distribuição espacial dos insetos na lavoura, possibilitou orientar as pulverizações e racionalizar o controle (Figura 3).

Figura 3. Exemplo de distribuição espacial de percevejos em um talhão, conforme a amostragem de campo.

Fonte: Cooperativa Cocamar. Imagem original disponível em https://maissoja.com.br/tecnologias-digitais-aumentam-a-eficiencia-do-manejo-integrado-de-pragas/

Por fim, ressalta-se que a decisão de controle é complexa e envolve diversos fatores, exigindo do responsável técnico o conhecimento necessário e a capacidade para compreender diferentes cenários. Ademais, existem muitas informações equivocadas sobre o uso de tecnologias digitais na agricultura, sendo necessário tornar essas ferramentas mais palpáveis para a realidade dos produtores. Apesar disso, é possível afirmar que a tecnologia funciona e torna o monitoramento das lavouras mais assertivo e eficiente.

Revisão: Henrique Pozebon, Mestrando PPGAgro  e Prof. Jonas Arnemann, PhD. e Coordenador do Grupo de Manejo e Genética de Pragas – UFSM

REFERÊNCIAS:

RIBEIRO, F. C.; ERASMO, E. A. L.; GARCIA, J. P. M; FARIA, D. I. O. A; ROCHA, F. S.; CERQUEIRA, F. B. Eficiência de Inseticidas no controle preventivo de percevejo-marrom na Cultura da Soja. Tecnologia e Ciência Agropecuária. João Pessoa, v.11, n.01. Mar. 2017.

Fonte: Mais Soja

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