06 nov de 2019
Brasil – Pragas – Percevejo-marrom: conhecer para manejar…

Os percevejos representam uma das principais pragas da cultura da soja. O percevejo-marrom, Euschistus heros (Fabr., 1798), era considerado uma praga secundária na cultura, porém ao longo das safras vem aumentando sua ocorrência em relação às anteriores e atualmente é a espécie de maior predominância.

Pertence à família Pentatomidae, são sugadores de grãos. Passam pelas fases de ovo, ninfa (cinco ínstares) e adulto (Figura 1). Esta espécie é uma das que produzem mais gerações por ano, chegando a alcançar até oito gerações em regiões quentes, sendo a espécie predominante nestas regiões e a que demanda maior monitoramento e intervenção pro parte dos agricultores.

Figura 1. Ciclo de desenvolvimento Euschistus heros (Fabr., 1798). Fonte: CIVIDANES, 1992.

As fêmeas, quando adultas, ovipositam massas de 5 a 7 ovos de coloração amarela, depositados geralmente nas folhas e vagens. Cada fêmea tem fecundidade média de 120-170 ovos. Os adultos são de cor marrom-escura e iniciam a cópula em 10 dias e as oviposições iniciam após 13 dias. A longevidade média é de 116 dias.

A fase de ninfa é mais rápida em temperaturas médias de 22 a 28ºC, o inseto é mais suscetível ao mal desenvolvimento em temperaturas extremas, como de 19 à 34ºC.

 

A colonização da praga na soja inicia no fim do período vegetativo e durante a floração, no aparecimento das vagens inicia a reprodução e o aumento das populações. As ninfas iniciam a causar dano a partir do 3º ínstar. No enchimento de grãos inicia o período crítico e é onde a soja é mais suscetível à praga. O pico populacional é alcançado no final do enchimento dos grãos e as populações diminuem, onde os percevejos se dispersam para hospedeiros existentes nas proximidades, logo entrando no período de diapausa sob a palhada. Pode se alimentar também de plantas daninhas como leiteiro (Euphorbia heterophylla L.) e em outras culturas como milho e algodão.

Figura 2. Fenologia da população de percevejo na cultura da soja.

Fonte: Corrêa-Ferreira e Panizzi (1999).

Causam danos diretos na produtividade e qualidade dos grãos, em ataques iniciais as plantas podem abortar as vagens. Quando atacam as vagens as perdas chegam até 30%. Os grãos ficam menores e enrugados, pois causam murchamento das vagens, retardando a maturação e consequentemente a colheita. Grãos afetados podem apresentar teores de óleo e proteína alterados.

Quando for atingido o nível de controle de 2 percevejos por pano de batida deve ser realizado o controle da praga em lavouras de produção de grãos, para produção de sementes o nível de controle é de 1 percevejo por pano-de-batida, seguindo as recomendações do Manejo Integrado de Pragas (MIP). Na utilização do controle químico, é necessário ter atenção em relação à aplicação de inseticidas quando alcançado o nível de controle da praga e também a rotação de modos de ação, diminuindo assim a seleção de populações resistentes.

 

Os principais inseticidas recomendados pelo IRAC e Embrapa Soja para controle do Euschistus heros são dos grupos químicos carbamatos, organofosforados, piretroides e neonicotinoides. É necessário atenção à seletividade do produto a ser utilizado, onde os que apresentam menor efeito sobre parasitoides e predadores naturais devem ser priorizados.

Em artigo publicado em 2017 pela Fundação Rio Verde de Lucas do Rio Verde – MT foi demonstrada a eficiência de inseticidas para o controle do percevejo marrom na cultura da soja. Engeo Pleno teve eficiência de 100% de controle de ninfas e adultos aos 03 dias após a primeira aplicação (DAA), no controle das ninfas Galil, Engeo Pleno e Acefato + Sal se destacaram apresentando maior eficiência em todas as avaliações.

 

Figura 3. População de percevejo marrom (adultos + ninfas) nas avaliações aos 03, 07, 10 e 14 dias após primeira aplicação (DAA) e aos 03 e 07 dias após segunda aplicação (DAB) em diferentes tratamentos na cultura da soja.

Fonte: Fundação Rio Verde, 2017.

Sobre a Autora: Evangeline Zwirtes, Acadêmica de Agronomia da URI (Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões) – Campus Santo Ângelo

Referências:

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Fonte: Mais Soja

 

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