Brasil – Soja – Controle da falsa-medideira em soja: quais inseticidas apresentam maior eficiência?
A lagarta (Chrysodeixis includens), popularmente conhecida como lagarta falsa-medideira, é uma das principais pragas que acometem a cultura da soja, tendo como principais danos, o consumo das folhas, sendo, portanto, considerada uma praga desfolhadora. O dano da praga é caracterizado pelo aspecto rendilhado nas folhas atacadas (figura 1). Como principais consequências, tem-se a redução da área fotossinteticamente ativa, e com isso a redução da produção de fotoassimilados e translocação deles para os grãos e/ou sementes, comprometendo a produtividade da lavoura, caso as devidas medidas de controle não sejam adotadas.
Figura 1. Danos característicos da ocorrência da lagarta falsa-medideira em soja.
Fonte: Lagarta falsa-medideira na cultura da soja – 3rlab
Conforme observado por Andrade (2014), o consumo foliar das lagartas variam em função do estádio de desenvolvimento da praga, sendo que lagartas mais velhas (de 5° e 6° instares), tendem a consumir uma maior área foliar da soja, em comparação a lagartas mais jovens. O consumo por lagarta pode variar muito, ficando entre 64 a 200 cm² de folha/lagarta/dia, considerando-se como consumo médio a área de 100 cm² de folha/lagarta/dia (Agro Bayer Brasil).
Figura 2. Ciclo de desenvolvimento de Chrysodeixis includens.
Levando em consideração o elevado potencial de desfolha da praga, o controle da lagarta falsa-medideira é essencial para reduzir perdas produtivas em função da desfolha. Atualmente, as recomendações técnicas estabelecem que o nível de ação para o controle da praga é de 20 lagartas maiores do que 1,5 cm ou 30% de desfolha na fase vegetativa da cultura ou 15% de desfolha na fase reprodutiva (Grigolli & Grigolli, 2018).
Figura 3. Folíolos de plantas de soja com diferentes porcentagens de desfolha causada pela alimentação de insetos desfolhadores.
Sobretudo, além de conhecer os níveis de ação para o controle da praga, é essencial atentar para o posicionamento de inseticidas, buscando sempre que possível, utilizar produtos com maior eficiência de controle. Estudos desenvolvimentos pela Fundação MS, buscaram analisar a eficiência de alguns dos principais produtos disponíveis para o controle da lagarta falsa-medideira em soja, sob diferentes densidades populacionais da praga (8 lagartas/linha e mais de 20 lagartas/linha). Os inseticidas analisados e suas respectivas doses podem ser observados na tabela 1.
Tabela 1. Inseticidas, dosagem (ml ou g p.c. ha-1) e ingrediente ativo dos tratamentos utilizados. Maracaju, MS, 2019.
Conforme resultados obtidos no ensaio, e apresentados por Grigolli & Grigolli (2019), variações na eficiência de controle das lagartas pelos inseticidas puderam ser observadas em função da densidade populacional da praga. No experimento de baixa população, verificou-se que os inseticidas Pirate, Proclaim 50 + Ochima (250 + 600 ml ha-1), Voraz (nas duas dosagens utilizadas), Exalt (nas três dosagens utilizadas) e Avatar apresentaram valores iguais ou superiores à 80% em pelo menos três avaliações realizadas (tabela 2). Já no experimento de alta população (tabela 3), apenas um dos inseticidas avaliados (Pirate) atingiu o patamar de pelo menos 80% de controle em três avaliações ou mais (Grigolli & Grigolli, 2019).
Tabela 2. Eficiência de inseticidas químicos (Abbott, 1925) no controle de Chrysodeixis includens na cultura da soja aos 1, 4, 7, 10 e 14 dias após a aplicação dos tratamentos (DAA) em baixa população da praga (até 8,0 lagartas por metro de linha). Maracaju, MS, 2019 (Grigolli & Grigolli, 2019).
Tabela 3. Eficiência de inseticidas químicos (Abbott, 1925) no controle de Chrysodeixis includens na cultura da soja aos 1, 4, 7, 10 e 14 dias após a aplicação dos tratamentos (DAA) em alta população da praga (mais de 20,0 lagartas por metro de linha). Maracaju, MS, 2019 (Grigolli & Grigolli, 2019).
Com base nos resultados apresentados por Grigolli & Grigolli (2019), fica evidente que a densidade populacional da praga pode exercer influência sobre a eficiência de controle por alguns inseticidas, devendo-se portanto, atentar para o monitoramento das áreas de cultivo. Confira o trabalho completo de Grigolli & Grigolli (2019) clicando aqui!