Brasil – Sorgo – Quais as Principais Características do Sorgo?
O sorgo (Sorghum bicolor) é uma gramínea anual pertencente à família Poaceae, com ampla adaptação a diferentes ambientes, de acordo com Ribas (2008), o ciclo de desenvolvimento do sorgo pode ser dividido em três partes: da emergência aos 30 dias, dos 30 dias até o início do florescimento, e do florescimento até a maturação fisiológica.
O autor destaca que da emergência até os 20 dias, a planta de sorgo é muito frágil. Devido às escassas reservas nas sementes, é essencial tomar cuidados especiais até que a plântula se estabeleça e o sistema radicular esteja desenvolvido. Entre os 20 aos 30 dias, as plantas iniciam um rápido crescimento, aumentando significativamente a taxa de absorção de nutrientes do solo. Em torno dos 30 dias após emergência, para a maioria das cultivares comerciais, é o momento apropriado para se fazer a adubação nitrogenada e potássica em cobertura (Ribas, 2008).
Dos 30 aos 70 dias, ocorre o acúmulo de matéria seca e nutrientes na planta, ocorre também a diferenciação floral, ao final dessa fase, surge uma panícula, e o florescimento se inicia, direcionando os nutrientes acumulados nas folhas e colmos para o desenvolvimento das panículas. Aproximadamente aos 90 dias após a emergência, a planta atinge sua maturidade fisiológica, sendo que o momento ideal para colheita varia dependendo do tipo de cultivar e sua finalidade de uso.
Figura 1. Cultivo de Sorgo.
Foto: Maurício Siqueira dos Santos.
Segundo Magalhães et al. (2003), o sorgo é uma planta com mecanismo fotossintético C4, resposta fotoperiódica de dia curto e apresenta altas taxas fotossintéticas. Para um bom crescimento e desenvolvimento, a maioria das cultivares de sorgo requer temperaturas superiores a 21°C. Além disso, o sorgo é mais tolerante ao déficit hídrico e umidade no solo em comparação a maioria dos outros cereais cultivados, o que permite que seu cultivo seja realizado em uma ampla variedade de condições de solo.
De acordo com Menezes (2021), o sorgo destaca-se como uma das culturas mais cultivadas no mundo, devido à sua versatilidade, podendo ser utilizada como grãos, forragem, biomassa, etanol e vassoura, além disso, apresenta alta digestibilidade para alimentação animal e humana. Rosa, afirma que o sorgo tem suas origens na África e em parte da Ásia, é uma cultura muito antiga, sendo que no Brasil seu processo de expansão teve início na década de 1970, principalmente nos Estados do Rio Grande do Sul, São Paulo, Bahia e Paraná, expandindo-se ao longo dos anos para as demais regiões.
A Embrapa, afirma que os sorgos são classificados em cinco grupos distintos, sendo eles: Granífero, Sacarino, Forrageiro, Vassoura e Biomassa. Dos cinco grupos, o sorgo granífero, destaca-se com maior expressão econômica, estando entre os cereais mais cultivados no mundo.
Figura 2. Tipos de Sorgo mais cultivados no Brasil.
De acordo com os dados de Urubatan Klink do XXXIII Congresso Nacional de Milho e Sorgo, apresentados pela Embrapa (2022), os estados de Goiás, Minas Gerais e São Paulo lideram a produção de sorgo no país atualmente. Há previsão de que até o ano de 2027, nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, ocorra um aumento significativo de 78,7% na área plantada, chegando a 124 mil hectares. Destacando que para possibilitar esse crescimento, é essencial o desenvolvimento de híbridos eficientes e altamente adaptados a áreas encharcadas/várzea, visto que o sorgo pode ser uma ótima opção de rotação de culturas com o arroz, o que contribui para reduzir plantas daninhas como o arroz vermelho em áreas de cultivo de arroz.
Menezes (2023), afirmam que o cultivo de sorgo vem ganhando destaque nas últimas safras, impulsionado por instabilidades climáticas e pelos problemas do complexo do enfezamento do milho, que prejudicam o cultivo de milho, além disso, o sorgo apresenta maior tolerância à seca, e possui um custo de produção aproximadamente 40% menor em comparação ao milho. A Embrapa (2008), destaca que o potencial de rendimento de grãos de sorgo granífero pode ultrapassar 10 t/ha e 7 t/ha, respectivamente em condições favoráveis no verão e em plantios de sucessão, contudo, destaca que as condições em que geralmente o sorgo é cultivado, não permitem a expressão de todo seu potencial.
De acordo com Cardoso, o sorgo granífero possui, geralmente porte mais baixo, em torno de 1,0 até 1,5 m para facilitar os tratos culturais e a colheita mecânica. Devido a seu porte mais baixo, a população de plantas é mais alta, sendo em torno de 160 a 200 mil plantas ha-1. Menezes (2015), afirma que uma vantagem adicional do sorgo é sua baixa suscetibilidade a micotoxinas, um problema comum na cultura do milho, conferindo ao sorgo, uma ampla aceitação para a composição de rações destinadas a animais, como suínos e aves. Além disso, o cultivo de sorgo granífero em sucessão às culturas de verão, principalmente a soja, na chamada safrinha, tem se mostrado uma estratégia promissora para garantir uma oferta de grãos a baixo custo, podendo ser cultivado em épocas mais tardias quando o volume de chuvas não é suficiente para suprir as exigências no cultivo do milho.
As cultivares de sorgo são aptas para produção de rebrota e o seu aproveitamento, para produção de grãos, forragem ou cobertura de solo, pode ser viável desde que a temperatura e umidade do solo sejam favoráveis ao seu desenvolvimento (Machado & Bermudez, 2020). A adaptabilidade do sorgo a condições de temperaturas elevadas e baixas precipitações, fazem dele uma ótima opção para regiões com baixa disponibilidade hídrica, sendo uma alternativa para diversificar a produção agrícola de acordo com seu propósito.