Os principais obstáculos que a economia global deverá enfrentar neste ano vêm de países-chave para o crescimento global. As duas maiores economias do mundo, China e Estados Unidos, preocupam por razões diferentes. Enquanto a China sofre com a desaceleração econômica, nos EUA a recuperação pós-crise cria expectativas sobre a primeira alta de juros depois de 2008.
Uma taxa mais elevada nos EUA tende a levar os investidores a tirar dinheiro de outros mercados –como o Brasil– e investir no país. O BC americano, no entanto, ainda não tem certeza se a situação do mercado de trabalho e os índices de inflação criam condições para a elevação dos juros.
A Rússia, com sua possível recessão em 2015, e a deflação que atinge a zona do euro também contribuem para o cenário, coroado pela queda no preço do petróleo, o que atinge a balança comercial de vários países produtores.
1º Recessão na Rússia
A economia russa deve passar por uma recessão ou ter um crescimento fraco em 2015. Antes mesmo da queda dramática do rublo em dezembro, o banco central russo já previa uma retração de 4,5% do PIB (Produto Interno Bruto) no ano passado. Para ajudar a estabilizar a moeda, a instituição aumentou os juros de 10,5% a 17%. A desvalorização do rublo, a inflação de 9,1% em novembro de 2014 na comparação anual e os juros altos são problemas para consumidor russo que, em 2015, deve cortar os gastos pela primeira vez desde 2004.
2º Queda do petróleo
A cotação do petróleo tipo Brent, em Londres, que no início de 2014 estava acima de US$ 100, chegou a US$ 60 no final de dezembro. A queda do preço do petróleo, vista normalmente como algo positivo para a economia global porque diminui os custos dos negócios, está afetando Rússia, Venezuela e Irã, que precisa do produto para equilibrar suas contas. A retração também afeta o setor de gás de xisto nos Estados Unidos, que perde competitividade.
3º Desaceleração na China
O desempenho da China será crucial para o crescimento da economia global neste ano. O país teve um 2014 difícil, com a tentativa de enxugar os excessos de crédito após estratégia adotada durante a recessão de 2008. As restrições já começaram a ocorrer e é certo que o crescimento do país será o menor que no ano passado: a dúvida é quanto menor. Uma desaceleração do mercado chinês afeta o resto do mundo por causa da representatividade das exportações para o país e também porque, com seus produtos mais baratos, a China deve levar deflação para o resto do mundo.
4º Estados Unidos
Este ano será muito importante para a presidente do Fed (banco central dos EUA), Janet Yellen. O foco dos investidores em 2015 será o momento da primeira alta na taxa dos juros desde a crise financeira. As taxas têm estado em um patamar entre zero e 0,25% desde dezembro de 2008, mas a economia ganhou fôlego nos últimos meses, o que levou o Fed a encerrar seu programa de estímulos em outubro. A especulação sobre a primeira elevação da taxa em seis anos terá repercussões no mundo todo e investidores vão analisar as declarações da instituição em busca de qualquer mudança que possa indicar quando o aumento virá.
5º Crise na zona do euro
A crise europeia continua e há razões para se acreditar que ela não cessará em 2015. No ano passado, o euro foi marcado por uma recuperação falha e níveis de deflação preocupantes. Nenhum desses problemas acabou, com a o crescimento de 0,2% no terceiro trimestre de 2014 na comparação com o segundo trimestre e uma taxa de inflação de 0,2% em dezembro. A Grécia e a Espanha já estão presos na deflação e há preocupação de que isso se espalhe pelo resto da região. O temor é que, se os preços continuarem a cair, empresários e consumidores adiarão seus planos de gastar enquanto esperam que os valores diminuam ainda mais.
Com informações da Folha.com e do CDL Barreiras