26 jun de 2015
Brasilia – Curso capacita multiplicadores de conhecimentos botânicos na Amazônia

Professores de diversas áreas do conhecimento estão aprendendo técnicas e procedimentos científicos para identificar corretamente espécies florestais amazônicas. Desde a segunda feira (22), eles participam de curso sobre identificação botânica, em Rio Branco (AC), e se preparam para atuar como agentes multiplicadores desses conhecimentos, no processo de formação de novos profissionais para o trabalho de identificação da flora regional. A programação se estende até sábado (27), com aulas teóricas, ministradas no Centro de Treinamento da Embrapa, e atividades práticas na área de floresta da Unidade.

A inciativa é parte das ações do projeto “A Better Baseline: Building Capacity and Resources for Forest Inventory in the Brazilian Amazon” desenvolvido pelo Jardim Botânico de Nova Iorque (NYBG), com apoio da Gordon and Betty Moore Foundation e do Acordo de Cooperação Técnica com o Serviço Florestal Brasileiro, e que visa entre objetivos capacitar identificadores botânicos (popularmente conhecidos como mateiros), como forma de uniformizar procedimentos e melhorar o trabalho em florestas manejadas em diversos estados da Amazônia brasileira. Os cursos para formação de novos mateiros serão ministrados pelos professores treinados.

No Acre, o projeto de capacitação tem a parceria do Instituto Federal de Educação Profissional e Tecnológica do Acre  (Ifac), Universidade Federal do Acre e Embrapa. Participam dessa primeira edição 20 professores lotados nos campus de Rio Branco, Xapuri, Sena Madureira, Tarauacá e Cruzeiro do Sul. Até o final de 2016 também serão capacitados professores do Amazonas, Rondônia e Pará. “A proposta é criar competências que possam compartilhar, de forma sistematizada, um conjunto de informações botânicas sobre a flora amazônica, explica o biólogo Herison Medeiros, bolsista do Jardim Botânico de Nova York e um dos instrutores do curso.

Os conteúdos nessa primeira etapa abordam técnicas de identificação, caracterização e descrição de plantas (a partir de folhas, flores e tipos de madeira); coleta e preparação de  material botânico para conservação em herbário;  técnicas de elaboração de inventário florestal, com aplicação do Modelo Digital de Exploração Florestal (Modeflora);  sistema de classificação de plantas; e noções básicas de fotografia digital para documentação de plantas  entre outros aspectos importantes para o desempenho da atividade de mateiro. No segundo módulo, previsto para o mês de setembro, serão enfatizadas técnicas de identificação de madeiras, com foco em espécies com potencial comercial.

Mão de obra escassa

Os mateiros são profissionais extremamente requisitados na atividade de manejo florestal. Esse trabalho envolve a identificação de espécies para elaboração de inventário florístico e florestal, serviços de coleta e tratamento de material genético, além de assessoria a engenheiros florestais e outros profissionais ligados ao manejo da floresta. De acordo com Medeiros, apesar da importância desse tipo de profissional, essa é uma mão de obra escassa na Amazônia.

Um dos grandes problemas do manejo florestal é a identificação das espécies. Dados apresentados pelo NYBG revelam que em algumas regiões da Amazônia, o índice de erro na identificação de espécies manejadas chega a 70%. No Acre, aproximadamente 30% das espécies madeireiras exploradas comercialmente tem problemas relacionados ao nome.

Na opinião da professora Iliane Tecchio, diretora de planejamento e desenvolvimento internacional do Ifac, o curso surge como uma importante estratégia para suprir essa lacuna por conhecimentos especializados sobre a floresta amazônica. “É necessário treinar novos identificadores botânicos para trabalharem na região, em virtude da carência de profissionais com esses conhecimentos”, afirma.

O trabalho de identificação e classificação botânica, segundo Medeiros, exige elevado conhecimento sobre as espécies. Devido à abundância de nomes e a semelhança entre algumas plantas é importante que esses profissionais detenham tanto o conhecimento tradicional, que passa de geração para geração, como o conhecimento científico sobre a nomenclatura e classificação das plantas. “A união desses dois fatores facilita a atuação dos mateiros e outros profissionais que trabalham com o manejo madeireiro, imprime maior segurança à atividade e contribui para a conservação da floresta”, destaca o especialista.

Para o professor de Ecologia do campus de Cruzeiro do Sul, Rodrigo Marciente, conservar a floresta implica deter conhecimentos específicos sobre estes recursos. Os equívocos na identificação e classificação botânica causam prejuízos para a biodiversidade, comprometendo a conservação de espécies locais ou consideradas raras, além de subestimar o potencial de áreas manejadas e afetar a qualidade e avaliação de madeiras no mercado, com perdas econômicas para os manejadores. “Conhecer melhor as espécies florestais e suas características individuais ajuda a reduzir erros e ajuda a tornar a atividade de manejo florestal mais segura e sustentável”.

Diva Gonçalves (Mtb-0148/AC)
Embrapa Acre

Telefone: (068) 3212-3250

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

 

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