16 jul de 2015
Oeste – ENERGIA – Com investimento de quase R$ 2 bi, termoelétrica começa a ser construída em São Desiderio

Por Antônio Oliveira

Começa em agosto, na região conhecida como Campo Grande, no município de São Desidério, entre a sede deste e a cidade de Correntina, a construção de um dos maiores investimentos em bioenergia do Brasil: a Usina Termoelétrica da Campo Grande Bioletricidade S/A, empresa da Bolt Energias, que tem sua sede no estado de São Paulo.

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A Empresa já fez os serviços de terraplenagem do canteiros de obras (Foto: Bolt Energias)

Em seu processo de construção e instalação de seu conjunto de máquinas e equipamentos de transformação de biomassa de gravetos de eucalipto em energia elétrica, a obra, de acordo com o engenheiro civil Alexandre Ubaldo, executivo da empresa responsável pela administração do projeto de construção do complexo gerador, vai gerar entre 600 e 800 empregos diretos.

– Mão-de-obra quase que 100% recrutada no município de São Desiderio e região, disse ele em entrevista exclusiva a Cerrado Rural.

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Alexandre Ubaldo: “Usina deve ficar pronta em 2018″ (Foto: Divulgação)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Com capacidade para a geração de 150 megawatts (MW), o equivalente a demanda de uma cidade entre 600 e 800 mil habitantes, a Usina Campo grande terá investimentos da ordem de R$ 700 milhões, segundo Ubaldo.

– Mas os investimentos nesta iniciativa vão muito mais além do que estes valores. Há os que estão sendo feitos na produção de matéria-prima, ou seja, na plantação de eucalipto na região: algo em torno de R$ 1 bilhão.

Ainda de acordo com o Executivo, o projeto é plantar 37 mil hectares de florestas de eucalipto. Mais de 30% deste total já foram plantados e devem estar prontos para colheita em dois anos. 30% dessa área é própria e 70% estão sendo arrendadas.

A gestão dessas florestas será feita pela Tree Florestal, parceira da Bolt Energias, e a instalação do complexo gerador de energia será da multinacional francesa Areva Renewables, que assinou contrato com a Bolt no ano passado.

– Creio que é um dos maiores projetos de biomassa existente no Brasil. O contrato representa mais de 50% da nossa carteira de pedido para este ano, comemorou, ainda no ano passado, o diretor-presidente da Areva no Brasil, André Salgado.

Voltando a Barreiras, onde a Bolt/Campo Grande e a Tree instalaram escritório, Alexandre Ubaldo informou ainda que a primeira colheita da plantação de eucalipto do grupo será feita em janeiro de 2018, justamente quando a obra estiver pronta.

– Este projeto é o primeiro no Brasil gerido ecologicamente correto desde o início da construção da planta até o processo operacional da usina, informou Ubaldo.

Provocado, ele desfez uma lenda em torno do cultivo de eucalipto em longa escala.

– Ele torna os rios perenes; sua evolução é muito grande e, hoje, estão pronto para ser colhido entre 2 e 4 anos, e há, atualmente,  diversas variedades plantadas hoje no Brasil. Nós mesmo temos 19 clones.

Quando pronta, ainda de acordo com Alexandre Ubaldo a Campo Grande vai gerar mais ou menos 80 empregos diretos. O compromisso com a Aneel, ainda conforme ele, é que a Usina esteja em operação em meados de 2018.

– A partir daí, de acordo com a licitação da Aneel, a Empresa tem compromisso de colocar toda a sua produção a disposição desta Agência pelo período de 25 anos, informou o representante da Bolt/Campo Grande no oeste da Bahia.

No ano passado, alguns diretores da Bolt estiveram no oeste da Bahia, acertando detalhes deste investimento com o prefeito de São Desidério, Demir Barbosa. Naquela ocasião, ele comentou que a Usina usará não só biomassa de eucalipto, mas de outras matérias-primas também.

– O governo tende a ser muito ativo nessa linha, porque é uma alternativa para esta seca que está acontecendo agora”, disse Gustavo Magalhães, sócio-diretor do Grupo Ático, referindo-se a crise hídrica enfrentada pelo Brasil a partir do ano passado.

Ainda conforme ele, o Grupo deve ter financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), em cerca de 75% do valor total do projeto.

Investimento é bem vindo entre lideranças

O prefeito de São Desidério foi procurado, por meio da Assessoria de Comunicação (Ascom) da Prefeitura para falar sobre este investimento no seu Município, entretanto, até o fechamento desta matéria, não obtivemos resposta, sequer de indicação, por parte da Ascom, de que recebeu nossa demanda. Mas, muito entusiasmado com a construção desde complexo gerador de energia em seu Município, ele emitiu sua opinião, quando esteve reunido em seu gabinete com os diretores da Bolt.

– Teremos, com certeza, uma parceria saudável e progressiva para o desenvolvimento do Município. Agora é formar a mão-de-obra  e suprir o maior número maior de empregos diretos e indiretos, disse Demir Barbosa.

Cerrado Rural ouviu também o presidente da Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), entidade que congrega cerca de 1.200 produtores rurais no oeste da Bahia.

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Julio Busato: “A região Oeste da Bahia tem grande potencial para isto” (Foto: Aiba)

– Entendo que o modelo energético do Brasil deve passar por grandes mudanças. A geração de energia baseada em um só modelo, no caso o hídrico, apesar de ser o mais barato, pode enfrentar problemas em anos de déficit de água, como estamos observando nos últimos anos. Além disso, a água que passa pelas turbinas e se dirige para o mar para geração de energia, poderia ser armazenada e utilizada na irrigação, principalmente das pequenas propriedades do sertão, gerando assim mais emprego e renda tão necessários para esta região, iniciou Julio Busato, presidente da Aiba.

Ainda conforme ele, é preciso que a região avance, também, nos próximos anos, em energia eólica, termelétrica e solar.

– Pois a região Oeste da Bahia tem grande potencial para isto. Possuímos muitas áreas que podem ser incorporadas no sistema produtivo, ventos regulares – principalmente na serra da divisa (da Bahia) com Tocantins e Goiás – e um alto índice de insolação durante o ano, continuou.

Quanto à instalação da termoelétrica a base de eucalipto no município de São Desidério, Julio Busato disse considerar como um grande marco na história, que irá trazer desenvolvimento para as regiões onde o índice pluviométrico é menor, mas que é possível a produção de eucaliptos.


– Tenho a certeza de que com o avanço na tecnologia, principalmente em variedades de eucaliptos mais adaptadas para a região, estes empreendimentos terão sucesso trazendo mais desenvolvimento para o Oeste baiano, concluiu o produtor rural.

 

Com informações do Cerrado Editora e Ioeste

 

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