02 jul de 2017
Brasil – Agricultura – Distribuição irregular de fertilizantes no desenvolvimento das culturas do milho e da soja

O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da variação distribuição de
fertilizantes na semeadura sobre os componentes agronômicos de plantas cultivadas sob o sistema plantio direto.

Trabalho disponível nos Anais do Evento e publicado com o consentimento dos autores.
Trabalho disponível nos Anais do Evento e publicado com o consentimento dos autores.

Autores: César Augusto Cansian, David Peres da Rosa, Claudio Carvalho dos Santos

Palavras-chave: fertilizantes; Zea mays; Glycine max.

Naturalmente, o solo apresenta variabilidade espacial e temporal de seus atributos químicos, resultante da interação dos processos de formação do solo (MONTEZANO et al., 2006). Entretanto, esta variabilidade pode ser ainda maior e mais frequentemente encontrada, em função de intensos efeitos antrópicos na agricultura. Neste sentido, intenso uso de fertilizantes para produção agrícola têm gerado grandes discussões do ponto de vista técnico e econômico, levando em conta que o uso de fertilizantes na agricultura restringe-se à poucas tecnologias precisas, gerando uma série de picos de distribuição de fertilizante ao longo da linha de semeadura, desencadeando montantes desnecessárias ou superdimensionadas desse insumo no solo (PAGNUSSAT et al., 2013).

 

Deste modo, há uma ampliação da variabilidade espacial da fertilidade do solo influenciando assim na produtividade de culturas (STRIEDER et al.,2010), pois muitas vezes o fator limitante do rendimento das culturas é o baixo ou excessivo teor de nutrientes. Além disso, Lacerda et al. (2015), destaca que, embora alguns solos sejam considerados com um nível de fertilidade alto ou muito alto, é comum que alguns agricultores continuem adubando com quantidades fixas de fertilizantes, em função destes temerem à redução da produtividade, agregando ainda mais à heterogeneidade química do solo.

 

Outros fatores são preocupantes, como o aumento do custo de produção, levando em consideração que maior parte dos fertilizantes, em países como o Brasil, são oriundos da importação e o impacto ao meio ambiente considerando que o maior rendimento aumenta a quantidade de material vegetal que fica como cobertura do solo (STRIEDER et al., 2010; MELLO et al., 2006) são fatores que são, também, influenciados de acordo com a variabilidade espacial de fertilidade do solo. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da variação distribuição de fertilizantes na semeadura sobre os componentes agronômicos de plantas cultivadas sob o sistema plantio direto.

 

O experimento foi realizado durante os anos agrícolas de 2012/2013, 2013/2014, 2014/2015, sendo que as culturas empregadas foram: milho (Zea mays) soja (Glycine max) e milho (Zea mays), respectivamente. O solo do experimento é classificado como um NITOSSOLO VERMELHO (EMBRAPA, 2006), localizado na área experimental do IFRS – Campus Sertão, empregado sob o delineado de blocos ao acaso (4) com parcelas subdivididas, em que o fator principal foi as doses de fertilizantes e o secundário tipo de dosador. As doses foram: sem critério técnico, reposição e manutenção da fertilidade e a última de investimento. A dose sem critério técnico foi baseada na mesma dose empregada pelos agricultores da região do Alto Uruguai e Planalto Médio do Rio Grande do Sul (região próxima ao local da pesquisa) a qual não leva em consideração nenhum critério técnico; já a segunda dose foi planejada segundo análise do solo seguindo a recomendação do manual de adubação e de calagem do RS e SC, buscando a produtividade média da região (média de 5000 kg ha-1) e; a terceira dose foi idealizada objetivando atingir a produtividade acima de 8000 kg ha-1, caracterizando um “investimento”. O fator secundário foi a distribuição dessas doses pelo dosador helicoidal por transbordo (DHT) e pelo dosador helicoidal por gravidade (DHG).

 

Para qualificação do experimento foram avaliados a altura média de plantas (Hmed), o coeficiente de variação da altura de plantas (CVap) e a produtividade. Para o primeiro parâmetro foi realizada a mensuração da altura de plantas do nível do solo até a última intersecção foliar aos 30, 45, 75 e 90 dias após semeadura (APS) em 6 metros da linha central de cada parcela. A produtividade foi executada através da colheita individual de cada planta ao longo dos mesmos 6 metros da linha central de cada parcela utilizados para mensuração da altura de plantas.

 

A organização dos dados foi realizada em planilha eletrônica, e análise estatística pelo software estatístico Assistat 7.7 BETA. No primeiro ano de experimento (2012/2013), no parâmetro Hméd, levando em consideração as diferentes doses de fertilizante utilizadas, houve uma correlação entre à maior dosagem de fertilizante (investimento) com a maior altura de plantas, não havendo diferença entre as doses sem critérios e reposição. Esse parâmetro não foi influenciado pelos dosadores DHT e DHG, tal situação ocorreu também no CVap. No segundo ano de experimento (2013/2014), em ambos os parâmetros Hméd e CVap, considerando doses e dosadores, não houve diferença significativa, o que pode estar elencado ao fato de que a cultura do milho (Zea mays) é mais sensível às fertilizações do que a cultura da soja (Glycine max) em função dos diferentes níveis de exigências nutricionais (LACERDA et al., 2015).

 

No terceiro ano (2014/2015) o Hméd demonstrou sensibilidade às diferentes doses de fertilizante, havendo uma redução desse na dose de reposição em relação às demais doses. Além disso, nota-se que na dose de investimento, as plantas tiveram respostas significativas aos 45 e 75 APS, pois também houve uma redução da Hméd. Os dosadores não influenciaram na Hméd, contudo considerando o CVap, observou-se uma redução significativa na dose sem critério, sobretudo nos 75 e 90 APS em relação às demais doses, mas não há efeito dos dosadores. A não influencia dos dosadores no Hmed e CVap deve estar ligada as boas condições de fertilidade do solo, pois este é decorrente de vários anos uso com o sistema plantio direto, sendo que, mesmo existindo pulsos de distribuição por dosadores de fertilizantes (ROSA et al., 2013), a condição química do solo mascara seu efeito sobre as plantas cultivadas.

 

Em relação à produtividade, no primeiro ano não houve efeito dos fatores, começando haver
no segundo ano, demonstrando maior produtividade na maior dose de fertilizante (investimento), aproximadamente 40 % a mais, independentemente do dosador utilizado para a distribuição. No terceiro ano apenas os dosadores afetaram a produtividade do milho, demonstrando médias de 10.622,96 kg ha-1 no dosador DHT contra 8708,43 kg ha-1 do DHG.

Tanto a culturas do milho (Zea mays) quando a da soja (Glycine max) não apresentaram respostas que possibilitassem uma clara leitura da influência da distribuição irregular de fertilizantes ao longo da semeadura, sobretudo em função da alta fertilidade do solo, a qual garantiu a necessidade nutricional para o desenvolvimento das respectivas culturas.

 

Referências

LACERDA, J. J. J. de; RESENDE, Á. V. de; NETO, A. E. F., HICKMANN, C.; CONCEIÇÃO, O. P. da. Adubação, produtividade e rentabilidade da rotação entre soja e milho em solo com fertilidade construída. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.50, n.9, p.769-778, 2015.

MELLO, G. de; BUENO, C. RP; PEREIRA, G. T. Variabilidade espacial das propriedades físicas e químicas do solo em áreas intensamente cultivadas. R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, v.10, n.2, p.294-305, 2006.

MONTEZANO, Z. F.; CORAZZA, E. J.; MURAOKA, T. Variabilidade espacial da fertilidade do solo em área cultivada e manejada homogeneamente. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.30, n.5, p.839-847, 2006.

PAGNUSSAT, L.; ROSA, D. P. da; PESINI, F.; FINCATTO, D.; SANTOS, C. C. dos. Distribuição de adubo: dosador convencional x dosador fertisystem. In. Mostra de iniciação científica, III mostra de criação e inovação, 3., Getulio Vargas, 2013. Anais, Getulio Vargas, IDEAU. CD-ROM.

ROSA, D. P. da; PAGNUSSAT, L.; PESINI, F.; AFLEN, J.A. Dose certa, Cultivar Máquinas, 11: 46-48, 2013.

STRIEDER, G.; ROSIROLLA, P.; MIOLA, E. C. C.; SUZUKI, L. E. A. S.; REISSER JUNIOR, C.; MILANI, I. C. B.; COLLARES, G. L.; DUBOW, M. Heterogeneidade da fertilidade de um Argissolo sob pomar de pêssego em função da irrigação e posição de amostragem. In: Reunião sul-brasileira de ciência do solo, 8., Santa Maria, 2010. Anais. Santa Maria: Núcleo Regional do Rio Grande do Sul, 2010, CD-ROM.

Informações dos autores:

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul – Campus Sertão, Graduando, Passo Fundo – RS,

Nesma – Grupo de Estudos em Solos e Máquinas Agrícolas.

Disponível em: Anais XX Reunião Brasileira de Manejo e Conservação do Solo – RBMCSA. Foz do Iguaçu, PR. 2016.

 

 

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