07 out de 2017
Brasil – Agricultura – Novas cultivares de café têm ganho de produtividade de até 70%

Os três materiais desenvolvidos pelo IAC ainda são resistentes à ferrugem-da-folha

Três novas cultivares de café desenvolvidas pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC) — a IAC Catuaí SH3, IAC Obatã 4739 e IAC 125 RN —, que estão sendo adotadas pelo setor de produção, apresentaram produtividades de 35% a 70% maiores do que as das cultivares Catuaí Vermelho e Amarelo, que representam cerca de 90% dos cafezais brasileiros. Esses novos materiais também têm como característica a resistência/tolerância à ferrugem-da-folha, principal doença do cafeeiro, causadora de perdas de até 50% na produtividade, segundo Júlio César Mistro, pesquisador do IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

 

A Catuaí SH3, Obatã 4739 e 125 RN estão entrando no lugar de outros materiais já lançados pelo Instituto, como o IAC Mundo Novo e IAC Catuaí que, apesar de ocuparem quase a totalidade dos cafezais nacionais, são suscetíveis à ferrugem. De acordo com produtores, a despesa para controlar a doença gira em torno de 8% do custo total da produção por hectare.

Os experimentos foram realizados nos Estados de São Paulo e Minas Gerais. A cultivar IAC Catuaí SH3 produziu 39 sacas/ha em Mococa, interior paulista, enquanto que o Catuaí Amarelo IAC 62 produziu 29 sacas/ha. “Isso representa um acréscimo de 34%”, diz o pesquisador. Em Franca, também no interior paulista, a produtividade foi 40% superior, atingindo 57 sacas/ha contra 40 sacas/ha do Catuaí Vermelho IAC 99. “Nessas mesmas condições, o Catuaí SH3 não apresentou nenhum sintoma do ataque de ferrugem e os Catuaís foram severamente atacados”, relata o pesquisador.

 

A cultivar IAC 125 RN produziu 66 sacas/ha em Patrocínio, Minas Gerais, e 60 sacas/ha em Patos de Minas, outro município mineiro, onde o Catuaí Vermelho IAC 144 produziu 40 sacas/ha. Nos dois locais foi usada irrigação. “Em Mococa, o uso do IAC 125 RN representou um ganho de 60% na produtividade, com 59 sacas/ha, enquanto o Catuaí Vermelho ficou em 36 sacas”, conta Mistro.

Já a cultivar IAC Obatã 4739 superou o Catuaí Amarelo 62 em 40% — foram 83 sacas/ha contra 59/ha na cidade paulista de Gália. “Em Ribeirão Corrente, a produtividade foi 12% superior ao Catuaí Amarelo 62, foram 45 sacas/ha versus 40 sacas/ha; já em Franca superou em 35%, a variação foi de 50 sacas/ha para 36 sacas/ha”, diz o pesquisador. Na cidade mineira de Patrocínio, em condição irrigada, foi registrado o maior ganho na produtividade, batendo os 70% na variação, de 32 sacas/ha ante 55/ha.

 

A apresentação desses materiais foi feita em dias de campo e em visitas de produtores nas fazendas onde estão plantadas as cultivares. Segundo o pesquisador, há previsão de expansão das áreas de cultivo. “Elas estão sendo muito bem aceitas, porém o manejo agronômico, incluindo adubação, espaçamento, poda e outros, deve ser diferenciado em relação às cultivares mais tradicionais, tais como Catuaí e Mundo Novo”, afirma. As sementes estarão disponíveis em 2018.

A IAC Catuaí SH3 possui menor exigência hídrica. Com esse perfil, pode ser cultivada em regiões mais quentes ou onde tem havido veranicos mais frequentes nos últimos anos.

 

Devido à resistência à ferrugem, essas três cultivares podem ser adotadas por produtores de orgânicos em Franca. Esse nicho de mercado proporciona o aumento na renda dos agricultores. “O valor da saca do café em plantio convencional é de R$ 440, enquanto que no sistema orgânico chega até R$ 1.500/saca”.

Segundo o pesquisador, as cultivares possuem excelente vigor, o que acarreta boa produtividade. Elas têm também boa ramificação. Quanto à maturação, ela é  tardia para o Obatã, média a tardia para o IAC Catuaí SH3 e precoce para o IAC 125 RN. “A maturação mais longa tende a beneficiar a qualidade da bebida”, explica Mistro.

 

As três cultivares têm porte baixo, característica valorizada por pequenos produtores e também por aqueles que têm lavouras mecanizadas. “Atualmente, há uma preferência dos produtores agrícolas por cultivares de porte baixo por facilitar a colheita”, diz.

 

Fonte: IAC
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