05 jul de 2017
Brasil – Agricultura – Produtor não deve baixar a guarda

O entomologista Walter Jorge dos Santos, considerado um dos maiores especialistas do país em bicudo-do-algodoeiro, não escondeu seu entusiasmo ao falar sobre os resultados do Dia de Caça ao bicudo nas fazendas da região de Sapezal, durante o Dia de Campo realizado pelo Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt) na última sexta-feira (dia 30).

“Foi muito difícil achar bicudo em várias fazendas e talhões visitados. O bicudo sumiu? Não, mas sobrou pouco. O que não pode é baixar a guarda”, afirmou o pesquisador aposentado do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), hoje atuando como consultor do IMAmt. Apesar de décadas de experiência no combate à principal praga da cotonicultura nacional, Walter Jorge disse que está aprendendo com o acompanhamento dos Grupos Técnicos do Algodão (GTAs) – uma estratégia utilizada pelo IMAmt para aproximar produtores associados à Ampa (Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão) e o corpo técnico das fazendas, promovendo um intercâmbio de experiências no controle do bicudo e de outros problemas das lavouras.

 

Segundo o entomologista, houve redução na população de todas as pragas. “Há um fluxo de informações nos GTAs e cada um conta ao outro o que está fazendo, o que deu e o que não deu certo”, afirma Walter Jorge. Ele acrescenta que os benefícios desse trabalho serão sentidos efetivamente daqui a duas safras, quando poderá haver uma redução efetiva de custos com a diminuição no número de aplicações de defensivos agrícolas. “Não pode baixar a guarda”, frisou mais uma vez.

 

A preocupação do veterano pesquisador se explica diante da constatação de que o bicudo foi responsável pela drástica redução da cotonicultura a partir dos anos 1980 em regiões tradicionais como estados do Nordeste, São Paulo e Paraná. Ele ficou muito satisfeito com o que viu nas lavouras de algodão da região de Sapezal na safra corrente (2016/17). “Vi algodão com folhas verde de baixo até em cima, com bom aproveitamento de todas as estruturas que foram formadas”, informou a produtores, agrônomos, técnicos e estudantes que passaram pelo Dia de Campo, no Centro de Treinamento e Difusão Tecnológica do Núcleo Regional Noroeste inaugurado sexta-feira.

 

Ao seu lado, o pesquisador do IMAmt Edson Ricardo de Andrade Junior destacou a importância da destruição de soqueiras. Ele apresentou os últimos resultados de ensaios conduzidos pelo IMAmt visando à destruição de soqueira, incluindo os casos de variedades resistentes ao glifosato, e abordou a posição do Instituto em relação aos métodos disponíveis. Outro aspecto enfocado pelo pesquisador foi a Instrução Normativa Conjunta Sedec/Indea-MT nº 001/2016, que divide Mato Grosso em duas regiões e estabelece para cada uma delas datas distintas para o vazio sanitário – período caracterizado pela ausência de plantas com risco fitossanitário e restrição de plantio do algodoeiro.

 

“É muito importante tratar de temas como destruição de soqueira e preparação para o início do vazio sanitário neste momento em que os produtores estão iniciando a colheita da safra 2016/17. O ideal é a destruição vá sendo feita à medida em que o algodão é colhido, visando reduzir a população de pragas e também vetores de doenças que se desenvolvem nas plantas rebrotadas”, afirmou Edson Junior.

O assessor técnico regional (ATR) Renato Tachinardi detalhou o projeto Controle Efetivo do Bicudo, associado à formação de nove GTAs em todas as regiões produtoras de algodão de Mato Grosso. Ele também falou com entusiasmo sobre o trabalho desenvolvido pelos GTAs que, em regiões como Sapezal, vêm contando com presença assídua e maciça de produtores e representantes do corpo técnicos das fazendas, o que intensifica a eficácia da troca de informações e repercute positivamente nas lavouras.

 

“Todos os produtores de algodão de Mato Grosso e fazendas que semearam algodão nesta safra estão representados nos grupos, através de seus técnicos, agrônomos, consultores e pelos próprios cotonicultores”, comentou Tachinardi. Segundo ele, os GTAs contam ainda com a participação de pesquisadores e agrônomos do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea-MT).

 

O Dia do Campo do Algodão marcou a inauguração do Centro de Treinamento e Difusão Tecnológica do Núcleo Regional Noroeste, que veio se somar a outras quatro unidades já em operação nas regionais Norte (região de Sorriso), Sul (Rondonópolis), Centro (Campo Verde) e Médio Norte (Campo Novo do Parecis) desde outubro de 2015.

Fonte: Ampa

Texto originalmente publicado em:
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