22 dez de 2017
Brasil – Agricultura – Vazão de pulverização em função da rotação da tomada de potência e uso de adjuvantes

Este trabalho teve como objetivo avaliar alterações da vazão de aplicação, em função da variação da rotação da tomada de potência e utilização de adjuvantes.

Autores:  MARIO H. F. MARCATO1, OSVALDO MATSUO2, RODRIGO Y. P. MARUBAYASHI3, PÂMELA  D. S. ANTUNES4, OTÁVIO J. G. AB SAAB5

Trabalho disponível nos Anais do Evento e publicado com o consentimento dos autores.

RESUMO

Este trabalho teve como objetivo avaliar alterações da vazão da aplicação em pulverização, em função da variação da rotação da tomada de potência e utilização de adjuvantes. Foram realizados dois estudos em nível de campo na fazenda escola da Universidade Estadual de Londrina. O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado, em esquema fatorial 2 (duas pontas de pulverização: Hypro GA 110 02 e Hypro GAT 110 03) X 3 (rotações na tomada de potência: 486, 540 e 594 RPM) no primeiro experimento. No segundo experimento foram utilizadas as mesmas duas pontas e três caldas de pulverização [Água, água + Silwet® (0,04% v v-1) e água + LI 700® (0,15% v v- 1)]. Para a aplicação dos tratamentos foi utilizado um pulverizador modelo Condor AM – 12, com capacidade de 600L. As alterações na pulverização foram estimadas através da análise de variações de vazão das pontas, que foram estimadas pela pesagem das amostras coletadas. Foi realizada análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. Como esperado as vazões das pontas aumentaram com a elevação das rotações da TDP. Quando comparadas as duas pontas nas diferentes caldas, as vazões foram influenciadas pelo tipo de ponta.

 

PALAVRAS–CHAVE: Coeficiente de variação, pontas de pulverização, características da calda.

PULVERIZATION FLOW CHANGES DUE TO VARIATIONS IN ROTATION OF WORK AND USE OF ADJUVANTES

ABSTRACT

 

 The objective of this work is to evaluate the flow rate of the spray application, as a function of the rotation of the power outlet and the use of adjuvants. Two field-level studies were carried out at the school farm of the State University of Londrina (UEL). The design was completely randomized in a 2×3 factorial scheme with two spray tips (Hypro GA 110 02 and Hypro GAT 110 03) and three power take-off rotations (486, 540 and 594 RPM) in the first experiment. In the second experiment the same two nozzle and three spraying liquids (Water, water + Silwet® (0.04% v v-1) and water + LI 700® (0.15% v v-1). A Condor AM – 12 model sprayer with 600L capacity was used to apply the treatments. The spraying alterations were estimated through the analysis of tip flow variations, which were estimated by weighing the samples collected. A variance analysis was performed and the averages were compared by the Tukey test at 5% probability. As expected, nozzle flow rates increased with the increase of TDP rotations, when the two tips were compared in the different spray solutions, the flow rates were influenced by the nozzle type.

 

KEYWORDS: Coefficient of variation, spray nozzle, characteristics of spray solution.

INTRODUÇÃO

 

Tecnologia de aplicação de defensivos pode ser entendida como o ramo da tecnologia que emprega conhecimentos práticos e científicos, com objetivo de proporcionar uma boa aplicação e colocação do ingrediente ativo no alvo, com mínimas perdas e sem contaminação ambiental (MATUO, 1990; Azevedo 2003).

Ao final do circuito hidráulico existe um conjunto, chamado bico, composto por várias partes. Dentre elas capa, anel de vedação e ponta de pulverização sendo a ponta a mais importante, pois é responsável por vários fatores que influenciam diretamente na qualidade da pulverização, como o padrão de gotas, volume e a uniformidade de distribuição da calda (BAUER; RAETANO, 2004).

Portanto, é muito importante definir as características desejáveis das pontas em uso (MILLER; BUTLER ELIS, 2000; BAUER; RAETANO, 2004). Estudos de Bauer e Raetano (2004) mostraram a evolução na fabricação das pontas, fazendo com que tenham cada vez mais características e vazões semelhantes umas das outras de mesmo modelo e variando conforme especificação do fabricante.

 

Adjuvantes são produtos inertes adicionados à calda de pulverização, que tem como objetivo aumentar a eficiência biológica dos ingredientes ativos, melhorando a aderência sobre a superfície foliar do ingrediente ativo (Ozeki, 2006).

Os adjuvantes podem influenciar o desempenho de uma ponta de pulverização, pois estes podem promover alterações físico-químicas na calda influenciando o tamanho de gotas formada (CARBONARI et al., 2005; DE RUITER, 2002), que resultará na variação da deriva formada após a pulverização. A adição de adjuvantes e a variação da pressão de trabalho, em função da alteração da rotação da tomada de potência, modificam a uniformidade da distribuição da calda.

 

Este trabalho teve como objetivo avaliar alterações da vazão de aplicação, em função da variação da rotação da tomada de potência e utilização de adjuvantes.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram realizados dois experimentos em nível de campo na Fazenda escola da Universidade Estadual de Londrina (FAZESC – UEL) localizada no município de Londrina- PR, a 23°22’ latitude Sul, 51°22’ longitude Oeste de Greenwich, com altitude de 580 m Utilizou-se um pulverizador tratorizado modelo Condor AM – 12, com capacidade de 600 litros, 12 metros de barra e bicos espaçados em 0.50m.

 

O delineamento utilizado nos dois experimentos foi inteiramente casualizado, em esquema fatorial de 2×3, sendo duas pontas de pulverização (Hypro® GA 11002 e Hypro® GAT 1103) e três rotações na tomada de potência (486, 540 e 594 RPM) com calda composta somente por água, no primeiro experimento. Já no segundo experimento as mesmas duas pontas e três caldas de pulverização (Água, água + Silwet® (0,04% v v-1) e água + LI 700® (0,15% v v-1), na rotação de 540 RPM na tomada de potência do trator (Massey 275).

 

As alterações da vazão foram estimadas através da medida do líquido pulverizado pelas pontas estudadas em quatro repetições. As coletas foram realizadas por um período de 60 segundos, com auxílio de recipientes de polietileno com capacidade de 5 litros, e posterior pesagem dos mesmos. Foi realizada análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

Quando no primeiro experimento foram comparadas as vazões das duas pontas de pulverização nas três rotações de trabalho da TDP e calda composta somente por água, oi possível observar diferença significativa entre elas (figura 1).

Como esperado, a vazão aumentou  nas duas pontas estudadas em função do aumento das rotações da TDP, sendo que na rotação de 594 RPM foi onde as duas pontas apresentaram as maiores vazões, com médias de 0.790 L min-1para a ponta GA 110 02 e 1.321 L min-1 para a ponta GAT 110 03. Esse resultado foi devido à variação da pressão consequente das alterações das rotações da TDP, corroborando com Freitas et al. 2005, que nos mostra que reduções ou aumentos de volume de calda podem ser alcançados por meio do aumento ou diminuição da pressão de trabalho.

FIGURA 1. Vazões das pontas GA 110 02 e GAT 110 03 nas diferentes rotações da TDP utilizadas no segundo experimento e calda de água.

No segundo estudo, quando comparadas as duas pontas estudadas nos diferentes tipos de caldas o comportamento das pontas diferiu (figura 2). Quando comparamos as vazões nos três tipos de caldas para a ponta GA 11002, todas apresentaram diferença significativa entre si, sendo que a calda com água + LI 700® apresentou a maior vazão, com média de 0.744 l min-1.

 

Já a calda de água + Silwet® apresentou a menor vazão, com média de 0.681 L min-1. Quando observamos as diferentes caldas na ponta GAT 11003 a vazão da água diferiu significativamente do tratamento de água + Silwet®, apresentando maior média (1.201 L min-1). Já o tratamento de água + LI 700® não diferiu dos outros tratamentos. Segundo Christofoletti (1999), o tamanho de gotas depende das propriedades do liquido pulverizado (calda) e do tipo de bico  utilizado, influenciando na vazão das pontas, o que justifica o comportamento apresentado neste trabalho.

 

FIGURA 2. Vazões das pontas GA 110 02 e GAT 110 03 nas diferentes caldas utilizadas no segundo experimento com rotação fixa de 540 RPM na TDP.

Quando comparamos as vazões das duas pontas estudadas nos dois experimentos elas se diferem estatisticamente devido a serem naturalmente de vazões distintas (02 e 03).

CONCLUSÕES

Há variação da vazão, em função da rotação da TDP, independente da ponta utilizada. Já para a mesma rotação a alteração da vazão, depende da calda e do tipo de ponta utilizada.

AGRADECIMENTO:

A fazenda escola da Universidade Estadual de Londrina (FAZESC – UEL) por ceder os equipamentos para a realização do trabalho.

REFERÊNCIAS

AZEVEDO, L. A. S. Fungicidas protetores: fundamentos para o uso racional. Sao Paulo, 2003. 320p.

BAUER, F. C.; RAETANO, C. G. Distribuição volumétrica de calda produzida pelas pontas de pulverização XR, TP e TJ sob diferentes condições operacionais. Planta Daninha, Viçosa, v. 22, n. 2, 275-284, 2004.

CARBONARI, C. A; MARTINS D.; MARCHI S. R.; CARDOSO L. R. Efeito de surfatantes e pontas de pulverização na deposição de calda de pulverização em plantas de grama-seda. PlantaDaninha, v. 23, n. 4, p. 725- 729, 2005.

CHRISTOFOLETTI, J. C. Considerações sobre a deriva nas pulverizações agrícolas e seu controle. São Paulo: Teejet outh América, 1999. 15 p.

DE RUITER, H. Developments in adjuvant use for agrochemicals. MedFac Landbouww University Gent, v. 67, n. 2, p. 19-25, 2002.

FREITAS, F. C. L., TEIXEIRA, M. M., FERREIRA, L. R., FERREIRA, F. A., MACHADO, A. F. L., & VIANA, R. G. et al. Distribuição volumétrica de pontas de pulverização turbo teejet 11002 em diferentes condições operacionais. Planta Daninha, 2005.

MATUO, T. Técnicas de aplicação de defensivos agrícolas. Jaboticabal, FUNEP, 1990. 139p.

MILLER, P. C. H.; BUTLER ELLIS, M. C. Efects of formulation on spray nozzle performance for applications from ground-based boom sprayers. Crop Protection, Guildford, v. 19, p. 609-615, 2000.

OZEKI, Y. Manual de aplicação aérea. São Paulo: Y. Ozeki, 2006. 101 p.

Informações do autores:     

1 Engenheiro Agrônomo, Mestrando em Agronomia, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Estadual de Londrina, Londrina/PR – Brasil;

Engenheiro Agrônomo, Mestrando em Agronomia, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Estadual de Londrina, Londrina/PR;

Engenheiro Agrônomo, Doutorando em Agronomia, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Estadual de Londrina, Londrina/PR;

Graduando em Agronomia, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Estadual de Londrina, Londrina/PR;

Engenheiro Agrônomo, Professor Associado, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Estadual de Londrina, Londrina/PR.

Disponível em: Anais do VIII Simpósio Internacional de Tecnologia de Aplicação – SINTAG, Campinas  – SP,

 

Brasil.

 

Fonte: Mais Soja

 

 

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