21 dez de 2017
Brasil – Agropecuária – ILPF impulsiona produção de carne em Mato Grosso

Pesquisa mostra que o modelo de integração aumenta em até dez vezes a produção média em arrobas/ha no Estado.

Renato Villela

A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) é o sistema de produção que garante os maiores ganhos em arroba por hectare. Essa é a conclusão de uma pesquisa que comparou quatro modelos produtivos: pecuária tradicional, Integração Lavoura-Pecuária (ILP) e Integração Pecuária-Floresta (IPF), além da própria ILPF. O estudo mostrou que o modelo de produção que contempla o componente arbóreo pode alcançar, com um pequeno incremento de adubação da pastagem e baixos níveis de suplementação proteica, mais de 40 arrobas/ha/ano, o que representa uma produtividade dez vezes superior à média do Estado do Mato Grosso, que é de 4 arrobas/ha/ ano.

 

O trabalho foi conduzido pela Embrapa Agrossilvipastoril em parceria com a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), que financiou parte dos custos do experimento, e Associação dos Criadores do Norte de Mato-Grosso (Acrinorte), que cedeu os animais.

 

Salto com tecnologia

A partir do ano passado, a suplementação alimentar dobrou (0,2% do peso vivo), assim como a adubação (100 kg de NPK/ha). O aporte maior de tecnologia refletiu consideravelmente nos sistemas de produção. Numa primeira olhadela para os números, chama a atenção o acréscimo de produtividade na área exclusiva de pastagem, que pulou dos 18,7 @/ha para 30,1@/ha, na avaliação realizada entre julho de 2016 e julho deste ano.

 

“Isso mostra que a pecuária tradicional, quando bem feita, traz resultados extraordinários”, diz Bruno Pedreira, pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril e um dos coordenadores do trabalho. No caso da ILPF, o salto também foi grande. A produtividade de carne atingiu 40,6 @/ha, montante 30% superior às 30 @ de média produzidas nos demais sistemas de integração

 

Outro dado que não passa despercebido é o da produtividade de carne na ILP, que ficou muito aquém do esperado e igualou-se, nessa segunda fase, ao resultado obtido no sistema exclusivo de pecuária, com 30,1@/ha. Talvez você estranhe este número. Os pesquisadores também estranharam. “Havia uma expectativa de produtividade muito maior na Integração Lavoura-Pecuária, mas que não se concretizou”, diz Pedreira. Segundo o pesquisador, essa área sofreu com a cigarrinha nos primeiros meses deste ano. O ataque da praga, explica, foi mais setido do que nas demais glebas.

 

Pedreira diz não ser possível afirmar com exatidão o porquê da predileção do inseto ao piquete da ILP – a área será acompanhada mais de perto nos próximos anos -, mas cita como contraponto a alta produtividade na ILPF. “Quanto mais componentes tiver um sistema produtivo, mais equilibrado ele será, inclusive com a presença de outros insetos que podem promover o controle biológico de pragas”, afirma.

 

Ganho por área

A maior disponibilidade de forragem aliada ao aumento da suplementação no segundo ano fez o ganho de peso médio diário crescer aproximadamente 100 g por animal nos quatro sistemas avaliados. Não houve, entretanto, diferença estatística no ganho de peso entre eles, variando de 678 g a 777 g por dia. O que contribuiu para o aumento de produtividade na ILPF foi a maior capacidade de lotação do sistema, de 3,47 UA/ha (média anual), contra 3 UA/ha da IPF, 2,78 UA/ha da pecuária e 2,66 UA/ha da ILP.

 

“A ILPF traz maior ciclagem de nutrientes, melhoria do microclima, menor perda de água, dentre outras vantagens que favorecem a produção de forragem e, consequentemente, da taxa de lotação”, explica.

A despeito de o estudo comprovar a eficiência dos sistemas de integração em produzir mais carne por hectare, há um ganho que não está estampado nos números. É o que Pedreira chama de “poder de decisão”.

 

Ao diversificar as atividades econômicas, a integração permite que a fazenda atue de modo diferente no mercado, sem ficar refém de um único produto. “Se o preço do milho não está bom, por exemplo, o produtor pode optar por não vender nem estocar o grão, mas engordar bois no confinamento, agregando valor à sua produção. É dessa forma que muitos agricultores vão para a pecuária”, afirma. A pesquisa foi prorrogada até 2019. Os dados econômicos do estudo já foram gerados e serão avaliados em breve, segundo o pesquisador.

 

*Matéria publicada na edição 74 da Revista DBO

 

Fonte: Revista DBO
Oferecimento:
77 9 9926-6484 / 77 9 9979-1856