Com o objetivo de traçar um cenário atualizado sobre a agropecuária brasileira, retratando o seu contexto em nível de produção, estrutura e performance, o Censo Agropecuário, Florestal e Aquícola 2017, que está sendo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), completa seu primeiro mês de pesquisas. A expectativa nessa fase inicial de coleta de dados já foi atingida, com 1 milhão de estabelecimentos agropecuários visitados no país. A partir de agora e ao longo de cinco meses – até fevereiro de 2018 –, cerca de 20 mil recenseadores do IBGE executarão a mesma atividade em todas as unidades de produção nacional, estimadas em cerca de 5,3 milhões.
O Censo Agro é a principal e mais completa análise estatística e territorial sobre a produção agropecuária do Brasil. Com o resultado da pesquisa, torna-se possível fazer análises sobre reestruturações, ajustes e mudanças de processo no segmento, contribuindo assim para fomentar uma série de iniciativas no setor. São algumas delas: a avaliação de políticas públicas para redistribuição de terras; estudos sobre expansão das fronteiras agrícolas; potencialização da produção com tecnologias. Além da obtenção de mais informações sobre indicadores ambientais, unidades de conservação ambiental, terras indígenas, bacias hidrográficas, biomas, assentamentos fundiários e áreas remanescentes de quilombos, por exemplo.
A Coordenadora Operacional de Censos, Maria Vilma Sales Garcia, ressalta que as diferenças entre as regiões de um país continental como o Brasil são as maiores dificuldades no planejamento e na execução de uma pesquisa desta proporção. “A diversidade regional torna tudo mais complicado. É muito mais fácil entrevistar estabelecimentos da região Sudeste, como no Rio de Janeiro ou São Paulo. Visitar municípios no Amazonas, Pará, exige mais disponibilidade porque as formas de acesso são muito mais complexas. No Norte, você precisa alugar barco ou avião, tem as áreas indígenas, onde há conflitos de terra. A dificuldade maior é mesmo a diversidade geográfica”, explica a responsável pela operação do Censo, que envolveu a contratação de mais de 26 mil pessoas.
São incluídos no Censo, independentemente de seu tamanho ou de estarem na área rural ou urbana, todos os estabelecimentos agropecuários brasileiros que abrangem uma unidade de produção ou exploração empenhada, total ou parcialmente, a atividades agropecuárias, florestais e aquícolas e cuja produção destina-se à venda ou à subsistência.
Identificação dos agentes
Cerca de 19 mil recenseadores são responsáveis por mapear 5.570 municípios do território nacional. Saber identificar esses recenseadores é fundamental para a eficiência do trabalho e segurança dos produtores visitados. Os agentes estão uniformizados com um colete azul-cobalto, onde há um crachá, além de portarem um DMC (Dispositivo Móvel de Coleta) para a coleta dos dados, feita por meio de um questionário.
No crachá, de fundo branco e localizado no lado esquerdo na altura do peito do colete, há foto do profissional, e logo abaixo, o QRcode, uma das novidades deste censo. Esse código permite, usando um celular, a leitura da criptografia, que é redirecionada ao site do IBGE para a checagem dos dados do agente pelo produtor. Também há no crachá o nome completo do recenseador, número da identidade, função, matrícula e validade do documento.
Igualmente importante é verificar se o recenseador tem em mãos o DMC, obrigatório para cumprir o questionário. É pelo dispositivo que serão registradas as informações dos estabelecimentos, assim como o georreferenciamento de cada propriedade.
Em caso de dúvida, a consulta da identidade do agente do IBGE também pode ser feita pelo endereço respondendo.ibge.gov.br e pelo telefone 0800 721 8181 (apenas por telefone fixo ou público). É importante se certificar da identificação do recenseador, assim como é fundamental contribuir respondendo corretamente as informações solicitadas na pesquisa.
Depois da coleta de dados, primeira etapa do trabalho, as informações são checadas por agentes censitários supervisores e agentes censitários regionais. Tudo feito numa plataforma online do IBGE, para evitar dados conflitantes e erros.
Antônio Florido, gerente técnico do Censo, ressalta a importância do IBGE ter um bom relacionamento com os produtores, pois são eles os responsáveis por fornecer os dados para a construção de estatísticas relevantes para a sociedade e o planejamento de políticas públicas. “O dado não é do IBGE, mas do informante. Quanto melhor a informação dada ao IBGE, melhor será a estatística que vai ser disponibilizada para a população. O IBGE não constrói dados, e sim a estatística com base no dado informado.”
O primeiro Censo Agropecuário feito no Brasil foi em 1920. Dezesseis anos mais tarde, nascia o IBGE, que passou a ser o responsável pela realização dos censos. De 1940 a 1970, eles foram feitos a cada dez anos e, depois, a cada cinco (1975, 1980 e 1985). Houve interrupção da pesquisa em 1990, que retornou em 1996. O último levantamento foi realizado em 2007.
Fonte: Revista Globo Rural